Evanglicos sem espetculo 1x2j4p

Li na edio de ontem de O Estado de S. Paulo (p. A12) na coluna "Viso Global" o artigo intitulado Evanglicos sem espetculo, de autoria de Nicholas D. Kristof, colunista do The New York Times. O artigo excelente. Escrito a partir do contexto estadunidense, mas facilmente compreensvel por leitores brasileiros evanglicos.

O mrito do artigo apresentar para o pblico no evanglico uma viso positiva dos evanglicos. No de todos, claro. O texto critica os evanglicos fundamentalistas polemitas que confundem as posies da extrema direita norte-americana com o evangelho de Jesus Cristo propriamente. No caso dos EUA, so criticados lderes ultra-fundamentalistas como Jerry Falwell e Pat Robertson. As posies extremas e fechadas ao dilogo destes, e de muitos outros lderes, desafortunadamente tm repercusso no Brasil. Para no poucos evanglicos brasileiros, inclusive alguns notadamente ilustrados, ser cristo adotar estas posturas radicais.

Mas a vem o que mais me agradou no texto de Kristof: um longo, bem elaborado e rasgado - e diga-se de agem, mais que merecido - elogio ao recentemente falecido telogo e pastor anglicano britnico John Stott, apresentado como exemplo de evanglico moderado e pensante. Kristof citou at trechos de "A cruz de Cristo", um dos melhores livros que Stott escreveu.

O artigo no foi uma rasgao de seda ou uma bajulao barata. Longe disto. Com justia, Kristof lembrou que Stott foi includo pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. O colunista lembrou ainda a sensibilidade de Stott para com os pobres, os desvalidos, os despossudos do mundo. Deu nfase ao aspecto cristocntrico e cristolgico dos livros de Stott, que sempre preferiu incentivar seus leitores a seguir o modelo de vida de Jesus a sair por "acenando com a ameaa das penas do inferno". Destacou a influncia de Stott em movimentos importantes, como "Sojourners", lidera da por Jim Wallis, entidade evanglica que trabalha pela justia social.

Na concluso de seu texto, Kristof lembra que nem todos os evanglicos do mundo so de mentalidade tacanha, polemista, beligerante e fechada. Citou Richard Cizik, lder da Nova Igreja Evanglica Parceria para o Bem Comum, que trabalha para denunciar e combater desde genocdios at mudanas climticas, que disse que Stott mostrou que ser evanglico no motivo de vergonha. De fato, Stott mostrou que possvel ser evanglico sem ser fundamentalista. Que bom que o mais importante e influente jornal dos Estados Unidos deu este destaque ao trabalho e influncia de John Stott, e que houve ressonncia em pelo menos um grande rotativo brasileiro.