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Opinio 3pp3w

Espiritualidade: contra ou a favor do corpo? 3w2e35

Desapareceu a doena, e ele ficou limpo. (Marcos 1.40-45)

A discusso de hoje refere-se integridade espiritual do crente. Paulo discutir com os cristos corntios o bom emprego da palavra espiritualidade. Quase sempre nos referimos a esta palavra pensando como os filsofos gregos, que imaginavam possvel um estado de perfeio do esprito somente quando o corpo no interfere na abstrao espiritual, fora do corpo e das realidades humanas. Quer dizer, o melhor estado espiritual aquele alcanado pela mortificao do corpo.

Os monges gregos, ainda no comeo da Idade Mdia, j diziam: o esprito para Deus, o corpo para o imperador (esprito nous, e soma corpo, no grego). Mas isto no corresponde ao pensamento bblico e paulino original, por exemplo1. Nenhuma escola rabnica, no tempo bblico apostlico, ensinaria tal coisa. Paulo foi instrudo na concepo judaica, embora fosse inevitvel a influncia e presses culturais do mundo helnico. O modelo de espiritualidade religiosa que prevaleceu no tem a ver com a revelao bblica, mas sim com uma religio pag do sculo 7 a.C., Religio rfica da Trcia. Desde os primeiros sculos da era crist essa concepo se tornou dominante no cristianismo, informa Renold Blank. At para as pessoas mais simples: o esprito tudo, o corpo no vale nada; o esprito valoriza o corpo e a matria degrada o esprito. A depreciao do corpo prossegue. Equivocadamente!

Sem fugir do foco da discusso, precisamos insistir que o modelo antropolgico dualista (esprito e corpo separados) tem suas razes numa cultura alheia do povo bblico original, conforme refletido no Primeiro Testamento. Uma discusso mais habilitada da teologia nos levar coragem para refinar conceitos que versam sobre o poder e a vida, e sobre o prprio corpo. A Bblia, por sua vez, no absorve essas razes culturais e ideolgicas de um cristianismo aculturado j distante das fontes apostlicas.

No h nada mais universal que o corpo. Ele cria o mundo e tudo quanto existe se organiza a partir dele. Tudo quanto o homem criou, seus instrumentos de trabalho, sua sociedade, seus valores, suas aspiraes, suas esperanas, seus mitos, sua linguagem, sua religio, suas ideologias, sua cincia, e qualquer outra coisa que se possa inventariar como surgida do homem ficou engendrado em meio luta pela sobrevivncia do corpo. justamente no centro, como fonte e razo de ser e existir, que est o corpo do homem. O corpo a origem do imperativo categrico de agir. O corpo o lugar fantstico onde mora, adormecido, um universo inteiro2.

Temos uma pgina bastante comum no evangelho de Marcos (1.40-45): Jesus no somente prega a respeito do corpo, mas tambm, de fato, o cura. Jesus associa palavras e atos. Suas aes trazem libertao, porm libertao integral, espiritual e corporal. Seu modo de expressar a religio professa solidariedade, compaixo, misericrdia, cuidado, amor libertador. So valores espirituais elevados muito acima da religiosidade sem sentimentos, catrtica, regulamentar, desencarnada. Jesus no pratica essa religio. Ao contrrio, combate o legalismo que impede a abertura para o outro, seu corpo ou a comunidade em si mesma. Para ele, amar libertar.

Essa, pois, a economia do corpo saudvel ou doente em questo, seguramente ligada a uma determinada forma de capital, prpria vida comercializada na medicina pblica e privada. Sob a sensibilidade de instrumentos especiais, uma espcie de GPS que perscruta as recentes visitas mdicas ou farmacolgicas ao corpo dos homens, mulheres, crianas, idosos, em meio a uma paisagem social devastada pela desigualdade. Especialmente no tratamento do corpo doente. Remodelando os contornos da medicina, da cidadania da sade, das raas e de outras formaes polticas, no temos mais que decidir entre uma interpretao materialista ou espiritualista desses desenvolvimentos3. Poucas atividades so to transparentes nas injustias e desigualdades na sociedade moderna.

A tica somtica e o capital tm se unido desde o nascimento. Com efeito, podendo a medicina e a seguridade colocar-se a servio da sade e da vida, onde a vida mesma atingiu tal importncia tica; onde as tecnologias para manter a vida e increment-la, podem representar a si mesmas. Muito mais destacada que a corrupta corrida por lucro e ganho individual. Seria possvel ao biocapital alcanar nossas economias de esperana, de imaginao e de cuidado com o homem e a sociedade? Nesse sentido, podemos afirmar que a tica pragmtica ou positiva, enquanto consente na capitalizao da vida, estando intrinsecamente ligada ao esprito do biocapital, expressa tanto na medicina pblica quanto na medicina privada, distancia-se do evangelho do Reino de Deus.

A concepo bblica refere-se ao ser total, que corpo, alma e esprito, finalmente. E isso no Segundo Testamento, porque no Primeiro os exegetas do sculo 19 j haviam descoberto que a palavra Esprito (pneuma, na Septuaginta) refere-se somente ao Esprito de Deus. O hebreu no conhece outra forma de identificar o ser humano seno atravs do corpo que alma e da alma que corpo (nephesh). Para ele, corpo e alma so indissociveis.

O ser humano o centro da pregao de Jesus, e isto se demonstra na ordem do mundo a partir do ponto de vista daqueles que no tm o poder. Eles so o centro da vida. Por isso, quando descubro que sou eu o centro, homem indivisvel, ser humano, desautorizo-os, e o a ser um perigo para os comandantes do mundo. No existe objetividade no poder. Se houvesse, no haveria problemas em permitir falar da realidade com realismo. Somos o que somos porque somos um corpo. Meu corpo parte de outros corpos, na igreja, na comunidade, na sociedade, ensinou Rubem Alves.

Paulo prossegue nesta linha: quer comam ou bebam, ou que faam qualquer outra coisa, faam tudo para a glria de Deus. No s as atividades religiosas tradicionais tm a ver com a espiritualidade concreta do corpo, mas o comum do cotidiano de cada um e de todos: ...porque ns, embora muitos, somos um s corpo (1 Co 10.17; 10.31-11). Esse acrscimo identifica outros aspectos, como os que envolvem a comunidade, a sociedade e o crente.

Notas:
1. E.Ksemann.
2. Rubem Alves, citao: J.J.Tancara.
3. Nikolas Rose.

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Abraando e reabraando a santidade do corpo e da mente
pastor emrito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como Pedagogia da Ganncia" (2013) e "O Drago que Habita em Ns (2010).
  • Textos publicados: 94 [ver]

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