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05 de outubro de 2016
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Em busca de proteo para missionrios e agncias missionrias 6p6v46

Deixaram o conforto de uma comunidade cheia de recursos, amigos, familiares, e seguiram para aquele novo desafio: iniciar uma igreja. O sustento viria atravs das contribuies dos amigos e da igreja, que enviariam os recursos para a conta da Agncia Missionria que os recrutou e treinou.
Como de praxe, um percentual das doaes era usado pela Agncia Missionria para cobrir despesas istrativas.
No primeiro ano as coisas fluram bem. Mas a partir do segundo ano as contribuies comearam a diminuir. Maria engravidou, e o oramento j estava bem apertado. As Cartas de Orao enviadas por Jos e Maria j no surtiam o mesmo efeito. A liderana da igreja que os enviara j no era a mesma. O antigo pastor foi para um outro ministrio e o seu substituto sequer conhecia o casal e no tinha tanto apreo pela obra missionria.
Alguns dos mantenedores originais mudaram de emprego e j no estavam em condies de continuar contribuindo financeiramente. Os familiares de Jos e Maria comearam a enviar recursos para socorrer o dedicado casal de missionrios. Com o nascimento do segundo filho, o casal teve que fazer um emprstimo bancrio para custear as despesas da famlia. Em funo desse quadro no conseguiam manter o foco no ministrio. Os lderes da Agncia Missionria que os recrutara insistiam para que conseguissem novos doadores e atingissem as metas previamente estabelecidas, do contrrio teriam que deixar o campo missionrio e voltar para sua cidade natal a fim de levantar o sustento. Trs anos se aram e Jos e Maria tiveram que voltar. Metade do grupo de mantenedores deixou de fazer sua contribuio mensal. O departamento missionrio da igreja informou que manteria a contribuio por 6 meses, Naquela fase difcil Jos teve um atrito com o diretor executivo da Agncia Missionria qual estavam ligados e, por conta disso, foi desligado da Agncia. O novo pastor no quis se envolver, pois assumira o pastorado da Igreja depois que o casal foi para o campo.
Durante aqueles 3 anos no campo missionrio Jos e Maria no tiraram frias, no receberam o 13 salrio e no recolheram o FGTS. Desprovidos de quaisquer reservas financeiras venderam o carro para amortizar as dvidas e foram morar na casa dos pais de Maria, at que pudessem encontrar um novo caminho.
O relato acima uma narrativa ficcional, mas seguramente remete a uma experincia muita prxima de situaes vividas por missionrios na vida real. Em todos os lugares h pessoas que sabem da histria de algum conhecido, que tenha ado por uma situao semelhante.
Muitas pessoas tm sido mobilizadas e enviadas ao Campo Missionrio, e damos graas a Deus por isso. No entanto h uma outra realidade, muitas vezes vivida em silncio, que merece a ateno de todos que promovem, diretamente ou indiretamente, o trabalho missionrio.
Ainda que o relato seja fictcio ele reflete a experincia vivida por muitos que foram para o Campo Missionrio. Partindo dessa premissa, surge a pergunta: afinal, qual era a natureza do vnculo que havia entre Jos e Maria, a Igreja e a Agncia missionria? De quem era a responsabilidade pela manuteno daquela famlia?
De que forma o missionrio pode ter uma proteo maior para si, e sua famlia, no apenas durante sua carreira missionria, mas tambm, no processo de retorno ao pas ou sua cidade de origem?
A presente reflexo tem como objetivo chamar a ateno para essa questo que, via de regra, pouco debatida. Embora complexo esse debate inevitvel. Deveria o missionrio ser enquadrado como um trabalhador e ter seu trabalho alcanado pelas obrigaes impostas ao empregador, nos moldes das Leis Trabalhistas vigentes?
Essas questes merecem a ateno de todos que, direta ou indiretamente, esto envolvidos com a obra missionria, exigindo um esforo conjunto de executivos de misses, pastores, missionrios e candidatos obra missionria. Como ponto de partida, que tal a incluso de seminrios ou espaos para a discusso do tema nas consultas missionrias realizadas no pas? Precisamos abordar o assunto e oferecer parmetros mais claros para o trabalho e a devida responsabilizao das partes envolvidas.
Sabemos da importncia histrica das Agncias Missionrias para o avano da Obra de Deus ao redor do mundo. E conhecemos os dramas e dificuldades experimentadas por muitos missionrios. Certa vez ouvimos o seguinte de uma pessoa que se dedicou obra missionria por muitos anos: ns sonhamos, nos dedicamos, e nos sacrificamos para ajudar as organizaes a crescerem, mas quando mais precisamos dessas mesmas organizaes descobrimos que elas no tem nenhum sonho para ns.
H muitas perguntas a serem feitas e a falta de consenso sobre esse tema no tem permitido grandes avanos. Enquanto isso missionrios continuam sendo recrutados e enviados. Certamente o desejo de todos que a Igreja seja conhecida como aquela que cuida (de verdade) de seus enviados, bem como de suas famlias.
Robson Ramos, advogado, autor do livro Evangelizao no Mercado Ps Moderno (Editora Ultimato). Bacharel em Teologia pela Faculdade Teolgica Batista de SP, foi missionrio da Aliana Bblica Universitria (ABU) nos EUA e no Brasil por 16 anos, com experincia em projetos missionrios no Leste Europeu e Norte da frica. Foi tambm, por 9 anos, diretor executivo da Sociedade Bblica Internacional, que publicou a Bblia NVI Nova Verso Internacional. Atualmente reside em Balnerio Cambori, SC.
Otvio Fernando de Vasconcellos, advogado, militante no campo do Direito do Trabalho e Previdencirio. Estudante do curso de Bacharel em Teologia pela Faculdade Latino Americana de Teologia Integral FLAM. Reside em Marlia, SP.
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