Crise abre possibilidade de mudana de paradigma 4m2y22

(ALC) A crise instalada no mundo abre a possibilidade de discusso de alternativas de ordem social e econmica da sociedade, de redefinio do Estado e, inclusive, de organizao do trabalho e da forma como as pessoas conseguem garantir a sua sobrevivncia, pois ela questiona as instituies e a poltica vigente.

A perspectiva do professor Dari Krein, docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), destacando, em entrevista ao Instituto Humanistas (IHU) da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), que o enfrentamento da crise abre a possibilidade de defesa de polticas que at h pouco tempo no eram nem ouvidas.

A crise, analisou, pode significar a superao do fim de um padro de funcionamento da economia mundial e o esgotamento de um modelo de desenvolvimento e de globalizao neoliberal. necessrio construir alternativas concretas frente a este modelo baseado na especulao financeira e na destruio de empregos e renda, disse.

O economista e professor da Universidade de Campinas, Waldir Quadros, frisou que tanto por razes ambientais como sociais a crise da bolha financeira abre a possibilidade histrica para a redefinio das bases do padro capitalista de desenvolvimento.

Na avaliao do responsvel pelo Departamento de Condies de Trabalho e Relaes Profissionais (Dares), Thomas Coutrot, da Frana, a crise global deixou bvio o que os economistas crticos, seja de vertente marxista ou keynesianos, vinham dizendo h anos: a globalizao financeira favoreceu uma transferncia macia de riquezas em detrimento da classe trabalhadora e em prol das classes rentistas.

A crise resultado de um endividamento dos consumidores, para tornar possvel o aumento do consumo e a manuteno do crescimento econmico. O crescimento desigual e a gerao de empregos precrios, que foram as marcas registradas da poca neoliberal, agora se acabaram, comprovando o que j sabamos: a longo prazo no se gera emprego sem distribuio equitativa de renda, disse Coutrot ao IHU.

Agora momento dos movimentos sociais serem criativos, mostrando outras maneiras de se fazer economia, como o caso das conquistas da economia solidria.

O economista francs Alain Lipietz, do Partido Verde e deputado europeu, apontou, na entrevista ao IHU, que a crise internacional est apenas comeando, porque ela extrapola a crise financeira que teve incio no ano ado, uma vez que a crise instalada , em primeiro lugar, social e ecolgica.

Na anlise de outra sa, a sociloga Dominique Meda, a crise revela a natureza do desenvolvimento da sociedade neoliberal, centrado na busca exclusiva de lucro em curto prazo, sem nenhuma considerao das externalidades ou da maneira pela qual o processo aumentava as desigualdades ou suprimia o capital natural.

Ela recomendou, na entrevista ao IHU, que a humanidade leve absolutamente a srio as regras ambientais e pense num tipo de desenvolvimento possvel. preciso mudar o raciocnio, inverter a perspectiva, compartilhar os objetivos de nossas sociedades: no se preocupar tanto com um grande PIB, mas deixar para os nossos filhos um mundo habitvel, aconselhou Meda.

Fonte: www.alcnoticias.org


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