Conto de graa 6z456q

Minhas filhas e eu partimos apressadas ao encontro de minha irm, tomando a estrada naquela manh morna de sbado, com o cu azul sem nuvens por companhia.

Tnhamos 80 quilmetros pela frente. Depois de rodarmos metade do caminho, um frio glido percorreu minha espinha: eu havia esquecido os documentos do carro em casa. E como desgraa pouca bobagem, esquecera tambm todos os meus documentos pessoais.

As meninas perceberam meu semblante angustiado. Todas partilhamos da mesma angstia quando lhes contei o que ocorrera.

A viagem que tinha tudo para ser um tempo agradvel de conversa e distrao, tornara-se agora um espao de silncio constrangedor. Silncio fruto do medo de que a transgresso fosse descoberta e punida. Dito e feito.

Poucos minutos depois, um guarda rodovirio fez o sinal caracterstico de parar o carro.

Meu corao quase saltou pela boca. Olhando pelo retrovisor, constatei o olhar de pavor das meninas e tentei com todas as foras manter a calma. Por que justamente hoje, meu Deus, ser parada na estrada?

O guarda, com a face carrancuda, foi direito ao assunto: Documentos, por favor. Alguns segundos de silncio e a resposta inevitvel: Seu guarda... o seguinte: esqueci TODOS os documentos em casa. Pessoais e do carro. Mais alguns segundos de silncio.

Nesses instantes que pareceram uma eternidade, viajei no pensamento. Qual seria o desfecho do episdio? Apreenso do carro? Fim da viagem? Voltar para casa como? E as despesas decorrentes de multas?

Encarei o guarda nos olhos, e disse: Seu guarda, sei que estou errada, mas no foi minha inteno... lamento profundamente o fato de no ter os documentos comigo... por favor, me desculpe!.

Mais um pouco de silncio.

Por fim, com voz firme e forte, o guarda deu o veredicto: Siga adiante, senhora. Mal pude acreditar no que ouvi.

Agradecendo rapidamente, sem coragem de olh-lo nos olhos, liguei o carro e segui viagem. Foi como se o mundo tivesse sido retirado de meus ombros. Embalada pelo ritmo leve e suave da graa.


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