Opinio 3pp3w
06 de maro de 2009
- Visualizaes: 5983
6 comentrio(s)
- +A
- -A
-
compartilhar
As denominaes como expresses do pecado 1418s
Robinson Cavalcanti
Gostaria de fazer um desafio ao leitor: pegue sua Bblia, leia todo o Antigo Testamento, e, a seguir, todo o Novo Testamento, fazendo-o com a mxima ateno. Procure o termo e o conceito de denominao como emprestado atualmente mirade de organizaes religiosas da cristandade. Sabe qual ser o resultado? Completamente nulo, porque voc no encontrar qualquer referncia. No h qualquer base bblica para esse termo e esse conceito. Ele extrabblico e, o que mais grave, antibblico.
Agora, lhe fao um segundo desafio: procure nos textos dos pais apostlicos, dos pais da Igreja, dos conclios da Igreja Indivisa, dos conclios, snodos e telogos dos sculos posteriores. Avance um pouco mais e procure nos pr-reformadores, nos reformadores e nas confisses de f da Reforma Protestante do sculo 16. Depois, avance mais uns dois sculos, at os pensadores mais importantes do cristianismo no Ocidente e no Oriente. Debalde. Voc no encontrar nenhuma instituio ou autor usando o termo ou o conceito de denominao. Esse no um conceito histrico, no sentido de pertencer tradio viva da Igreja, que lhe serve de base para a sua identidade.
Apesar de no ser um termo bblico ou histrico (e de ferir a Bblia e a tradio), hoje todos o empregam numa boa. As denominaes esto por a, e a cada dia surgem novas, com os nomes mais exticos: do Cuspe de Cristo ao Poleiro dos Anjos. Tudo isso tido como normal ou pelo menos inevitvel por grande parte dos cristos, que apoiam ou so indiferentes a essa trgica realidade de um corpo de Cristo dilacerado.
As denominaes comeam a surgir nos Estados Unidos no sculo 18, crescem no sculo 19 (quando comeam a ser exportadas pelo movimento missionrio), e fazem escola pelo mundo afora, no que poderamos chamar de denominacionalismo. No Brasil essa proliferao , principalmente, um fenmeno do final do sculo 20 e incio do sculo 21.
Em seus primrdios norte-americanos, o fenmeno est associado ao individualismo burgus e ao empreendedorismo capitalista, poca em que o contedo teolgico a a ter uma importncia inferior aos aspectos meramente humanos, tais como o sociolgico, o jurdico, o istrativo etc. Esse fenmeno aparentemente religioso cada vez mais assemelhado ao mundo corporativo. Seis pessoas e uma ata registrada so o suficiente para se criar uma denominao em alguns estados norte-americanos. algo mais para o SEBRAE do que para o Esprito Santo (dispensvel nos planejamentos estratgicos). Por fim, chegamos ao tempo das pequenas igrejas, grandes negcios!.
claro que l j se criavam denominaes por divises raciais ou de imigrao, como as de negros, de brancos, de ndios, de alemes, de suecos ou de escoceses. A livre iniciativa (livre empresa) permite todo tipo de combinao self-service, em termos de doutrinas e costumes, em um amplssimo cardpio, a gosto de todos os fregueses.
Historicamente, por trs do fenmeno denominacionalista est o predomnio do congregacionalismo nos primrdios da colonizao, propcio aos rancheiros ou cowboys solitrios, com o lema cada um por si e Deus por todos. Congregacionalismo herdeiro do anabatismo, de um lado, e do puritanismo, do outro. Algum disse que nos Estados Unidos, no importa se a igreja se chama congregacional, presbiteriana ou episcopal; todas so, na prtica, congregacionais.
E chegamos ao final do sculo 16 e primrdios do sculo 17, quando o individualismo capitalista burgus j se firma na velha Europa, tendo como uma de suas expresses a Reforma Radical, com a teoria da apostasia geral da Igreja em sua histria, desde Constantino (ou da morte do apstolo Joo) at 31 de outubro de 1517, quando o Esprito Santo teria entrado em prolongado recesso, e tudo o que foi feito na Igreja no teria valor, ou seria errado. Essa negao da histria, a pretenso de reescrev-la de trs para frente, uma viso idealizada da igreja primitiva, e uma concepo eclesiolgica localista desguam em uma leitura neoplatnica, idealista, de uma igreja invisvel que quando aparece localizada pode assumir qualquer nome, pode se denominar de qualquer maneira.
necessrio distinguir denominao de seita ou de igreja ou de ramo histrico.
A histria deu muitas voltas, a Bblia foi para o espao, a tradio como consenso dos fiis, idem.
O que restou foi o afastamento do projeto original, o humano, o pecaminoso, a ser atacado, nessa quadra da Quaresma, pela pedagogia do saco e da cinza. Diante do denominacionalismo somente nos resta o rasgar das vestes! Senhor, tem piedade de ns!

Agora, lhe fao um segundo desafio: procure nos textos dos pais apostlicos, dos pais da Igreja, dos conclios da Igreja Indivisa, dos conclios, snodos e telogos dos sculos posteriores. Avance um pouco mais e procure nos pr-reformadores, nos reformadores e nas confisses de f da Reforma Protestante do sculo 16. Depois, avance mais uns dois sculos, at os pensadores mais importantes do cristianismo no Ocidente e no Oriente. Debalde. Voc no encontrar nenhuma instituio ou autor usando o termo ou o conceito de denominao. Esse no um conceito histrico, no sentido de pertencer tradio viva da Igreja, que lhe serve de base para a sua identidade.
Apesar de no ser um termo bblico ou histrico (e de ferir a Bblia e a tradio), hoje todos o empregam numa boa. As denominaes esto por a, e a cada dia surgem novas, com os nomes mais exticos: do Cuspe de Cristo ao Poleiro dos Anjos. Tudo isso tido como normal ou pelo menos inevitvel por grande parte dos cristos, que apoiam ou so indiferentes a essa trgica realidade de um corpo de Cristo dilacerado.
As denominaes comeam a surgir nos Estados Unidos no sculo 18, crescem no sculo 19 (quando comeam a ser exportadas pelo movimento missionrio), e fazem escola pelo mundo afora, no que poderamos chamar de denominacionalismo. No Brasil essa proliferao , principalmente, um fenmeno do final do sculo 20 e incio do sculo 21.
Em seus primrdios norte-americanos, o fenmeno est associado ao individualismo burgus e ao empreendedorismo capitalista, poca em que o contedo teolgico a a ter uma importncia inferior aos aspectos meramente humanos, tais como o sociolgico, o jurdico, o istrativo etc. Esse fenmeno aparentemente religioso cada vez mais assemelhado ao mundo corporativo. Seis pessoas e uma ata registrada so o suficiente para se criar uma denominao em alguns estados norte-americanos. algo mais para o SEBRAE do que para o Esprito Santo (dispensvel nos planejamentos estratgicos). Por fim, chegamos ao tempo das pequenas igrejas, grandes negcios!.
claro que l j se criavam denominaes por divises raciais ou de imigrao, como as de negros, de brancos, de ndios, de alemes, de suecos ou de escoceses. A livre iniciativa (livre empresa) permite todo tipo de combinao self-service, em termos de doutrinas e costumes, em um amplssimo cardpio, a gosto de todos os fregueses.
Historicamente, por trs do fenmeno denominacionalista est o predomnio do congregacionalismo nos primrdios da colonizao, propcio aos rancheiros ou cowboys solitrios, com o lema cada um por si e Deus por todos. Congregacionalismo herdeiro do anabatismo, de um lado, e do puritanismo, do outro. Algum disse que nos Estados Unidos, no importa se a igreja se chama congregacional, presbiteriana ou episcopal; todas so, na prtica, congregacionais.
E chegamos ao final do sculo 16 e primrdios do sculo 17, quando o individualismo capitalista burgus j se firma na velha Europa, tendo como uma de suas expresses a Reforma Radical, com a teoria da apostasia geral da Igreja em sua histria, desde Constantino (ou da morte do apstolo Joo) at 31 de outubro de 1517, quando o Esprito Santo teria entrado em prolongado recesso, e tudo o que foi feito na Igreja no teria valor, ou seria errado. Essa negao da histria, a pretenso de reescrev-la de trs para frente, uma viso idealizada da igreja primitiva, e uma concepo eclesiolgica localista desguam em uma leitura neoplatnica, idealista, de uma igreja invisvel que quando aparece localizada pode assumir qualquer nome, pode se denominar de qualquer maneira.
necessrio distinguir denominao de seita ou de igreja ou de ramo histrico.
A histria deu muitas voltas, a Bblia foi para o espao, a tradio como consenso dos fiis, idem.
O que restou foi o afastamento do projeto original, o humano, o pecaminoso, a ser atacado, nessa quadra da Quaresma, pela pedagogia do saco e da cinza. Diante do denominacionalismo somente nos resta o rasgar das vestes! Senhor, tem piedade de ns!
Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Poltica teoria bblica e prtica histrica e A Igreja, o Pas e o Mundo desafios a uma f engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
- Textos publicados: 29 [ver]
06 de maro de 2009
- Visualizaes: 5983
6 comentrio(s)
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- A bno de ter avs e de ser avs
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- Adolescncia: No preciso uma segunda temporada
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- F, transformao social e incluso vida e obra de Jos de Souza Marques
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Paul Tournier e a Bblia
- Ser ou no ser me: eis a questo
- Filme Jesus traduzido para a 2.200 lngua, o Bouna
- 29 Mutiro Mundial de Orao por crianas e adolescentes socialmente vulnerveis chegou!