Notcias 53364p
25 de maio de 2012
- Visualizaes: 3038
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
Apenas uma em cada sete crianas e adolescentes que vivem em abrigos pode ser adotada f7060
(Agncia Brasil) Em uma ampla sala colorida, cercado por cuidadoras, um grupo de seis bebs, com 6 meses de idade em mdia, divide o mesmo espao, brinquedos e histrias de vida. Todos eles vivem em uma instituio de acolhimento enquanto aguardam que a Justia defina qual o seu destino: voltar para a famlia biolgica ou ser encaminhados para adoo. A realidade das 27 crianas que moram no Lar da Criana Padre Ccero, em Taguatinga, no Distrito Federal (DF), repete-se em outras instituies do pas. Enquanto aguardam os trmites judiciais e as tentativas de reestruturao de suas famlias, vivem em uma situao indefinida, espera de um lar. Das 39.383 crianas e adolescentes abrigadas atualmente, apenas 5.215 esto habilitadas para adoo. Isso representa menos de 15% do total, ou apenas um em cada sete meninos e meninas nessa situao.
Aprovada em 2009, a Lei Nacional da Adoo regula a situao das crianas que esto em uma das 2.046 instituies de acolhimento do pas. A legislao enfatiza que o Estado deve esgotar todas as possibilidades de reintegrao com a famlia natural antes de a criana ser encaminhada para adoo, o que visto como o ltimo recurso. A busca pelas famlias e as tentativas de reinserir a criana no seu lar de origem podem levar anos. Juzes, diretores de instituies e outros profissionais que trabalham com adoo criticam essa lentido e avaliam que a criana perde oportunidades de ganhar um novo lar.
um engodo achar que a nova lei privilegia a adoo. Em vez disso, ela estabelece que compete ao Estado promover o saneamento das deficincias que possam existir na famlia original e a nfase se sobressai na colocao da criana na sua famlia biolgica. Com isso, a lei acaba privilegiando o interesse dos adultos e no o bem-estar da criana, avalia o supervisor da Seo de Colocao em Famlia Substituta da 1 Vara da Infncia e da Juventude do DF, Walter Gomes.
Mas as crticas em relao legislao no so unnimes. O juiz auxiliar da Corregedoria Nacional de Justia Nicolau Lupianhes Neto avalia que no h equvoco na lei ao insistir na reintegrao famlia natural. Para ele, a legislao traz muitos avanos e tem ajudado a tornar os processos mais cleres, seguros e transparentes. Eu penso que deve ser assim [privilegiar a famlia de origem], porque o primeiro direito que a criana tem nascer e crescer na sua famlia natural. Todos ns temos o dever de procurar a todo momento essa permanncia na famlia natural. Somente em ltimo caso, quando no houver mais soluo, que devemos promover a destituio do poder familiar, defende.
O primeiro o para que a criana possa ser encaminhada adoo a abertura de um processo de destituio do poder familiar, em que os pais podero perder a guarda do filho. Antes disso, a equipe do abrigo precisa fazer uma busca ativa para incentivar as mes e os pais a visitarem seus filhos, identificar as vulnerabilidades da famlia e encaminh-la aos centros de assistncia social para tentar reverter as situaes de violncia ou violao de direitos que retiraram a criana do lar de origem. Relatrios mensais so produzidos e encaminhados s varas da Infncia. Se a concluso for que o ambiente familiar permanece inadequado, a equipe indicar que o menor seja encaminhado para adoo, deciso que caber finalmente ao juiz.
Walter Gomes critica o que chama de obsesso da lei pelos laos sanguneos. Essa nfase acaba demonstrando um certo preconceito que est incrustado na sociedade que a supervalorizao dos laos de sangue. Mas a biologia no gera afeto. A lei acaba traduzindo o preconceito sociocultural que existe em relao adoo.
Uma das novidades introduzidas pela lei e que tambm contribui para a demora nos processos - o conceito de famlia extensa. Na impossibilidade de a criana retornar para os pais, a Justia deve tentar a reintegrao com outros parentes, como avs e tios. Luana* foi encaminhada ao Lar da Criana Padre Ccero quando tinha alguns dias de vida. A menina j completou 6 meses e ainda aguarda a deciso da Justia, que dever dar a guarda dela para a av, que j cuida de trs netos. A me de Luana, assim como a de vrios bebs da instituio, dependente de crack e no tem condies de criar a filha.
O chefe do Ncleo Especializado da Infncia e Juventude da Defensoria Pblica de So Paulo, Diego Medeiros, considera que o problema no est na lei, mas na incapacidade do Estado em garantir s famlias em situao de vulnerabilidade as condies necessrias para receber a criana de volta. Como defensoria, entendemos que ela muito mais do que a Lei da Adoo, mas o fortalecimento da convivncia familiar. O texto reproduz em diversos momentos a inteno do legislador de que a prioridade a criana estar com a famlia. Temos que questionar, antes de tudo, quais foram os esforos governamentais destinados a fortalecer os vnculos da criana ou adolescentes com a famlia, aponta.
Pedro* chegou com poucos dias de vida ao Lar Padre Ccero. A me o entregou para adoo junto com uma carta em que deixava clara a impossibilidade de criar o menino e o desejo de que ele fosse acolhido por uma nova famlia. Mesmo assim, aos 6 meses de vida, Pedro ainda no est habilitado para adoo. Os diretores do abrigo contam que a me j foi convocada para dizer, perante o juiz, que no deseja criar o filho, mas o processo continua em tramitao. Na instituio onde Pedro e Luana moram, h oito crianas cadastradas para adoo. Dessas, apenas duas, com graves problemas de sade, tm menos de 5 anos de idade.
Enquanto juzes, promotores, defensores e diretores de abrigos se esforam para cumprir as determinaes legais em uma corrida contra o tempo, a fila de famlias interessadas em adotar uma criana cresce: so 28 mil pretendentes cadastrados e apenas 5 mil crianas disponveis. Para a vice-presidenta do Instituto Brasileiro de Direito da Famlia, Maria Berenice Dias, os bebs abrigados perdem a primeira infncia enquanto a Justia tenta resolver seus destinos. Mesmo que eles estejam em instituies onde so super bem cuidados, eles no criam uma identidade de sentir o cheiro, a voz da me. Com tantas crianas abrigadas e outras tantas famlias querendo adotar, no se justifica esse descaso. As crianas ficam meses ou anos depositadas em um abrigo tentando construir um vnculo com a famlia biolgica que na verdade nunca existiu, critica.
*Os nomes foram trocados em respeito ao Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA)
Reprter: Amanda Cieglinski
Edio: Juliana Andrade e Llian Beraldo
25 de maio de 2012
- Visualizaes: 3038
comente!
- +A
- -A
-
compartilhar
QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k
Ultimato quer falar com voc.
A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.
PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.

Leia mais em Notcias 6l4o5d

Opinio do leitor 1t5dh
Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta
Para escrever uma resposta necessrio estar cadastrado no site. Clique aqui para fazer o ou seu cadastro.
Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.
Assuntos em ltimas 6ik57
- 500AnosReforma
- Aconteceu Comigo
- Aconteceu h...
- Agenda50anos
- Arte e Cultura
- Biografia e Histria
- Casamento e Famlia
- Cincia
- Devocionrio
- Espiritualidade
- Estudo Bblico
- Evangelizao e Misses
- tica e Comportamento
- Igreja e Liderana
- Igreja em ao
- Institucional
- Juventude
- Legado e Louvor
- Meio Ambiente
- Poltica e Sociedade
- Reportagem
- Resenha
- Sessenta +
- Srie Cincia e F Crist
- Teologia e Doutrina
- Testemunho
- Vida Crist
Revista Ultimato 5z423b
+ lidos 1s1q68
- Francisco, Samuel Escobar memria e honra
- Paul Tournier e a Bblia
- Os Jardins do den e a Sombra de Abel: uma jornada pela aposentadoria
- Abel e Zacarias: encontrando misso na aposentadoria avanada
- Gerao Z lidera reavivamento da igreja no Reino Unido
- Eu [quase] me arrependi de ter tido filhos
- Um panorama da distribuio da Bblia no Brasil nos ltimos 70 anos
- Bonhoeffer um comeo no fim
- O que a Bblia tem a dizer sobre os ODS e a COP30?
- Esperana utilizvel