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A poesia-teologia de Joo da Cruz 6s165r

Jorge Camargo

Sou um apaixonado por poesia, acho que j deu pra notar. Quando primeiro comecei a rabiscar minhas canes, no entanto, percebi o quanto estava longe de ser poeta. O tempo, por sua vez, como um autntico cupido, encarregou-se de aproximar-me de minha paixo.

Minhas primeiras melodias tinham como letras adaptaes de temas e de textos bblicos. Mais adiante, alguns parceiros mais experientes e competentes emprestaram seus talentos para juntos escrevermos melodia e letra.

E foi assim, at que pelos idos dos anos de 1990, trabalhando em uma instituio bancria, descobri uma biblioteca repleta de livros de poesia dos grandes nomes de nossa literatura que podiam ir e vir, pelas agncias, pelo malote. Pronto: semana sim, semana no, eu tinha um novo livro nas minhas mos e podia mergulhar nas guas profundas da imaginao e das novas descobertas.

Depois de alguns meses de leitura, comecei a escrever poesia compulsivamente. Nos guardanapos dos restaurantes, no trem do metr, no ponto de nibus. Desde ento, atrevo-me no a chamar-me de poeta, mas a dizer que minhas canes tm poesia.

E, como para todo aprendiz de poeta que se preze, Joo da Cruz (1542-1591), agraciado com o ttulo de Patrono dos Poetas Espanhis, nome obrigatrio em minha prateleira.

Dedicaria minha irao e respeito perenes a Joo s pelo ttulo que lhe foi concedido. Ele, no entanto, foi muito mais que um clebre poeta.

Sua vida dedicada f e seus escritos repletos de poesia da mais alta qualidade e de um contedo belo e perturbador tm influenciado milhares de pessoas em todo o mundo. Na ndia e no Oriente ele conhecido como "iogue por excelncia". Entre os jovens rebeldes e a gerao dos angustiados existenciais, ele visto como um caminho de superao do relativo. Os monges o procuram como o mestre que, com competncia, aponta o caminho para o mergulho no eterno. Lderes de vrias religies encontram nele uma referncia, uma sabedoria que explica os muitos fenmenos do esprito humano, que se aventura em busca da transcendncia.

Experimentei recentemente um exemplo claro da influncia de Joo da Cruz sobre a cultura espanhola. Minha mulher (doutoranda em arquitetura) e eu fomos almoar com o professor Horcio Capel, gegrafo espanhol em visita a So Paulo.

Natural de Mlaga, professor na universidade de Barcelona, orientador de mais de 80 teses de doutorado e licenciatura, doutor honoris causa por duas universidades e autor de mais de 300 publicaes, o professor Capel mostrou-se uma pessoa de rara doura e sensibilidade. No meio de nossa conversa, mencionei minha paixo pela obra de Joo da Cruz. Para minha surpresa, o renomado professor citou de cor um de seus versos mais conhecidos:

Adnde te escondiste,
Amado, y me dejaste con gemido?
Como el ciervo huiste,
habindome herido;
sal tras ti clamando, y eras ido.

No exemplo de vida de Joo, observa-se a sntese ideal entre contemplao e atividade, vida interior e vida exterior. Joo um mstico e um poeta que fala de teologia.

Joo, a exemplo de Teresa, destaca em sua obra o interior da alma como sendo o lugar de encontro entre aquele que busca e Aquele que se faz conhecer. Em oposio ao xtase, em Joo valoriza-se o nstase, o entrar dentro de si, despojar-se de si cada vez mais e, nesse despojamento, conseguir-se a total liberdade do corpo e a completa nudez do esprito.

como a imagem da janela e do sol. Deus como o sol, que se d a todos indistintamente. Cada um de ns, por sua vez, como uma janela. Alguns possuem uma cortina muito grossa que no permite que o sol entre. Uns tm a janela suja, outros a janela empoeirada. Outros ainda tm na janela uns vos que permitem ao sol entrar s aos pedaos. Limpar a janela no muda a sua natureza. Na janela que est limpa, no entanto, o sol entra com plena liberdade, de modo que ao olhar em sua direo s vemos a luz do sol. A janela j no importa mais.

Joo da Cruz pertence quele grupo de homens que, ultraando as fronteiras do tempo e da religio, tornaram-se patrimnio da humanidade. E permanecem simples poetas, cujas poesias so citadas de cor, por annimos, em mesas de restaurante.
Singelos e maravilhosos poetas.

(Trecho do livro Somos Um - 108 p. Grapho Editores Associados, para comprar)


Jorge Camargo, mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor. www.jorgecamargo.com.br
Mestre em cincias da religio, intrprete, compositor, msico, poeta e tradutor.
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