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20 de dezembro de 2018
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A lgica divina do Natal 50494f
Por Luiz Fernando dos Santos

O Natal uma festa que est na contramo do curso da humanidade. Tudo quanto o mundo ensina e vive sobre o que ser feliz severamente confrontado por essa festa crist. Santo Agostinho para demonstrar a lgica divina no Natal, assim se expressou:
Vejam! O Criador do ser humano se fez homem para que, Aquele que governa do mundo sideral, se alimentasse de leite; para que o Po tivesse fome; para a Fonte tivesse sede, a Luz adormecesse, o Caminho se fatigasse na viagem, a Verdade fosse acusada por falsos testemunhos, o Juiz dos vivos e dos mortos fosse julgado por um juiz mortal, a Justia fosse condenada pelos injustos, a Disciplina fosse aoitada com chicotes, o Cacho de uvas fosse coroado de espinhos, o Alicerce fosse pendurado no madeiro; para que a Virtude se enfraquecesse, a Sade fosse ferida e morresse a prpria Vida (Sermo 191,1: PL 38,1010).
Vejam! O Criador do ser humano se fez homem para que, Aquele que governa do mundo sideral, se alimentasse de leite; para que o Po tivesse fome; para a Fonte tivesse sede, a Luz adormecesse, o Caminho se fatigasse na viagem, a Verdade fosse acusada por falsos testemunhos, o Juiz dos vivos e dos mortos fosse julgado por um juiz mortal, a Justia fosse condenada pelos injustos, a Disciplina fosse aoitada com chicotes, o Cacho de uvas fosse coroado de espinhos, o Alicerce fosse pendurado no madeiro; para que a Virtude se enfraquecesse, a Sade fosse ferida e morresse a prpria Vida (Sermo 191,1: PL 38,1010).
O Natal , pois, tambm uma ocasio propcia para aprendermos profundas lies, enquanto fazemos uma sria reviso de vida. A primeira das lies do Natal a da simplicidade. No havia nada de exagerado e que pudesse demonstrar ostentao ou superfluidade no estbulo de Belm. Giles Lipovetsky, um celebrado filsofo contemporneo, diz que um novo esprito cultural j se mistura ao da ps-modernidade e que este deve ser identificado como hipermodernidade.
O que marca o esprito dessa poca a ostentao dos bens em forma de luxo exagerado e atrevido e de certa maneira, suprfluo e prdigo. O prdigo aqui deve ser entendido como desperdcio. A sociedade cada vez mais produz bens de consumo de cada vez menor necessidade real o que provoca, entre outras, falsas necessidades e o sentimento de frustrao e vazio existencial. A simplicidade do Natal nos lembra que as coisas mais essenciais da vida, embora complexas, so simples. O prespio nos remete a nossa necessidade de relacionamentos intensos, profundos, resistentes s fugas fceis e resilientes em face das dificuldades da vida.
O Natal nos recorda que o nvel de felicidade no pode ter como referncia os bens e as circunstncias, mas a autoconscincia de nossa identidade, o sentimento de pertencimento a outros e o senso de uma vocao. Aqui a prendemos a segunda lio.
O Natal nos desperta para o senso de propsito na vida. As personagens das cenas natalinas: Maria, Jos, os Magos, os pastores no campo, os anjos e at mesmo a estrela-guia cumpriam uma misso. No eram figurantes em um acontecimento aleatrio. Suas vidas foram preenchidas com a misso de viverem para um grande propsito, um plano muito maior do que aquele traado para a suas vidas.
O Natal nos leva a deixar nossas vidas ensimesmadas, autocentradas, para vivermos para fora de ns em vidas outrocentradas, isto , centradas em Deus, no que Ele e faz e em nosso prximo. O Natal nos ensina a via da cooperao, do altrusmo gratuito e da generosidade. Aqui a terceira lio, a solidariedade.
A condescendncia de Deus em vir a Terra redimir, perdoar e salvar o homem (essa a real histria do Natal) uma ao solidria do Senhor. Ele conhecia a nossa condio, sabia dos nossos sofrimentos, ouvia os nossos clamores e gemidos sob o peso do pecado e envolvidos pelas trevas da mentira.
Ento, voluntariamente quis fazer-se vizinho, quis colocar-se ao nosso lado, entrou em nossa histria e veio oferecer-se a ns. O Natal nos recorda que Deus no se fez de indiferente, nos lembra que Deus se importa. E, essa uma lio muito preciosa para se perder. Nosso mundo est cada vez mais individualista, competitivo e excludente. Cada vez mais as riquezas esto concentradas nas mos de um grupo cada vez menor de pessoas no planeta. Isso empurra multides incontveis para a pobreza indigna e a misria desumana. A solidariedade, inspirada no nascimento de Jesus que veio para enriquecer a todos de sua graa e de seu amor, deve nos impulsionar em aes solidrias que transformam vidas, soerguem histrias e levam a redescobrir e experimentar o amor.
Chegamos a ltima lio do Natal. Foi por amor que o Pai nos deu de presente o Filho para nos salvar. Foi por amor que Jesus, como disse Agostinho acima, inverteu a lgica de todas as coisas para vir ao nosso encontro. Foi o seu amor ensinado s multides, demonstrado nos milagres, realizado no perdo, ofertado no socorro aos pobres e exaltado na cruz que dividiu a histria humana e deu novo rumo a humanidade cada. Ainda hoje, exatamente esse amor que pode e vai curar o nosso mundo enfermado pelo egosmo, a soberba e a cultura de morte. Um Feliz Natal de uma feliz aprendizagem com o Filho de Deus!
Rev. Luiz Fernando dos Santos Ministro na Igreja Presbiteriana Central de Itapira, casado com Regina, pai da Talita. Coordenador do Departamento de Teologia Pastoral do Seminrio Presbiteriano do Sul em Campinas e professor. professor de Teologia Histrica, Filosofia e Teologia no Seminrio Teolgico Servo de Cristo em So Paulo.
Crditos da imagem: freepik.com
Crditos da imagem: freepik.com
Luiz Fernando dos Santos(1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminrio Presbiteriano do Sul e no Seminrio Teolgico Servo de Cristo.
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