A informao que corrompe versus a f vem pelo ouvir 3l2i65

H quem diga que o ser humano o que pensa. Se o ser humano no o que pensa, certamente, age do que pensa, e pensa do que ouve. Na fala em Mt 16.5-12, Jesus diz que necessrio tomar cuidado com o que se ouve.

curioso, mas, agimos muito mais pelo que ouvimos, do que pelo que vemos ou constatamos. Talvez, porque ver exija sincronizao, a pessoa teria de estar, de alguma forma, no local, no momento do ocorrido; etalvez porque constatar demande muito trabalho.

A f vem pelo ouvir, disse Paulo (Rm 10.17). A f verdadeira vem de ouvir da Palavra de Deus. Mas a histria humana d conta de que, para o ser humano desenvolver crena, basta ouvir; o que coloca um peso de responsabilidade incomensurvel sobre quem fala.

Tudo, nos diz a Bblia, nasce da palavra, e, como se comprova na histria, pelas falas a sociedade construda.

Jesus sabia que os humanos so vidos por informao. No pela informao em si, mas, pelo poder que saber mais do que o outro confere ao informado. O tal desejo de ser como Deus (Gn 3.5). Mas todo aquele que deseja o poder predispe-se a cair em ciladas (1 Tm 6.9).

Deve ser por isso que Jesus adverte seus alunos a se acautelarem das doutrinas dos fariseus e dos saduceus. Pois, no d para imaginar que tais doutrinas, e tais doutrinadores pudessem competir com os ensinos e a maestria de Jesus.

Jesus, todavia, sabia que o ser humano corruptvel. Jesus sabia que a m informao, corrompe. Jesus sabia, tambm, que a palavra que corrompe a palavra que foi corrompida. Jesus sabia que mesmo a palavra vinda de Deus poderia ser corrompida.

Interessante, os saduceus e os fariseus representavam extremos da f judaica. Os saduceus aceitavam parte da Bblia, os fariseus aceitavam a Bblia toda. Os saduceus enfatizavam as atividades no templo como o cerne da f; os fariseus enfatizavam o moralismo como cumprimento da lei. Ambos, porm, ensinavam o erro. Os saduceus no viram que os sacrifcios falavam da necessidade do sacrifcio definitivo; os fariseus no viram que a lei apontava para a necessidade de haver um salvador.

No erro, os extremos se encontravam e se tornavam uma coisa s: informao que corrompe. Como distinguir que laboravam em erro, se eram, entre si, opostos, de to distantes e antitticos? Eles se encontravam na incapacidade de reconhecer o Cristo e de fazer o Cristo reconhecido.

Continua assim: todo ensino que, pretensamente, nascido da Bblia, no reconhea o Cristo, que o sacrifcio que nos traz a salvao, e o esvaziamento e a doao que nos estabelece o padro para viver, e no aponte o Cristo como o centro da f, se tornou informao que corrompe.

Nota: artigo publicado originalmente no blog do autor.

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Ariovaldo Ramos escritor, articulista e conferencista sobre a misso da igreja. Foi presidente da AEVB (Associao Evanglica Brasileira), missionrio da SEPAL. Atualmente presidente da Viso Mundial no Brasil e um dos presbteros da Comunidade Crist Reformada, em So Paulo (SP).


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