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30 de novembro de 2011
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A Histria dos Evanglicos 5a3o6g

Embora o termo evanglico seja encontrado na Patrstica e na Reforma, ele adquire um conceito mais claro e se torna um movimento na Inglaterra, na segunda metade do sculo XVIII e primeira metade do sculo XIX, culminando com a organizao da primeira Aliana Evanglica em 1847. Resgatando uma herana que vem de Wycliffe, no sculo XIV, chegando at os Avivamentos, ando pela confessionalidade reformada, o puritanismo e o pietismo, desgua no movimento missionrio do sculo XIX, do qual foi a sua proposta principal. A escatologia do movimento missionrio ou era posmilenista ou amilenista, com clara opo por uma participao social e uma influncia histrica.
J. I. Packer destaca como marcas do evangelicalismo:
1. A Autoridade das Sagradas Escrituras;
2. A Pecaminosidade da Raa Humana;
3. A Expiao por Cristo na Cruz;
4. A Necessidade de Converso, ou experincia de Novo Nascimento;
5. O Mandato Missionrio Imperativo para todos os Cristos. No contexto ingls do sculo XIX, se poderia acrescentar um sexto item: a Responsabilidade Social.
Evanglicos no Brasil
As misses protestantes histricas que se estabeleceram no Brasil entre 1855 e 1901 foram todas marcadas por uma identidade evanglica, o que significava um alto grau de consenso teolgico, a despeito de diferenas perifricas, como sentido e forma dos sacramentos/ordenanas ou formas de governo eclesistico. Esse consenso foi mantido entre as igrejas histricas brasileiras por mais de um sculo. Ele foi reforado com a reao do Congresso do Panam, de 1916, a equivocada deciso do Congresso Ecumnico de Edimburgo, de 1910, de excluir a Amrica Latina do esforo missionrio, por se tratar de um continente cristo. No Panam se reafirmou a necessidade de se evangelizar e em unidade a Amrica Latina com seu cristianismo nominal e sincrtico. Por alguns anos uma entidade produziu um material de Escola Bblica Dominical para a maioria das denominaes, reforando esse lastro comum, tambm implementado pela teologia do que se cantava nas igrejas, a partir do primeiro hinrio, o Salmos e Hinos, compilados pela pioneira congregacional Sarah Kalley.
O principal instrumento de identidade e unidade desse perodo foi a Confederao Evanglica, que funcionou como importante elemento aglutinador e representativo do protestantismo nacional entre 1934 e 1964.
O dissenso protestante comea com a chegada do pentecostalismo de vertente branca (isolacionista, pr-minilenista/pr-tribulacionista) nos anos 1910, j refletindo as controvrsias norte-americanas da poca, a partir do fundamentalismo, que comeou como um movimento confessional em reao ao Liberalismo, mas, que, posteriormente, degenerou em uma ideologia sectria, anti-intelectual, e, at racista. O fundamentalismo inicial tinha as mesmas nfases do evangelicalismo ingls dos sculos anteriores, adicionando-se os milagres e a segunda vinda.
A presena do liberalismo no Brasil foi muito perifrica, e a do fundamentalismo, posterior e lenta (embora fundamentalismo e evangelicalismo compartilhem de doutrinas bsicas comuns). Como a Amrica Latina, a maioria das igrejas brasileiras optou por no se envolver com os trs Conselhos Ecumnicos mundiais, mas foram afetadas pelas tenses ideolgicas da Guerra Fria, e muito afetadas pelo ciclo de regimes militares no continente.
A Fraternidade Teolgica Latino-americana (FTL) surge no incio dos anos 1970 como uma escola de pensamento evanglico tomando o continente e seus problemas a srio e em abertura para a contribuio das Cincias Sociais. Nos Estados Unidos, no ps-Segunda Guerra Mundial, surge o movimento neo-evanglico como reao moderada aos exageros do fundamentalismo, editando a revista Christianity Today e motivando a realizao do Congresso de Evangelismo de Berlim, 1966, gnese do que seria, a partir do evento de 1974, o Movimento de Lausanne, inicialmente no bem recebido no Brasil, por ser considerado avanado demais pelos conservadores e moderado demais pelos avanados.
A Confederao Evanglica havia sido fechada durante do regime militar e ficamos muitos anos sem um rgo aglutinador e promotor da unidade. Os congressos brasileiros e nordestino de evangelizao iro sinalizar um novo tempo, que se desdobra com a criao da AEvB (Associao Evanglica Brasileira), que marca poca, mas sofre uma crise insanvel em decorrncia da personalizao da sua liderana, criando novo vcuo, em uma igreja j marcada por uma amnsia histrica, com a Escola Dominical enfraquecida e a teologia evanglica dos hinrios substituda pela vagas odes/mantra a uma divindade monotesta promotora de bnos individuais que marcam o louvor atual, em um declnio do consenso, agravado pela chegada da Teologia da Batalha Espiritual, da Teologia da Prosperidade e pela fragmentao denominacionalista, com a racionalidade institucional cada vez mais substituda pelas lideranas carismticas caudilhescas e o surgimento de dinastias eclesisticas.
com esse pano de fundo que estamos criando a Aliana Evanglica, que se espera seja uma herdeira atualizada e brasileira da Aliana Inglesa de 1847 e suas marcas confessionais inegociveis.
O quadro fracionado, confuso e divergente do protestantismo brasileiro no faz prever a criao de uma barca, onde caibam todos os bichos, mas de uma frotilha, onde o nosso barco, de incio modesto, pretende estar aberta aos evanglicos, crentes e ticos, comprometidos com a identidade e a unidade sonhada pelo Senhor da Igreja.
As aes do nosso presente e os planos para o nosso futuro no podero se dar sem a fidelidade ao legado do ado. Revitalizar o evangelicalismo em unidade, a despeito dos bices da poca (individualismo, subjetivismo, relativismo, hedonismo) a nossa tarefa, ajudando-nos o Senhor.

Artigo baseado na preleo do autor feita no 1 Frum da Aliana Evanglica no dia 25 de novembro de 2011, em Braslia (DF).
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Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Poltica teoria bblica e prtica histrica e A Igreja, o Pas e o Mundo desafios a uma f engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
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