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04 de dezembro de 2024
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Uma cidade sitiada - Uma abordagem literria do Salmo 31 9t28
Um recorte muito humano da existncia um retrato da imprevisibilidade da vida
Por Dlio Porto
O habitante de uma cidade sitiada a a aflio e a insegurana causadas pelo cerco do inimigo. O medo suspende a rotina diria da vida. Aquele que teme o cerco precisa buscar refgio na cidadela, a parte alta e fortificada da cidade, onde se pergunta: Ser alto o suficiente este local? A muralha resistir? Estarei protegido? Mais do que a realidade do ambiente hostil do lado de fora dos muros da fortaleza, o cerco da alma. A poesia do Salmo 31 envolve-nos com essas vises ameaadoras. So como fragmentos dispersos que arranham as memrias da nossa fragilidade e da nossa prpria busca por proteo.
Para esta abordagem literria o Salmo foi dividido em seis estrofes. No se percebe nele uma estrutura que organize as ideias. Os temas se apresentam de forma incidental, como se retratasse a fortuidade das situaes da vida, cujos embaraos e infelicidades se intercalam com momentos de paz e livramento. Desencanto e consolo se alternam ao longo do texto. Outro aspecto recorrente so as respostas de f do personagem da poesia s situaes, sejam boas ou ruins. Mentira, insolncia, dor fsica, ardil, depresso, violncia psicolgica, intimidao social, arrogncia e idolatria compem o arsenal de males que fazem cerco ao personagem (ao eu lrico).
Salmo 31 (verso NAA)
Lamento e louvor
Ao mestre de canto. Salmo de Davi
1 Em ti, Senhor, me refugio;
no seja eu jamais envergonhado;
livra-me por tua justia.
2 Inclina-me os ouvidos, livra-me depressa;
s o meu castelo forte, cidadela fortssima que me salve.
3 Porque tu s a minha rocha e a minha fortaleza;
por causa do teu nome, tu me conduzirs e me guiars.
*
4 Tira-me do lao que, s escondidas, me armaram,
pois tu s a minha fortaleza.
5 Nas tuas mos entrego o meu esprito;
tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.
6 Tu detestas os que adoram dolos vos;
eu, porm, confio no Senhor.
7 Eu me alegrarei e regozijarei na tua bondade,
pois tens visto a minha aflio,
conheceste as angstias de minha alma
8 e no me entregaste nas mos do inimigo;
firmaste os meus ps em lugar espaoso.
*
9 Compadece-te de mim, Senhor,
porque estou angustiado;
de tristeza se consomem os meus olhos,
a minha alma e o meu corpo.
10 Gasta-se a minha vida na tristeza,
e os meus anos, em gemidos;
debilita-se a minha fora,
por causa da minha iniquidade,
e os meus ossos se consomem.
11 Tornei-me objeto de deboche
para todos os meus adversrios,
de espanto para os meus vizinhos
e de horror para os meus conhecidos;
os que me veem na rua fogem de mim.
12 Estou esquecido no corao deles, como morto;
sou como vaso quebrado.
13 Pois tenho ouvido a murmurao de muitos,
terror por todos os lados;
conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida.
*
14 Quanto a mim, confio em ti, Senhor.
Eu disse: "Tu s o meu Deus."
15 Nas tuas mos esto os meus dias;
livra-me das mos dos meus inimigos e dos meus perseguidores.
16 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo;
salva-me por tua misericrdia.
17 No seja eu envergonhado, Senhor, pois te invoquei;
envergonhados sejam os perversos, emudecidos na morte.
18 Emudeam os lbios mentirosos,
que falam insolentemente contra o justo,
com arrogncia e desdm.
*
19 Como grande a tua bondade,
que reservaste aos que te temem,
da qual usas, diante dos filhos dos homens,
para com os que em ti se refugiam!
20 No recndito da tua presena, tu os esconders das intrigas humanas,
num esconderijo os ocultars do conflito de lnguas.
21 Bendito seja o Senhor, que engrandeceu a sua misericrdia para comigo,
numa cidade sitiada!
22 Eu disse na minha pressa: "Estou excludo da tua presena."
Mas tu ouviste a voz das minhas splicas, quando clamei por teu socorro.
*
23 Amem o Senhor, todos vocs que so os seus santos.
O Senhor preserva os fiis,
mas retribui com abundncia aos soberbos.
24 Sejam fortes, e que se revigore o corao
de todos vocs que esperam no Senhor.
A primeira estrofe introduz o tema da cidadela. Deus comparado ao lugar de refgio e proteo: inabalvel como a rocha, inexpugnvel como o forte. Este o tipo de ateno que o personagem solicita a Deus, governante e senhor da cidadela. O perigo e o medo do inimigo esto implcitos nessa estrofe. Ela serve como um resumo de todo o Salmo.
O tema do risco de morte amplia-se nas duas estrofes seguintes. O lao prende e sufoca. O personagem pressente que sua vida vai cessar e a coloca nas mos de Deus. Os ardis de pessoas ms so a causa da sua angstia. Resta-lhe ainda a confiana em Deus. Ele sabe da receptividade e da bondade de Deus, cuja ateno comparvel a um lugar espaoso, em contraste com alguma masmorra apertada. A terceira estrofe retoma a aflio e o estado de angstia se aprofunda. Uma tristeza terrvel rouba o vigor da vida. O corpo di. O eu lrico no encontra acolhida na comunidade em que vive, pelo contrrio, torna-se motivo de chacota. Ele um escrnio e um horror para os demais. Isola-se e tem suspeitas de perseguio. A abundncia de imagens negativas exprime sua profunda infelicidade e desconexo social.
As prximas estrofes trazem algum alento. O personagem canaliza as foras para a confiana em Deus. A depresso no d a ltima palavra. Pede o livramento e corre em direo ao esconderijo, ao abrigo que o proteja daquelas coisas ruins. A quinta estrofe retoma a ideia da cidadela. Pela bondade de Deus as portas do abrigo se abrem ao clamor por refgio. A experincia da misericrdia de Deus e de acolhimento compara-se ao abrigo em uma cidade sitiada, suficientemente preparada para ar o cerco do inimigo.
O salmo termina com um chamado confiana. As mazelas sofridas pelo personagem so colocadas sob a perspectiva da f, pois no poderiam sumarizar uma existncia, nem capturar a mago da vida. A confiana em Deus e a esperana do a ltima palavra. H aqueles que foram cooptados pelo mal e h os que ainda esperam a soluo definitiva de Deus para o problema do mal. O desfecho da poesia tem um ar de peregrinao, como se sugerisse uma continuidade.
A poesia comparvel a uma cano que descreve as mazelas e os livramentos de um peregrino, que ao escapar de inimigos e de situaes mortais, foge em direo cidade protegida. Uma boa conexo temtica com esse salmo so algumas das histrias de Tolkien. Olhado como um todo, o Salmo faz um recorte muito humano da existncia um retrato da imprevisibilidade da vida ao dispor de forma sinuosa e recorrente os temas que oscilam entre perigos mortais, livramentos, desencantos e consolo. Se por um lado, h um tempo para todo propsito debaixo do cu (Ec 3.1), por outro e contrariamente previsibilidade do calendrio agrcola as vicissitudes no tm data para chegar. O Senhor Jesus vivenciou sofrimentos semelhantes aos do personagem da poesia e no derradeiro minuto de vida citou uma frase deste salmo. Enquanto e esteve com os discpulos, ele os advertiu: No mundo tereis aflies, mas tende bom nimo.
A ltima frase do Salmo recorda que a vida na cidade sitiada requer corao revigorado e espera pela soluo que vir do Senhor.
REVISTA ULTIMATO BBLIA: REVELAO E LITERATURA
Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu carter sagrado a sua inspirao divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edio recente: A Bblia Ainda Fala As Escrituras contm a narrativa que d sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que est exposto no Livro deve ser a marca dos cristos.
disso que trata a matria de capa da edio 410 da revista Ultimato. Para , clique aqui.
Saiba mais:
Salmos Favoritos Inspirao e sabedoria nos Salmos, John Stott
Um Ano Com os Salmos (2ed.) Meditaes dirias, Elben Magalhes Lenz Csar
A liturgia da certeza - Uma abordagem literria do Salmo 98, por Dlio Porto
Por Dlio Porto

Para esta abordagem literria o Salmo foi dividido em seis estrofes. No se percebe nele uma estrutura que organize as ideias. Os temas se apresentam de forma incidental, como se retratasse a fortuidade das situaes da vida, cujos embaraos e infelicidades se intercalam com momentos de paz e livramento. Desencanto e consolo se alternam ao longo do texto. Outro aspecto recorrente so as respostas de f do personagem da poesia s situaes, sejam boas ou ruins. Mentira, insolncia, dor fsica, ardil, depresso, violncia psicolgica, intimidao social, arrogncia e idolatria compem o arsenal de males que fazem cerco ao personagem (ao eu lrico).
Salmo 31 (verso NAA)
Lamento e louvor
Ao mestre de canto. Salmo de Davi
1 Em ti, Senhor, me refugio;
no seja eu jamais envergonhado;
livra-me por tua justia.
2 Inclina-me os ouvidos, livra-me depressa;
s o meu castelo forte, cidadela fortssima que me salve.
3 Porque tu s a minha rocha e a minha fortaleza;
por causa do teu nome, tu me conduzirs e me guiars.
*
4 Tira-me do lao que, s escondidas, me armaram,
pois tu s a minha fortaleza.
5 Nas tuas mos entrego o meu esprito;
tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.
6 Tu detestas os que adoram dolos vos;
eu, porm, confio no Senhor.
7 Eu me alegrarei e regozijarei na tua bondade,
pois tens visto a minha aflio,
conheceste as angstias de minha alma
8 e no me entregaste nas mos do inimigo;
firmaste os meus ps em lugar espaoso.
*
9 Compadece-te de mim, Senhor,
porque estou angustiado;
de tristeza se consomem os meus olhos,
a minha alma e o meu corpo.
10 Gasta-se a minha vida na tristeza,
e os meus anos, em gemidos;
debilita-se a minha fora,
por causa da minha iniquidade,
e os meus ossos se consomem.
11 Tornei-me objeto de deboche
para todos os meus adversrios,
de espanto para os meus vizinhos
e de horror para os meus conhecidos;
os que me veem na rua fogem de mim.
12 Estou esquecido no corao deles, como morto;
sou como vaso quebrado.
13 Pois tenho ouvido a murmurao de muitos,
terror por todos os lados;
conspirando contra mim, tramam tirar-me a vida.
*
14 Quanto a mim, confio em ti, Senhor.
Eu disse: "Tu s o meu Deus."
15 Nas tuas mos esto os meus dias;
livra-me das mos dos meus inimigos e dos meus perseguidores.
16 Faze resplandecer o teu rosto sobre o teu servo;
salva-me por tua misericrdia.
17 No seja eu envergonhado, Senhor, pois te invoquei;
envergonhados sejam os perversos, emudecidos na morte.
18 Emudeam os lbios mentirosos,
que falam insolentemente contra o justo,
com arrogncia e desdm.
*
19 Como grande a tua bondade,
que reservaste aos que te temem,
da qual usas, diante dos filhos dos homens,
para com os que em ti se refugiam!
20 No recndito da tua presena, tu os esconders das intrigas humanas,
num esconderijo os ocultars do conflito de lnguas.
21 Bendito seja o Senhor, que engrandeceu a sua misericrdia para comigo,
numa cidade sitiada!
22 Eu disse na minha pressa: "Estou excludo da tua presena."
Mas tu ouviste a voz das minhas splicas, quando clamei por teu socorro.
*
23 Amem o Senhor, todos vocs que so os seus santos.
O Senhor preserva os fiis,
mas retribui com abundncia aos soberbos.
24 Sejam fortes, e que se revigore o corao
de todos vocs que esperam no Senhor.
A primeira estrofe introduz o tema da cidadela. Deus comparado ao lugar de refgio e proteo: inabalvel como a rocha, inexpugnvel como o forte. Este o tipo de ateno que o personagem solicita a Deus, governante e senhor da cidadela. O perigo e o medo do inimigo esto implcitos nessa estrofe. Ela serve como um resumo de todo o Salmo.
O tema do risco de morte amplia-se nas duas estrofes seguintes. O lao prende e sufoca. O personagem pressente que sua vida vai cessar e a coloca nas mos de Deus. Os ardis de pessoas ms so a causa da sua angstia. Resta-lhe ainda a confiana em Deus. Ele sabe da receptividade e da bondade de Deus, cuja ateno comparvel a um lugar espaoso, em contraste com alguma masmorra apertada. A terceira estrofe retoma a aflio e o estado de angstia se aprofunda. Uma tristeza terrvel rouba o vigor da vida. O corpo di. O eu lrico no encontra acolhida na comunidade em que vive, pelo contrrio, torna-se motivo de chacota. Ele um escrnio e um horror para os demais. Isola-se e tem suspeitas de perseguio. A abundncia de imagens negativas exprime sua profunda infelicidade e desconexo social.
As prximas estrofes trazem algum alento. O personagem canaliza as foras para a confiana em Deus. A depresso no d a ltima palavra. Pede o livramento e corre em direo ao esconderijo, ao abrigo que o proteja daquelas coisas ruins. A quinta estrofe retoma a ideia da cidadela. Pela bondade de Deus as portas do abrigo se abrem ao clamor por refgio. A experincia da misericrdia de Deus e de acolhimento compara-se ao abrigo em uma cidade sitiada, suficientemente preparada para ar o cerco do inimigo.
O salmo termina com um chamado confiana. As mazelas sofridas pelo personagem so colocadas sob a perspectiva da f, pois no poderiam sumarizar uma existncia, nem capturar a mago da vida. A confiana em Deus e a esperana do a ltima palavra. H aqueles que foram cooptados pelo mal e h os que ainda esperam a soluo definitiva de Deus para o problema do mal. O desfecho da poesia tem um ar de peregrinao, como se sugerisse uma continuidade.
A poesia comparvel a uma cano que descreve as mazelas e os livramentos de um peregrino, que ao escapar de inimigos e de situaes mortais, foge em direo cidade protegida. Uma boa conexo temtica com esse salmo so algumas das histrias de Tolkien. Olhado como um todo, o Salmo faz um recorte muito humano da existncia um retrato da imprevisibilidade da vida ao dispor de forma sinuosa e recorrente os temas que oscilam entre perigos mortais, livramentos, desencantos e consolo. Se por um lado, h um tempo para todo propsito debaixo do cu (Ec 3.1), por outro e contrariamente previsibilidade do calendrio agrcola as vicissitudes no tm data para chegar. O Senhor Jesus vivenciou sofrimentos semelhantes aos do personagem da poesia e no derradeiro minuto de vida citou uma frase deste salmo. Enquanto e esteve com os discpulos, ele os advertiu: No mundo tereis aflies, mas tende bom nimo.
A ltima frase do Salmo recorda que a vida na cidade sitiada requer corao revigorado e espera pela soluo que vir do Senhor.
- Dlio Porto engenheiro aposentado e mora em Viosa, MG

Ultimato mostra, entre outras coisas, a riqueza das Escrituras quando lidas como literatura, sem diminuir o seu carter sagrado a sua inspirao divina.
E reafirmamos o que publicamos em outra edio recente: A Bblia Ainda Fala As Escrituras contm a narrativa que d sentido, esclarece e comunica a soberania e sabedoria de Deus. A lealdade ao que est exposto no Livro deve ser a marca dos cristos.
disso que trata a matria de capa da edio 410 da revista Ultimato. Para , clique aqui.
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Salmos Favoritos Inspirao e sabedoria nos Salmos, John Stott
Um Ano Com os Salmos (2ed.) Meditaes dirias, Elben Magalhes Lenz Csar
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