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Trs histrias, trs mulheres: uma viso do feminino na perspectiva bblica 2i6a6

Por Qufren de Moura
Muito provavelmente, voc se lembra da histria da mulher que cometeu adultrio e foi levada a Jesus aquela do quem estiver sem pecado seja o primeiro a atirar a pedra. Esse texto emocionante, nico na Bblia, est no captulo 8 do Evangelho de Joo. Quero que voc pare alguns instantes e reflita sobre ele. Quem era aquela mulher?
O que vem sua mente? Sabemos muito pouco sobre ela pelo texto. Talvez, a primeira coisa que surja em sua cabea seja a palavra pecadora. A narrativa bblica no a chama assim, mas a forma como muitas pessoas a definem. O que mais? Ela trazida por outras pessoas, tem o seu pecado exposto diante de todos, apresentada para julgamento e tem a sua vida colocada em risco de apedrejamento. Mas ela no diz uma nica palavra durante todo esse tempo. Silenciada. Invisvel. Na verdade, ela s fala ao final da narrativa, em resposta a Jesus, o nico que se dirige a ela ao longo da histria. Antes disso, no tem o direito de se defender, de se explicar, sequer de se mostrar arrependida. Parece que tudo o que as pessoas conseguiam ver nela era o pecado flagrante pecado! , no quem ela realmente era. O estigma de adltera havia tornado aquela pessoa coisa, objeto nas mos da multido.
Agora, quero que voc pense em outra mulher bblica: a mulher que andava encurvada havia dezoito anos. Descrita em Lucas 13.10-17, ela foi curada e endireitada por Jesus.
Duas coisas impressionam nessa histria. A primeira o tempo que ela permaneceu enferma: dezoito anos. No dezoito dias, no dezoito meses Dezoito anos!
Pare um pouco para refletir sobre essa informao. Dezoito anos o tempo que leva um ser humano para nascer, crescer e se tornar adulto. o tempo do crescimento fsico, intelectual e emocional que culmina na emancipao. Dezoito anos tambm a idade em que, aqui no Brasil, uma pessoa pode comear a dirigir. Ou seja, o tempo que leva para um beb crescer at ter estatura e competncias motoras e mentais para assumir o volante. Pense agora: onde voc estava dezoito anos atrs? Quem voc era? Como voc era? O que mudou desde ento? H dezoito anos, entramos no terceiro milnio da nossa era. H dezoito anos, ataques terroristas nos Estados Unidos abalaram o mundo. H dezoito anos, muitos de ns no eram casados, no tinham filhos, no tinham terminado a faculdade, talvez nem eram adultos ainda. Alguns sequer haviam nascido. Quantas coisas mudam em dezoito anos? O quanto de ns permanece igual dezoito anos depois?
Imagine-se, agora, dezoito anos encurvado, com dores nas costas, sem poder erguer-se bem. Pense no seu desconforto ao caminhar, sentar, deitar, levantar, respirar. Visualize-se na posio encurvada daquela mulher. Muito provavelmente, enxergando apenas pernas e ps. No olhos. No rostos. No expresses. Ps. Sem poder encarar outro ser humano. Sem poder se relacionar de igual para igual. Ela ficou assim por longos, interminveis e dolorosos dezoito anos. E, assim como a primeira mulher, provavelmente foi tratada no pelo que ela era de verdade. Sua condio fazia dela algum destitudo de identidade.
Outra coisa impressionante neste texto que, depois do milagre incrvel que o Filho de Deus realizou, um chefe religioso ficou indignado com Jesus. Em vez de se maravilhar com a cura e a libertao em tantos sentidos daquele ser humano, ele adota uma postura de insensibilidade. Exatamente como os acusadores da histria da mulher que seria apedrejada.
Vamos para uma terceira mulher da Bblia: a mulher junto ao poo, de Joo 4. O que voc lembra quando pensa nela? Mulher (de novo!), estrangeira (de um povo que no se dava bem com os judeus) e o que mais? Talvez (muito provavelmente) voc esteja pensando: Aquela que teve cinco maridos! E o atual no era seu marido. Pecado. Estigma. Rtulo.
No fim da histria da samaritana, no so os religiosos da poca nem os inimigos de Jesus que se aproximam para proferir alguma palavra dura ou insensvel. Os prprios discpulos que ficam assombrados ao ver Jesus conversando com a samaritana. Mas, por que tanta surpresa? A tradio dizia que um rabi (mestre) no deveria falar com uma mulher. Ser que era essa a razo do espanto dos seguidores de Jesus? Ao que tudo indica, no, visto que Jesus no demonstrou tal atitude em relao s mulheres em geral. Assim, a causa da surpresa deles foi evidentemente o fato de a mulher ser samaritana. De novo: eles no eram capazes de ver o corao de um ser humano sedento, necessitado da gua da vida. Eles s viam o exterior.
Jesus e o paradigma da dignidade humana
Olhemos, ento, mais atentamente para as atitudes de Jesus nessas trs ocasies e o tipo de reflexo que ele prope diante dessas mulheres: uma apanhada em adultrio, outra oprimida por um esprito que a fazia enferma por dezoito anos e outra estrangeira, que tirava gua do poo, sem conhecer Jesus. O que ele fez? Como se comportou? O que disse? Que lies ensinou?
Jesus as tratou com dignidade. Ele curou aquelas mulheres, no apenas de seus males, mas da invisibilidade social a que eram sujeitas assim como acontece a muitas mulheres, no mundo todo, ainda hoje. Ele expressou respeito e sensibilidade pela condio de cada uma, e as viu assim como Deus nos v: no como objetos de consumo, nem como seres desimportantes, ignorveis, sem valor. Ele no reiterou a opresso que elas sofriam, mas agiu com amor. Seu comportamento contrasta com a violncia aberta ou oculta com que essas mulheres foram, cada uma sua maneira, tratadas.
Enquanto a pequena multido, vida, prepara suas pedras, Jesus, paradoxalmente, escreve no cho com a ponta dos dedos. Ento, ele declara livre a mulher que cometeu adultrio, ele cura a que esteve enferma e oferece gua viva estrangeira. Quando assim o faz, Jesus devolve a elas sua humanidade. Ele mostra a elas (e a cada um de ns que, hoje, l essas histrias e se sente desafiado por elas) o valor do ser humano. Ele nos diz que valeu a pena morrer na cruz do Calvrio por ns. Ele restitui nossa identidade e nos permite andar de cabea erguida, sem ter vergonha de quem somos. Porque ele nos mostra, a despeito do que a sociedade nos diz, que as pessoas e as mulheres, em especial so nicas diante dele.
Que no construamos nossa identidade com base no que a sociedade diz sobre ns homens ou mulheres , mas sobre aquilo que Jesus nos diz que somos. A Bblia, para surpresa de muitos, j que retrata uma sociedade patriarcal, na qual as mulheres possuam um status menor, est repleta de histrias de mulheres incrveis, cuja memria e legado reverberam com fora at os nossos dias. Que nos apoderemos dessas narrativas, compreendendo o valor que o nosso Deus d a todos aqueles que a sociedade menospreza, estigmatiza, condena e exclui.

Qufren de Moura formada em Histria e Comunicao Social pela Universidade de So Paulo. mestranda no Programa de Ps-graduao em Letras Estudos da Traduo da mesma universidade, onde pesquisa a rea de traduo bblica. Atua como revisora de textos na Sociedade Bblica do Brasil e vem se preparando para se tornar consultora de tradues. Atualmente, apoia projetos de traduo da Bblia para idiomas minoritrios e para a Lngua Brasileira de Sinais.


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