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26 de janeiro de 2016
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Teologia feita de histrias 4y1jv

Confira a seguir a entrevista com Cayo Csar dos Santos.
***
Portal Ultimato - Por que voc resolveu usar a fico para falar sobre Jesus Cristo?
Cayo Csar - Trs razes fundamentaram minha escolha. A primeira decorre de um aspecto bem prtico: embora desde muito jovem eu tenha enorme interesse por questes teolgicas, no sou telogo; sou apenas um cristo e um estudioso leigo dessas questes. No gnero literrio ficcional, embora o cuidado com o contedo bblico e a coerncia com elementos histricos disponveis no possam ser dispensados, no preciso o rigor sistemtico da teologia tratada na academia. Assim, este gnero pareceu-me o mais adequado ao meu objetivo, qual seja, o de compartilhar minha percepo da vida, do cristianismo ou do contedo bblico, a partir das minhas prprias experincias com o texto sagrado e, obviamente, da minha prpria vivncia crist.
A segunda razo est ligada a um outro aspecto: parece-me evidente que, quando o Ser Eterno, o Criador, resolveu revelar o seu projeto eterno para humanidade, no o fez a partir de elaboraes tericas ou conceitos racionais indiscutveis; ao contrrio, toda a revelao bblica se d, sempre, no contexto da vida e das experincias de pessoas bem reais, bastante humanas em seus conflitos, erros ou acertos e de suas relaes com Deus. A encarnao o clmax deste mtodo de revelao, quando a Palavra se faz gente e habita entre ns.
A terceira razo porque entendo que vivemos uma poca (ps-modernidade) em que a ateno das pessoas se volta para uma espcie de conhecimento que busca integrar o intelecto e as emoes. Conceitos adequados ou sistemas bem estruturados do saber, hoje, j no so suficientes. As pessoas, e no caso especfico, os leitores, me parece, esto procura de uma identificao mais pessoal com o texto, desejando que ele os conduza a lugares da alma onde se torne possvel uma maior identificao com o tema da leitura. As histrias so, segundo penso, a porta para esta dimenso pessoal e emocional. Nelas possvel conjugar a poesia, a arte e a esttica, fatores primordiais para se falar aos coraes. Alis, nunca demais lembrar que o prprio Jesus se utilizou da imaginao para criar histrias, algumas delas, provavelmente, fices, ainda que inspiradas na sua observao do dia a dia.
Portal Ultimato - seu primeiro livro publicado. Desde quando voc comeou a escrever? Conte-nos um pouco da sua histria de envolvimento com a literatura.
Cayo Csar - Preciso dizer, inicialmente, que, sendo um profissional do Direito, meu trabalho dirio envolve a escrita. certo que se trata de uma redao de ndole tcnica, no obstante, h alguns aspectos desta prtica que contribuem, tambm, para o escrever literrio. Preciso, como jurista, identificar bem as situaes (as histrias) do processo e preciso, tambm, descrever bem os fatos para que as outras partes envolvidas, o juiz, o promotor ou advogado, compreendam exatamente do que se trata. Tudo isso revelou-se de grande utilidade quando resolvi partir para a elaborao desta minha primeira obra de fico.
Mas a minha histria com a literatura vem desde muito cedo. Sempre me encantei com a capacidade dos grandes escritores de contar histrias. O pai do meu pai, antes de eu nascer, era proprietrio de um cinema em nossa, poca, pequena cidade no interior do Nordeste. Herdei deles o gosto pelas histrias. O pai da minha me, por sua vez, era um pregador leigo do Evangelho, que, em determinado momento de sua vida ficou cego, porm, antes disto, orou a Deus pedindo que no lhe tirasse a Palavra. O resultado disto foi que, nas ltimas dcadas de sua vida, sabia, literalmente toda a Bblia de cor. Digo isso sem receio de exagerar, porque vrias e vrias vezes, ainda adolescente, eu me deslocava at a casa dele - vov Jonas Bezerra - para ler a Bblia para ele, j cego, mas, na realidade, apenas conferia em todo o contedo bblico, os textos, captulos e versculos que ele declamava durante horas e horas. Acho que foi da que nasceu meu imenso gosto pelas Escrituras.
Ento vieram os livros, muitos deles teolgicos, como os de Bonhoeffer, Schaeffer e James Houston. Atualmente aprecio muito a leitura das obras teolgicas de N. T. Wright e a teologia do professor Rikk Watts, que busca integrar os dois testamentos bblicos. claro que me deparei com a filosofia, e com obras clssicas como Crime e Castigo e outros de Dostoivski ou com Kafka e seu Processo e, tambm, a poesia de Drummond, Mrio de Andrade e Clarice Lispector, dentre tantos outros.
Relativamente ao meu gosto pelas histrias, preciso destacar as Crnicas de Nrnia, de C.S. Lewis, que invadiram minha vida na adolescncia e me deram a conscincia de que possvel falar profundamente sobre Deus e sobre os homens, a partir de peas de fico. O mesmo vale para J. R. R. Tolkien, em minha mocidade e na idade adulta. Como digo na apresentao de Sculo I -O Resgate, nunca vi uma histria to bem contada como O Silmarillion, que apresenta toda a histria da Terra Mdia, desde a sua criao, na primeira era, at aps os eventos que se am em O Senhor dos Anis, que se do na terceira era. uma pea de fico fenomenal.
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