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Stott e os acampamentos evanglicos 3375k

Por Jos de Segovia
John Stott aprendeu com Bash que a evangelizao nunca deve ser manipuladora. Em seu estilo de acampamentos evitava a presso para obter uma resposta emocional ao evangelho, que no caso dos adolescentes no costuma ter um efeito duradouro.

Muita de nossa educao sentimental aconteceu em acampamentos. No ano de 1907 com o nascimento do escotismo por Baden-Powell, ir a um acampamento era antes de tudo dormir em barracas, porm no ficou assim por muito tempo. J nos anos 30, muitos dos acampamentos para estudantes eram em escolas particulares. Igualmente, a disciplina paramilitar comeou a desaparecer rapidamente a partir da Primeira Guerra Mundial, ainda que a terminologia tenha ficado em algumas organizaes quase at os anos 80 do sculo 20.
A converso de John Stott ao protestantismo no foi em um acampamento, mas sim relacionada visita do representante da Unio Bblica, que se dedicava fundamentalmente a organizao de acampamentos. A viso de Bash era alcanar os jovens das escolas de elite, conhecidas como pblicas no Reino Unido, para o evangelho. Para isso, ele alugava colgios e convidava estudantes para acampamentos no Natal, na Pscoa e no vero, o que Stott participou durante anos, mas que tambm acabou organizando ao se tornar o brao direito de Bash, enquanto estudava na Universidade de Cambridge.
Os acampamentos de Bash, na poca de Stott, tinham sua base no colgio Clayesmore, que estava localizado no pequeno povoado de Dorset, entre Shaftesbury e Blandford, que tinha o nome de Iwerne Minster. A primeira experincia de organizao de acampamentos de Stott, sem dvidas, foi em 1941 com uma misso que fazia atividades evangelsticas nas praias. Durante o vero, Stott fez parte da equipe com o presidente do grupo de estudantes evanglicos de Cambridge, Oliver Barclay. Eles faziam atividades para crianas na costa ao norte de Gales, prximo de Aberystwyth. Para isso, os pais tinham que deixar que seus filhos particiem de cultos especiais, para os quais eles at construam um plpito de arena.
Elitismo?

Curiosamente, uma das crianas que participava das reunies era a filha de um importante dramaturgo, locutor e ativista poltico, J. B. Priestley. A razo que seu pai ava o vero na casa ao lado onde se hospedava a equipe da misso, pois seu socialismo era bem contrrio a toda religio organizada. Bash participava das campanhas, em parte para contestar as crticas que recebia de que seu trabalho era elitista demais. Muitas pessoas o lembravam que Deus no faz acepo de pessoas, algo que ele nunca negava, claro.
A acusao mais difcil de responder era, sem dvida, a de que ajudava a perpetuar o sistema de diviso e arrogncia que supunha a exclusiva educao privada da classe dominante nos colgios chamados pblicos. Bash negou totalmente a sugesto de misturarem nos acampamentos as crianas de origem pobre com os filhos de famlias privilegiadas. O motivo para isso no era para que essas no conhecessem o resto do mundo, mas porque ele no considerava seus acampamentos uma atividade social, mas, sim, espiritual. Ele via o acampamento como um campo de batalha no qual no queria colocar outro obstculo alm do prprio evangelho. Se tratava de facilitar a hospedagem das crianas num contexto que sentissem confortveis.
Os grupos estavam divididos em dormitrios que contavam com um responsvel que devia aproximar-se de um pequeno grupo de crianas para conhec-los e fazer amizade com eles. Junto a eles tinham outros mais novos que estavam aprendendo com os mais experientes. Estes falavam sozinhos nos momentos de devocionais matutinos e noturnos, no mais de 15 minutos e sob a observao crtica dos monitores. Foi assim que Stott comeou a falar em pblico. Eram falas breves ordenadas por esquema trinitrio , que chamavam para conhecer a Jesus Cristo como o Salvador vivo. Havia um reconhecimento claro do pecado no corao humano, do significado da cruz e do custo do discipulado. Basicamente, o modelo de pregao pelo qual Stott se tornou conhecido.
Evangelizao ou manipulao?

As atividades crists para crianas tm sido enormemente criticadas nos ltimos anos. A maioria das pessoas as consideram uma simples manipulao. As objees j no so apenas ticas, pois muitas pessoas j as condenam como uma atividade quase criminosa. No rumo da sociedade atual, as questes morais se convertem cada vez mais em problemas legais. O abuso se pressupe, j no se suspeita. O que tem levado impossibilidade prtica de muitas das iniciativas evangelsticas que se faziam com as crianas, pelo menos na Europa.
Stott aprendeu com Bash que a evangelizao nunca deve ser manipuladora. O estilo dos acampamentos era particularmente descontrado e informal, pela averso que Bash tinha ao que ele chamava intensidade. Nestas atividades se evitava a presso por conseguir uma resposta emocional apresentao do evangelho, que no caso de adolescentes no costuma ter um efeito duradouro. O humor era usado no apenas como una forma de descontrao, mas como uma maneira de ajudar a pensar calmamente nas coisas. Mesmo que tenha colaborado com Billy Graham, Stott sempre escreveu criticamente sobre as campanhas de evangelizao que no eram nada mais que manipulao de massas.
Os acampamentos que organizaram, serviram, sem dvida, para levar a f a futuros diretores de escolas, professores, bispos, missionrios, mdicos, advogados, polticos, empresrios, msicos, artistas e escritores. Dando alguns nomes, foi pelo ministrio de Bash que David Sheppard, o capito da equipe de cricket, se converteu e chegou a ser bispo de Liverpool, assim como o vice-presidente do parlamento europeu e poltico conservador Sir Fred Catherwood, que se casaria com a filha de um conhecido mdico que se tornou pregador, Martyn Lloyd-Jones. Os frutos so evidentes.
Mais que um

Stott se tornou secretrio e tesoureiro da obra da organizao de Bash quando estudava na Universidade de Cambridge. O primeiro acampamento pelo qual foi responsvel foi no vero de 1940 com apenas 19 anos. Sua converso havia acontecido trs anos antes. Eles faziam atividades em bosques e campos de colheita, mas o trabalho de Stott foi sobretudo na rea istrativa. Isso inclua desde pagar contas e seguros, cuidar da contabilidade, fazer inventrios, listas e horrios. Se reunia com a equipe em reunies de orao e coordenava as atividades de todos. Eram familiares as folhas de papel que repartia com a equipe com a responsabilidade de cada, que mudava a cada ano, e que inclua uma sesso para crticas e sugestes.
Muitos recordam algumas coisas que caracterizaram a vida de Stott. A primeira era sua impressionante capacidade para lembrar o nome de qualquer criana que encontrava no ptio ou no refeitrio. Isto sempre me surpreendeu em Stott. Acredito que poucos pregadores tenham conhecido tantas pessoas em todo o mundo, mesmo assim, ele sempre se lembrava dos nomes! Podia no me ver por muitos anos que no esqueceria de meu nome, era assim com todos! Alguns amigos ntimos dizem que era por sua prtica de fazer listas de orao. Pode ser, mas ele nunca revelava essas coisas. Ele no era dos que sempre diziam que estava orando por voc. Para ele, a expresso soava um pouco vazia e servia, alm disso, para fazer exibicionismo de sua vida espiritual. E Stott no gostava de usar uma linguagem assim. Ele sempre foi muito cuidadoso com as palavras.
Outra virtude que sempre se destacou em Stott era sua paciente capacidade pacificadora. Sua vocao ao ministrio eclesistico fez com que ele no se tornasse diplomata, como queriam seus pais, mas, de certa forma, ele exerceu essa funo no mundo cristo. Como em qualquer outro grupo de pessoas, s vezes havia discusses grandes e inteis nos acampamentos que no chegavam a lugar nenhum. Bash, para concluir o debate, dizia: Alguns de ns nos reuniremos para solucionar isso. Stott aprendeu com ele essa forma de resolver conflitos. Cada vez que havia um problema com os pais, ou com transportes, com fornecedores de material, com trabalhadores do campo ou da cozinha, sempre mandavam Stott para resolver. Ele tinha uma extraordinria capacidade para apaziguar a pessoa irada, tranquilizar o ansioso e persuadir o reticente.
Ningum uma ilha

Quando escrevo estas reflexes, ainda no meio de uma pandemia, parece que os acampamentos no fazem parte apenas do sculo ado, mas de outra vida. Muitos de ns podemos dizer que graas aos acampamentos somos o que somos. No estranho que tantas histrias de reencontro voltem ao cenrio de acampamento. Separados de nosso meio familiar e da rotina de cada dia, mostramos a realidade do que somos de uma maneira diferente de uma reunio ou atividade pontual; nos revelam quem somos e qual a nossa verdadeira necessidade.
Inclusive aqueles que no so to sociveis aprendem a conviver nos acampamentos. Stott ava mais tempo em seu quarto do que nas atividades que organizava. Em partes porque ele no teve a oportunidade em Cambridge de fazer muito do que era necessrio para organizar algo assim, mas tambm por ser daquelas pessoas que precisavam recolher-se a cada perodo, para poder fazer as coisas da melhor maneira possvel. Somos diferentes, mas precisamos uns dos outros. No podemos viver isoladamente. Nenhum homem uma ilha, como dizia o poeta e pregador John Donne.
Nesta era da internet, volta a proliferar um cristianismo sem igreja. Existem alguns que se dedicam, inclusive, a ensinar nas redes sobre qual a verdadeira f e no tm compromisso com nenhuma comunidade. Este um problema srio no mundo evanglico, qualquer um pode s-lo. Ningum te pergunta de qual igreja voc , menos ainda se participa de uma reunio com algum. Tudo isso criou uma cultura de franco-atiradores, que quanto mais isolados, mais fanticos. Gente que tem uma centena de igrejas em sua localidade e nenhuma delas chega ao nvel que eles requerem para que sejam membros. E o pior que em vez de se envergonharem por isso, muitos exibem sua independncia com orgulho. Costumam recriminar aos demais por no serem to cristo como eles. Um pouco mais de humildade no cairia mal para ns; e entender que o cristianismo comunitrio, ou no cristianismo. No existe cristianismo sem igreja no Novo Testamento.

Jos de Segovia Barrn, pastor da Igreja Evanglica do bairro de San Pascual em Madrid. Professor da Faculdade Internacional de Teologia IBSTE de Castelldefels, do Centro Evanglico de Estudios Bblicos (CEEB) de Barcelona, da Faculdade de Teologia UEBE (FTUEBE) de Alcobendas (Madrid) e da Escola de Estudos Bblicos e Teolgicos de Welwyn (Inglaterra). Autor dos livrosEntrelneas,Ocultismo,Historias Extraas Sobre Jess,El Prncipe Caspian y La Fe de C. S. Lewis,Marcas del Cristianismo en el CineeEl Asombro del perdn. casado com Anna, e tem quatro filhos: Lluvia, Natn, No e Edn.

Publicado originalmente no site Protestante Digital. Reproduzido com autorizao.
Traduzido por Carla Ribeiro.

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