Apoie com um cafezinho
Ol&aacute visitante!
Entrar Cadastre-se

Esqueci minha senha 14113k

  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.

Opinio 3pp3w

Sou cristo. At onde devo ir com a minha imaginao? 3j33u

A pergunta, antes de ser teolgica ou crist, antropolgica. Seria como perguntar ao peixe, at onde ele deve ir na gua. Ser que ele poderia se afogar, se ele der muita trela para a gua? Ora, ele foi criado na e para a gua. Ela faz parte do ser e do seu habitat natural. Alis, ele no vive sem ela e pronto.

Acontece que o peixe muitas vezes no se d conta da gua de tanto que est envolto por ela. E a turma do deixa disso diz que ela pode ser prejudicial a ele. E, de certa forma, pode ser mesmo, mas como tudo o mais na vida, no porque seja uma caracterstica intrinsecamente maligna ou perigosa da gua. O peixe no vai se meter num esgoto, que vai contamin-lo, ou numa correnteza de gua, que ele sabe que vai arrast-lo para lugares que ponham a sua integridade em risco. Mas isso uma questo de bom senso (que, alis, tambm est cada vez mais raro nos dias de hoje).

Do ponto de vista antropolgico, o ser humano tal, que tem alma, mente e corao. certo que no se pode fazer uma separao rgida entre essas instncias, mas pode-se dizer que enquanto a razo se associa mais mente; e a emoo, ao corao; a alma est mais associada psicologia, em particular f e, pasmem, imaginao. Em primeiro lugar, porque somos uma imagem por excelncia, criados como um reflexo de Deus. A nossa imagem o que temos em comum com Deus desde o primeiro instante em que somos concebidos, o que inclusive no depende de sermos salvos ou no. Imaginao tem a ver com imagem. Tanto que a orao o momento de mxima imaginao que se pode ter, em que a nossa imagem se comunica com a imagem de um Deus invisvel, que no podemos tocar nem ouvir como os rgos dos sentidos externos, s imaginar.

C.S. Lewis, que se converteu mais pela via da imaginao, do que da razo, dizia que, enquanto a razo se concentra na verdade das coisas, a imaginao se encarrega do sentido. Uma coisa no vive sem a outra, e eu acrescentaria a emoo como ombro que une essas duas asas do anjo da compreenso humana. Sem imaginao, as coisas e, no fim, a prpria vida, perdem o sentido. No para menos que o professor sbio no fica socando conhecimentos racionais fora na cabea dos seus alunos, mas os veste de histrias, anedotas, provrbios e contos de fada.

O conto de fadas (e antes dele, o mito) um patrimnio cultural comum da humanidade desde os tempos mais remotos, que tem relao com o inconsciente coletivo o que significa que at um cristo participa dele, a menos que ele queira viver como um aliengena sobre a face da Terra. E ele tem pelo menos trs funes psicolgicas importantes para qualquer ser humano, de acordo com J.R.R. Tolkien:

Escape de uma viso ordinria das coisas, excessivamente materialista e consumista, voltada exclusivamente para o aqui e agora. O elemento da magia e do sonho contribui para esse distanciamentos saudvel da realidade do trabalho.

Consolo dos sofrimentos da vida. Afinal de contas, a vida de qualquer leitor menos dolorosa, desesperadora e ruim do que a que os heris dos contos de fada tm que enfrentar.

Recuperao das feridas da vida, que uma vez constatadas pela identificao com o heri ou mesmo com o vilo ou coadjuvantes da histria, so tratadas e saradas. Isso porque a histria sempre tem uma perspectiva positiva, esperanosa e cheia de f e amor, principalmente com o seu final feliz. Essa culminncia um prenncio da boa nova do evangelho, que Tolkien chamava de evangelium e pode preparar o terreno para uma pessoa se abrir para Jesus, que o caminho para o verdadeiro final feliz.

Alis, 90% dos filmes que vemos e dos livros que lemos tm um final feliz. Esses algumas vezes so tentativas de imitao dos clssicos contos de fada, mas muitas vezes com uma moral questionvel nas entrelinhas, que desviam da moral universal e universalizvel dos contos de fada, muitas vezes distorcendo intencionalmente essa moral, para parecerem modernos.

Ento, onde est o limite da imaginao e dos contos imaginativos? No mesmo lugar em que est o limite da comida, da bebida, das amizades e de tudo o que humano: no excesso. Quando a imaginao serve para se alienar da vida e nunca mais voltar realidade dos fatos; quando ela serve para satisfazer desejos e fantasias que no temos a coragem de realizar na prtica; quando serve para promover o mal e uma moral depravada e desviada (portanto, no bblica); quando substitui a Bblia e se torna mais importante que a doutrina, ento a est o limite.

Mas no se deve voltar poca da caa s bruxas, vendo o diabo espreita atrs de toda pgina de um Harry Potter, ou de Percy Jackson, mas considerar todas as coisas e reter o que bom (1 Tessalonicenses 5.21). Esse, alis, um exerccio de sabedoria, ou discernimento, que muitos tm preguia de realizar, principalmente pais, junto com seus filhos; e pastores, junto com as suas ovelhas. Mais fcil jogar o beb com gua do banho e condenar tudo que tenha seres fericos como feiticeiras e faunos. Ento a Bblia teria que ser condenada porque fala em serpente e diabo.

preciso considerar em que medida esse tipo de literatura est fazendo as crianas voltarem a ler e exercitar a sua imaginao de forma saudvel. Pois no o que entra no homem o que o contamina, mas o que sai (Mateus 15.11) E esse precisamente o sentido e significado dos contos imaginativos: o exerccio da sabedoria e a extrao dos valores ticos contidos nas histrias, que so perfeitamente compatveis com o cristianismo.

Leia Mais:
As crianas e a invel sensatez dos adultos
Em 2017, C. S. Lewis faz as honras da casa
No como do maravilhoso mundo de C. S. Lewis

Visite o blog cslewis.com.br

ɠmestre e doutora em educao (USP) e doutora em estudos da traduo (UFSC). autora de O Senhor dos Anis: da fantasia tica e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questo. Costuma se identificar como missionria no mundo acadmico. criadora e editora do site www.cslewis.com.br
  • Textos publicados: 68 [ver]

QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k

Ultimato quer falar com voc.

A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh

Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.