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20 de dezembro de 2012
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Somente os maias esto errados? m3h41

vspera do fim do mundo anunciado pelos maias h tempos e que aconteceria amanh, dia 21/12/2012, vale a pena perguntar: que ideia move nossa esperana (ou nossa desesperana)? O autor de Surpreendido pela Esperana, mostra duas opes bem populares hoje, mas que diferem da proposta crist de esperana. Leia abaixo trechos de Futuro Csmico: progresso ou desesperana (captulo 5 de Surpreendido pela Esperana).
Futuro csmico: progresso ou desesperana
N. T. Wright
Podemos sugerir, arriscando-nos a parecer demasiadamente simplistas, que existem duas maneiras diferentes de considerar o futuro do mundo. Ambas tm sido confundidas com a esperana crist por incorporarem alguns de seus elementos em suas narrativas, porm, nenhuma das duas chega perto da imagem oferecida pelo Novo Testamento, da qual temos alguns vislumbres no Antigo. A proposta crist no se coloca numa posio intermediria, combinando os pontos fortes de ambas e eliminando os fracos, ela nica.
Opo 1: evolucionismo otimista
A primeira o mito do progresso. Polticos, jornalistas, comentaristas polticos e muitas outras pessoas ainda acreditam nesse mito, recorrem a ele e nos incentivam a consider-lo seriamente.
O mito do progresso est profundamente enraizado na cultura ocidental contempornea, e algumas dessas razes so crists. A ideia de que o projeto humano (na verdade, o projeto csmico) continuaria a crescer e a se desenvolver, levando a um progresso ilimitado em direo utopia, remonta Renascena e teve seu impulso decisivo no Iluminismo europeu do sculo 18. O pleno florescimento dessa crena ocorreu na Europa, no sculo 19, quando a combinao entre os avanos cientficos e econmicos de um lado, e as liberdades democrticas e a disseminao da educao de outro, produziu um forte sentimento de que a histria estava caminhando a os largos na direo de um alvo extraordinrio. O eldorado estava prximo, o milnio no qual o mundo viveria em paz. A prosperidade se propagaria a partir da Europa e da Amrica, alcanando o mundo inteiro. Nem todos os filsofos, cem anos atrs, concordavam com essa linha de pensamento, mas muitos deles, inclusive alguns de enorme influncia, como Hegel, aderiram a ela com entusiasmo. Muitos polticos atuais ainda buscam inspirao nessas ideias.
O sonho utpico, entretanto, no a de uma imitao da viso crist. O reino de Deus e os reinos do mundo se unem para produzir uma viso da histria caminhando em direo a um alvo que emergir de dentro da prpria histria, e no de outro lugar. De acordo com essa viso, os seres humanos esto evoluindo inexoravelmente em direo a esse alvo. O mundo est nossa disposio para ser descoberto, explorado e desfrutado. Em vez de dependermos da graa de Deus, ns desenvolveremos todo o nosso potencial por meio da educao e do esforo pessoal. No lugar da criao e da nova criao, a cincia e a tecnologia transformaro a matria-prima desse mundo no material da utopia. Como o Prometeu mtico, desafiando os deuses e tentando governar o mundo por conta prpria, o modernismo liberal cr que o mundo pode se tornar tudo o que desejarmos se nos empenharmos um pouco mais e ajudarmos a empreender a grande marcha rumo a um futuro glorioso.
O verdadeiro problema com o mito do progresso que ele no sabe lidar com o problema do mal. Quando digo isso, no estou me referindo apenas ao aspecto terico ou racional, embora isso tambm seja verdade; estou me referindo ao aspecto prtico. Ele no consegue desenvolver uma estratgia que busque uma soluo para esse grave problema.
O mito do progresso fracassa porque ele, na verdade, no funciona; porque ele incapaz de resolver o mal cometido no ado; e, por fim, porque subestima a natureza e o poder do mal em si mesmo, deixando de enxergar a importncia vital da cruz a rejeio de Deus ao mal, que abre a porta para o seu sim criao. S no cristianismo e certamente no nas histrias seculares da modernidade faz algum sentido afirmar que os problemas do mundo no se resolvem pelo nosso esforo para alcanar a luz, mas pelo Deus criador descendo s trevas para resgatar a humanidade e o mundo de sua triste condio.
Opo 2: almas de agem
Plato ainda o pensador mais influente da histria do mundo ocidental. Para ele, assim como para Buda, o mundo presente constitudo de espao, tempo e matria apenas uma iluso, como sombras tremeluzindo em uma caverna; cabe ao homem entrar em contato com a verdadeira realidade, que est alm do espao, do tempo e da matria. Para Plato, essa realidade seria a forma eterna, e para Buda, o eterno nada. De acordo com essa viso de mundo, o modo de nos libertarmos da mortalidade seria livrando-nos de tudo que pode se deteriorar e morrer, ou seja, nosso prprio corpo.
A influncia platnica sobre o pensamento cristo pode ser sentida desde o comeo, principalmente no fenmeno conhecido por gnosticismo. Como Plato, os gnsticos acreditavam que o mundo material era um lugar inferior e escuro, e intrinsecamente mau. Dentro desse mundo, porm, podiam ser encontradas algumas pessoas que estavam ali por um propsito diferente. Esses filhos da luz seriam como estrelas cadentes, pequenas centelhas de luz, geralmente ocultas por um corpo material grosseiro. Entretanto, uma vez que tomassem conhecimento de quem eles eram, esse conhecimento (em grego gnosis) lhes permitiria entrar em uma existncia espiritual, na qual o mundo material no mais teria importncia. Aps terem entrado nessa existncia espiritual, eles ariam a viver espiritualmente, por meio da morte, em um mundo infinito, alm do espao, do tempo e da matria. O mito gnstico frequentemente sugere que a nica maneira de escaparmos de toda a confuso desse mundo seria retornando ao princpio de tudo, ao estado em que vivamos antes da criao do mundo. De acordo com essa viso, a criao, em si, a queda, por ter criado a matria, que verdadeiramente m. Essa viso imita alguns aspectos do cristianismo, mas ao mesmo tempo diverge profundamente dele.
Muitos cristos ocidentais e muitos no-cristos acreditam que o cristianismo tem se deixado contaminar por uma verso amenizada do pensamento de Plato. Uma grande quantidade de hinos e poemas cristos revela uma tendncia ao gnosticismo. A espiritualidade de agem (como na cano spiritual que diz: Este mundo no meu lar/ eu estou apenas de agem), embora tenha, claro, algumas afinidades com o cristianismo clssico, estimula uma atitude gnstica: o mundo criado , na melhor das hipteses, um lugar irrelevante, escuro, perverso e sombrio, onde as almas imortais, que existiam originalmente em uma esfera diferente, aguardam ansiosamente o momento de retornar a ela, to logo isso lhes seja permitido. H uma suposio geral, entre os cristos do Ocidente, de que o motivo principal para algum se tornar cristo a garantia de poder ir para o cu quando morrer. Textos que no se referem ao cu muitas vezes so interpretados como referindo-se a ele, e textos que dizem o oposto, como Romanos 8.18-25 e Apocalipse 2122, so simplesmente ignorados, como se no existissem.
Em vrias partes do mundo, os cristos esto sendo atrados por uma viso do futuro que apela para a destruio final da ordem criada e a um destino puramente espiritual, no sentido de ser completamente no-material. Essa percepo popular tem subsistido dentro e fora da igreja, e , supostamente, a viso dos cristos em relao ao cu e esperana que temos em Cristo.
Contrariamente a essas vises populares e equivocadas, o cristianismo declara que a obra que o Deus criador fez em Jesus Cristo, e acima de tudo em sua ressurreio, a mesma que ele deseja fazer pelo mundo inteiro mundo no sentido de todo o cosmos, com toda a sua histria. Essa esperana.
Nota: artigo baseado no captulo 5 do livro Surpreendido pela Esperana.
______________
N. T. Wright um dos mais conhecidos e respeitados estudiosos do Novo Testamento da atualidade. Bispo anglicano de Durham, na Inglaterra, foi professor das universidades de Cambridge e Oxford por vinte anos. autor de mais de quarenta livros, entre os quais Simplesmente Cristo, O Mal e a Justia de Deus e Eu Creio. E Agora?, publicados pela Editora Ultimato.
Leia mais
Criao, salvao e o futuro do cosmos
O que esperam os cristos? E o que fazem enquanto isso?
Eu creio. E agora?
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