Apoie com um cafezinho
Ol&aacute visitante!
Entrar Cadastre-se

Esqueci minha senha 14113k

  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.
Seja bem-vindo Visitante!
  • sacola de compras

    sacola de compras 142f1e

    Sua sacola de compras est vazia.

Opinio 3pp3w

Racismo e infncia: uma receita de sofrimento e reproduo de conceitos 6e1t4e

PorTerezinha Candieiro
Experincias que marcaram
Refletir sobre o tema em questo me remeteu a duas experincias que marcaram bastante a minha vida. A primeira ocorreu na minha infncia. Por volta dos 9 anos de idade eu estava brincando com uma de minhas primas na casa de uma vizinha amiga da famlia, a dona Josefina. Ela tinha um filho, chamado Juninho, de idade aproximada nossa. Gostvamos muito de brincar juntos. Certo dia, entretanto, durante a brincadeira Juninho disse sua me:
Mame, quando eu crescer vou casar com Maria.
No mesmo instante a me o repreendeu e lhe disse:
Com Maria, no... ela pretinha! Veja se escolhe uma branquinha para entrar na nossa famlia.
Aquele comentrio encheu meu corao com uma tristeza profunda, ainda que no tivesse clareza do significado exato daquelas palavras. Aquela me expressou uma opinio racista de forma to natural que demonstrava total falta de noo a respeito da dor que tal ponto de vista poderia causar em todas as crianas envolvidas. No havia vergonha ou brincadeira no tom usado, no fundo, aquelas palavras expressavam um sentimento de desvalorizao e falta de respeito a uma criana. E tal discriminao foi baseada simplesmente em caractersticas biolgicas e traos fsicos, como a cor da pele. Uma criana foi vtima de racismo por um adulto.
A segunda experincia que vivenciei aconteceu durante uma viagem que fiz frica do Sul, pas com forte tradio do apartheid, regime de segregao racial. H vrios anos, quando meu filho tinha oito anos de idade, amos uns dias de frias num resort. Haviam muitas famlias naquele lugar, mas a grande maioria dos frequentadores era de pessoas brancas. Ns ramos uns dos poucos negros naquele ambiente. As crianas estavam brincando na piscina e de repente comeou uma discusso entre dois meninos. Um deles disse com tom de voz spero, em forma de xingamento:
Voc negro, no devia estar aqui.
Houve um silncio total no ambiente enquanto o menino ofendido saia chorando da piscina. Os pais dos dois meninos demonstraram surpresa e um grande desconforto diante daquela discusso infantil e retiraram-se do ambiente o mais rpido possvel. Uma criana havia cometido um ato de injria racial contra outra criana.
As duas experincias relatadas nos fazem refletir sobre os motivos de tal viso de mundo deturpada e preconceituosa ainda permanecer to presente em nossa sociedade. Precisamos levar nossa sociedade a refletir sobre o que os pais tm ensinado aos filhos seja por meio de palavras ou de aes. Portanto, em que est baseado o valor de uma pessoa? O valor de uma pessoa deve ser estipulado por sua raa, etnia e traos fsicos; por sua classe social, por suas conquistas ou por aquilo que ela acrescenta sociedade?
Tal pai, tal filho... tal me, tal filha?
A infncia um perodo de vital importncia para a formao do carter da pessoa, estabelecimento de vnculos, aprendizagem de princpios e valores que afetaro todo o seu desenvolvimento na vida. Durante a infncia e a adolescncia as crianas aprendero como tratar o outro e como desenvolver relacionamentos de forma sadia. Portanto, aquilo que receberem de suas famlias ser reproduzido ao longo de suas vidas.
H crianas que sofrem por causa do racismo e, ao mesmo tempo, h crianas que so levadas e ensinadas a reproduzirem preconceito, discriminao racial e a proferirem injria racial contra aqueles que tm caractersticas fsicas diferentes das suas. Isso tem acontecido por muito tempo, diariamente com muitas crianas em todos os lugares e ambientes, incluindo os das igrejas.
A criana, especialmente em sua mais tenra idade, ainda no tem maturidade emocional para lidar com essas questes, tanto quando so vtimas como quando cometem atos de racismo e injria racial. Por isso, o grande questionamento da reflexo levantada seria o que pode ser feito para minimizar a dor daquelas que sofrem e para no influenciar outras crianas a cometerem atos violentos de racismo.
Crianas precisam de oportunidades para ouvir e serem ouvidas. Atravs do ato de falar e expor sua prpria opinio e tambm de ouvir a opinio de outros, as crianas so orientadas a fim de que se desenvolvam de forma saudvel, valorizando e respeitando a todos, livres de preconceitos absorvidos por uma sociedade que perpetua uma estrutura racista em sua dinmica de relacionamentos. Assim sendo, na famlia, na escola, na igreja, nas redes sociais, e em qualquer outro espao que elas frequentem que esse tema precisa ser abordado com sabedoria, de forma honesta e antidiscriminatria.
Qual seria o papel da igreja em meio a tudo isso?
necessrio questionar como a igreja tem se posicionado para minimizar o impacto do racismo nas crianas e nas pessoas de maneira geral.
O racismo uma forma de violncia e como tal atinge tambm s crianas de maneira covarde. O tratamento desrespeitoso a algum por causa de sua diferena tnica ou racial considerado como crime na legislao brasileira e em muitos outros pases.
No gostamos de pensar que existe racismo nas igrejas, porm, infelizmente isso uma realidade. Este tipo de comportamento contraria todos os ensinamentos da Palavra de Deus, que diz: porque para Deus no h acepo de pessoas (Romanos 2.11).
Certa ocasio, os discpulos queriam impedir as crianas de irem at Jesus (Mateus 19.13-15). Diante dessa ao discriminatria dos discpulos com pessoas, por serem crianas, Jesus os confrontou e os repreendeu. Jesus chamou as crianas, as acolheu e as abraou. esta atitude que se requer dos seguidores de Jesus diante das situaes violentas, incluindo atos de racismo ou injuria contra as pessoas em qualquer estgio da vida.
Racismo expresso de agressividade e reduo do outro, precisa ser enfrentado e combatido. H muitas crianas, adolescentes, jovens e adultos marcados em sua alma, e at mesmo em seus corpos, como consequncia do tratamento racista que receberam em sua infncia ou ao longo da vida. Alguns nem mesmo esto conscientes do que vivenciaram, e apenas am a se conscientizar medida que compreendem o significado de tal ato.
A igreja pode fazer toda a diferena na sociedade demonstrando de maneira prtica as atitudes de Jesus diante das injustias, desigualdades, desrespeito e desvalorizao do ser humano. A igreja um importante ambiente de aprendizagem e pode proporcionar muitas oportunidades para estimular a boa convivncia das crianas e de todas as pessoas independente de etnias.
Que a igreja no reproduza nem perpetue um comportamento violento e danoso ao desenvolvimento humano e da sociedade em geral. Que o legado eclesistico para a presente e para as novas geraes seja viver e agir semelhana do que Jesus nos ensinou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao prximo como a si mesmo (Mateus 22.37-39).
Terezinha Candieiro mestre em Artes no Programa de Desenvolvimento Integral; ps-graduada em Projetos Sociais gesto e perspectivas; licenciada em Pedagogia com especializao em Magistrio e Orientao Educacional; bacharel em Teologia com especializao em Educao Religiosa. Coordenadora geral do PEPE Internacional da Junta de Misses Mundiais da Conveno Batista Brasileira.

QUE BOM QUE VOC CHEGOU AT AQUI. 223i1k

Ultimato quer falar com voc.

A cada dia, mais de dez mil usurios navegam pelo Portal Ultimato. Leem e compartilham gratuitamente dezenas de blogs e hotsites, alm do acervo digital da revista Ultimato, centenas de estudos bblicos, devocionais dirias de autores como John Stott, Eugene Peterson, C. S. Lewis, entre outros, alm de artigos, notcias e servios que so atualizados diariamente nas diferentes plataformas e redes sociais.

PARA CONTINUAR, precisamos do seu apoio. Compartilhe conosco um cafezinho.


Leia mais em Opinio 2l1v6s

Opinio do leitor 1t5dh

Para comentar necessrio estar logado no site. Clique aqui para fazer o ou o seu cadastro.
Ainda no h comentrios sobre este texto. Seja o primeiro a comentar!
Escreva um artigo em resposta

Ainda no h artigos publicados na seo "Palavra do leitor" em resposta a este texto.