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19 de junho de 2023
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Por que a beleza importa para a teologia e para a vida? 1q1a10
Por Erica Neves

Era o meu primeiro fim de semana fora da escola responsvel pelo intercmbio. Meu colega de time e eu havamos sido enviados para ar um fim de semana com os jovens da cidade na qual iramos viver pelos prximos seis meses. A ideia era quebrar o gelo antes da nossa mudana definitiva. O outono j ia longe e o inverno se aproximava a os largos, o que dava aos noruegueses um excelente pretexto para escalar uma montanha antes do clima esfriar. Para mim, entretanto, o inverno j havia chegado e no havia agasalho capaz de esquentar meus ps gelados durante a noite ada em claro naquela cabana no alto de uma montanha.
Aps uma noite enregelante em que meus pensamentos no paravam de se voltar para o aconchego da escola que ficara para trs, o grupo decidiu fazer uma trilha pela mata e eu decidi ficar. Precisava ar um tempo sozinha. J ouvira noruegus o suficiente pelas ltimas 24 horas. Coloquei um fone de ouvido e fui sozinha explorar as trilhas mais prximas cabana em que estvamos. Encontrei um lugar confortvel e silencioso e me sentei ali para apreciar a paisagem. Naquele instante, uma msica familiar comeou a tocar. Enquanto ouvia, meus olhos foram arrebatados pela beleza da paisagem ao redor. Pela primeira vez desde que cheguei quela montanha, eu consegui apreciar os vrios tons de dourado das rvores que me cercavam. O cu estava azul e o sol brilhava e sua luz tnue de outono estava agora aquecendo o meu corao e me convidado ao deslumbramento diante do mundo criado.


Aquela hora sentada no alto de uma montanha escutando msicas que me traziam memrias da infncia enquanto contemplava uma paisagem completamente desconhecida mudou permanentemente algo dentro de mim. O encantamento provocado pela beleza do que via e ouvia cativou meu corao. Foi como se as camadas de gelo que haviam se acumulado pela saudade que sentia de casa, somadas ao meu senso de inadequao e medo do desconhecido fossem aos poucos derretendo e dando lugar ao calor do sol que me aquecia naquela manh de outono.
Aquele foi para mim um ponto de inflexo naquela viagem. Algo em mim havia mudado. Eu fora cativada pela beleza e meu corao fora tocado por aquele lugar. O medo da inadequao, aos poucos, deu lugar curiosidade. Eu queria que aquele lugar se tornasse familiar. Einstein dizia que uma sensao de encanto pelo universo muitas vezes nos conduz ao desejo de estud-lo ou apreci-lo com maior profundidade. E foi exatamente isso que aconteceu comigo. Eu estava encantada pela Noruega e meus prximos meses ali seriam constantemente marcados pelo maravilhamento causado pela beleza ao meu redor.
Na obra Para que serve a teologia? Sabedoria, significado e beleza, Alister McGrath observa que uma experincia de encanto suspende momentaneamente as formas habituais de ver o mundo e, em vez disso, atrai as pessoas para um envolvimento novo e criativo com o ambiente" (p. 111).
Para McGrath, precisamente essa experincia de encanto que leva o estudo da teologia a sustentar nosso senso de beleza, pois cria em ns o desejo de explorar e entender melhor as coisas - em parte por insinuar o quanto mais h para ser descoberto (p.111). (grifo meu)
Com isso em mente, voltemo-nos pergunta que deu ttulo a este artigo: Por que a beleza importa para a teologia e para a vida?.
A teologia envolve nossa mente, nosso corao e nossa imaginao, escreve McGrath. Ele continua: Ela nos ajuda a dar sentido ao nosso mundo e nossa vida. Ela se envolve com as grandes questes ligadas felicidade e ao bem-estar humano e permite-nos ver a realidade de uma nova forma. A teologia tem a ver com entrar em uma narrativa abrangente e encontrar o nosso lugar dentro dessa grande histria - no uma que inventamos, mas a que descobrimos junto com os outros, antes de ns, que podem enriquecer nossa prpria viso a partir de suas experincias e reflexes (p. 113). (grifo meu)
Ao possibilitar que vejamos a realidade de uma nova forma, a teologia abre os nossos olhos para o que est alm de ns e que jamais teramos visto parte dela. A transcendncia envolve todo o nosso ser, moldando a forma como enxergamos o que imanente, ressignificando nossas dores, alegrias, sonhos e frustraes. Ao entrarmos no que McGrath chama de uma narrativa abrangente e encontrarmos o nosso lugar dentro dessa grande histria, j no somos os protagonistas de nossas histrias, mas coadjuvantes finalmente aptos a apreciar o grande ato que criou e redimiu nossas vidas.
- Erica Neves, 35 anos, assessora de comunicao e professora de teologia. Tem graduao e mestrado em comunicao e curso de comunicao transcultural no Hald International Center, Noruega. casada com o Fred, me do Pedro e da Mariana e mora em Goinia, GO. Durante a graduao em comunicao, Erica fez parte da Aliana Bblia Universitria (ABUB), tempo em que aprendeu a estudar a Bblia e a ler livros de teologia. De 2012 a 2023, trabalhou como assessora de comunicao em uma agncia humanitria confessional crist, atuando cotidianamente com lderes de diversas denominaes. Em 2021 e 2022 foi aluna das tutorias essencial e avanada no Invisible College, escola em que tambm professora nos cursos Sabedoria no Caos, Teologia pro Cotidiano e Mulheres em Misso. Instagram: @erica_mrneves

No fcil assumir-se fraco. No nem um pouco confortvel vivenciar a fraqueza. Ela causa dor, limita, envergonha, humilha, incomoda, nos encurrala. , muitas vezes, o lugar do desnimo, da ansiedade, do desespero, da tristeza, da desorientao, do cansao, da indiferena. Mas tambm o lugar onde clamamos com toda a sinceridade pela fora que vem de Deus. E ele nos atende!
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