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Os refugiados, as migraes e o propsito do Criador 2nn51

Compreendamos a experincia dos movimentos populacionais e migratrios na histria, a partir do discurso de Paulo em Atenas:

... de um s fez a raa humana para habitar sobre toda a face da terra, havendo fixado os tempos previamente estabelecidos e os limites da sua habitao; para buscarem a Deus se, porventura, tateando, o possam achar, bem que no est longe de cada um de ns .... (At 17.26,27).

A raa (etnia) humana uma s e originou-se de um s (Eva e Ado), mas diferenciou-se em milhares de etnias sujeitas s pocas (oportunidades, tempos, estaes) e aos espaos geogrficos (limites, fronteiras) de sua ocupao (habitao, formas sociais e construes culturais). As mudanas de lugar nos tempos e nas pocas serviram e servem ao propsito ltimo de buscarem e encontrarem ao Criador, pois Ele no est longe de ningum.

Foram inmeras e distintas as experincias da humanidade em termos de migraes e deslocamentos, at chegarmos aos refugiados de nossos dias. Como demonstrao disso, apresentamos nesse artigo algumas migraes na histria a fim de mostrar o quanto esse fenmeno foi contnuo.

Comecemos pelo Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piau, que rene centenas de registros arqueolgicos da presena humana que remonta entre 10 a 20 mil anos a. C., ou mais, uma das regies mais antigas da morada do homem americano. Grupos humanos em levas oriundas no norte ou no sul do continente atravessaram florestas, cnions, serras e paredes a fim de encontrarem um lugar com abrigo, alimento, caa e fontes de gua.

O resfriamento da regio deu origem a uma floresta tropical com um clima favorvel fixao humana. Nos seus boqueires so encontrados traos da cultura forjada durante milnios como os restos de fogueiras, as pedras esculpidas, os artefatos de uso cotidiano, os esqueletos de enterramentos em rituais religiosos, as pinturas rupestres nas paredes das cavernas, os vestgios de alimentos como gros secos e fsseis de animais.

Nossos ancestrais desenvolveram formas de vida complexas a procura de condies de vida. Construram, at a chegada dos espanhis e portugueses, povoados, cidades e civilizaes com graus de sofisticao superiores ao dos europeus no sculo XV, a exemplo dos maias, astecas e incas. E fascinante conhecer essas vivncias dos povos antigos com seus modos rudimentares de sobrevivncia e expresses criativas de arte, de cultura e de religio. A humanidade sempre foi plural.

Desde as populaes mais simples, em termos de organizao social, at s civilizaes mais complexas, migraes e deslocamentos foram permanentes provocadas por variados fatores, no somente pelo nomadismo em busca de regies frteis: pilhagens, saques, invases, capturas, fugas e disporas. Sobre os povos indo-europeus, Mircea Eliade afirmou que o nomadismo pastoril, a estrutura patriarcal da famlia, o gosto pelas razias e a organizao militar com vistas conquistas [foram seus] traos caractersticos. 1

Os contatos interculturais e transculturais, de trocas constantes de valores e de prticas culturais, sempre marcaram a raa humana. Sob o imperativo da conquista ou das relaes polticas e comerciais, culturas se hibridizaram gerando desde as sociedades singulares at aos grandes imprios. As vises de mundo, os imaginrios e as ideologias foram foras conjuntas que sustentaram essas aes pelas mediaes culturais, tambm definidas pela desigualdade entre conquistadores e conquistados.

Grandes imprios foram responsveis pelo deslocamento de populaes com objetivos comerciais, expansionistas e civilizadores. Os assrios misturavam pessoas de diferentes lugares, tal como aconteceu com o Israel do norte em 722 a. C.. Os babilnios se apropriavam das elites e as transportavam para as suas cidades, a exemplo do reino do Sul, Jud, em 587 a. C. Os persas interligaram os povos sob os seus domnios respeitando as culturais locais, mas impondo suas prticas comerciais e istrativas. Os gregos conquistavam cidades impondo o comrcio e escravizando os derrotados. Os macednios expandiram a cultura helnica com seus avanos territoriais, unindo o ocidente ao oriente.

Uma variedade de povos veio, nos sculos I-VI d. C., desde o extremo oriente e varreu os limites de um j fragilizado imprio romano erigido em torno do mar mediterrneo. Aqueles brbaros refizeram as fronteiras culturais, lingusticas e fsicas do que viria ser a Europa moderna. Tribos e cls rabes islamizadas engendraram conquistas na sia menor at a capital bizantina e rumaram pelo norte da frica adentrando a pennsula ibrica nos sculos VII-IX. Inicialmente, as dinastias muulmanas respeitaram os costumes, as religies e as prticas locais, mas impam gradativamente a sua religio.

A Europa central no medievo barrou esse avano e cristianizou suas cidades e feudos, partindo, nos scs. XI-XIII para o oriente em cruzadas de reconquista da terra santa, acirrando o dio histrico. No alvorecer da modernidade, essa civilizao dita crist partiu para as ndias em reao ameaa turca e ruptura da cristandade causada pela Reforma Protestante, impulsionada pelos interesses comerciais. Indgenas e africanos foram explorados e escravizados, aqueles domesticados em nome da religio e esses arrancados da frica dos sculos XVII a XIX. Disporas africanas.

Uma nova expanso imperialista europeia se deu no sculo XIX, tendo o cristianismo como fora religiosa identificada com a civilizao tomada como superior, resultando em duas grandes guerras europeias e mundiais. Aps a segunda guerra, o fenmeno dos refugiados se agravou no contexto da guerra fria, da descolonizao e dos conflitos locais tnicos e religiosos, acirrados pela dominao europeia e norte-americana.

-- Este o primeiro artigo de uma srie de trs sobre o assunto.

Nota:
1. ELIADE, Mircea. Histria das crenas e das Ideias Religiosas: Da Idade da Pedra aos mistrios de Elusis. Trad. Roberto Cortes de Lacerda. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.

Foto: Portas Abertas.

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Lyndon de Arajo Santos historiador, professor universitrio e pastor da Igreja Evanglica Congregacional em So Lus, MA. Faz parte da Fraternidade Teolgica Latino-americana - Setor Brasil (FTL-Br).
  • Textos publicados: 35 [ver]

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