O que eu aprendi com a igreja sul-coreana s1937

Jornalista brasileiro do interior do Amazonas relata sobre a igreja sul-coreana a partir de sua participao no IV Congresso Lausanne sobre Evangelizao Mundial em Seul, Coreia

Por Phelipe Reis

Estou em Incheon, Coreia do Sul. Sa do interior da Amaznia, enfrentei uma viagem de dezenas de horas e vim para o outro lado do globo para participar do IV Congresso Lausanne sobre Evangelizao Mundial. O evento reuniu 5200 pessoas, de 202 pases. Imagina o que organizar a estrutura e a logstica de um evento para receber essa quantidade de pessoas?

Desde o primeiro dia, fiquei surpreso e impactado com a organizao dos irmos e irms da igreja sul-coreana. Eles fazem as coisas com muita excelncia. Observei isso desde a visita que fiz , a Igreja Presbiteriana SaRang maior igreja presbiteriana do mundo , at aos detalhes do Congresso, realizado no Songdo Convensia.

Mais de 1600 voluntrios estavam envolvidos no evento. Homens e mulheres, jovens e adultos, muitos de cabelos brancos. Quando os via alegres, organizando as filas dos nibus, ao final de cada dia, eu ficava pensando: Eles poderiam estar descansando em suas casas, mas preferiram vir organizar as filas, servir alimentos, segurar cartazes informativos, orientar a distribuio dos nibus, repor refrigerantes e cafs gelados, nos vrios freezers em que podemos pegar bebidas gratuitamente a qualquer momento. O mais incrvel que eles pareciam no se cansar e faziam sempre com um lindo sorriso no rosto.

Um dos irmos brasileiros que dividia a mesa comigo todas as manhs no congresso, contou que certo dia estava saindo do hotel para o local do evento e acabou perdendo o nibus que faz o traslado. Ele verificou o app para pedir um carro, mas o valor era alto e por isso resolveu esperar. Ento, encontrou na sada do hotel uma irm coreana que tambm estava indo para o local do evento. Ela havia pedido um carro por aplicativo e, simplesmente, fez questo de que ele fosse no carro junto com ela e se recusou a dividir o valor da corrida. Ela queria pagar sozinha. No trajeto, ela contou ao irmo que estava indo para orar, e explicou que as igrejas sul-coreanas fizeram uma escala de orao, em que a cada dia as pessoas oravam ao redor do local do evento, de 9h da manh s 9h da noite.



Na noite de quinta-feira, 26/9, durante o evento, houve uma belssima apresentao teatralizada, com imagens incrveis num enorme telo de led, contando a histria da Coreia e do surgimento da igreja sul-coreana. Uma histria marcada por guerra, fome, divises, sofrimento, perseverana e sangue. Sangue de homens e mulheres que conheceram a Jesus e pregaram o evangelho corajosamente, a ponto de serem mortos por soldados norte-coreanos, nos tempos de guerra que os pases vizinhos viveram. Entre tantas coisas que me marcaram nessa apresentao, saltou-me aos olhos o fato de a igreja sul-coreana ter sido construda nos trilhos de uma obedincia radical, que integrava o fervor missionrio e a ao social, visando a transformao do pas.

Alm de celebrar a sua independncia, o crescimento da igreja, o fervor missionrio, a vida dos mrtires que pregaram o evangelho com coragem, tambm houve na apresentao espao para reconhecimento dos pecados e fraquezas da igreja sul-coreana. Reconhecimento de que grandes igrejas sul-coreanas se deixaram seduzir pelo poder, dando espao para a corrupo e comprometendo o testemunho da igreja. Houve arrependimento. Arrependimento necessrio para uma igreja cuja maioria ainda tem dificuldade de acolher refugiados norte-coreanos, conforme explicou um pastor sul-coreano que vive no Brasil.

Tudo isso me faz pensar e reconhecer o quanto preciso aprender com esses irmos e irms. Servir com humildade e alegria. Pregar o evangelho e agir pela transformao social com a mesma ousadia e coragem, mesmo que isso tenha um preo a ser pago.

Eu no fui o nico a perceber de maneira positiva a acolhida e o servio dos irmos sul-coreanos no Congresso. Na ltima noite do evento, um dos apresentadores no palco principal disse que, embora tantas coisas boas e importantes tenham acontecido durante aquela semana, o que mais o impactou foi a recepo e o servio dos irmos sul-coreanos. Vrias pessoas relataram o mesmo sentimento.

Louvo a Deus pela igreja sul-coreana e sou grato aos irmos e irms por me abenoarem e me ensinarem tanto nesses poucos dias. Kamsa-hamnida [obrigado]!

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