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Opinio 3pp3w

Nem s heris, nem s governantes 5o1x61

Fui motivado por uma demanda dos estudantes universitrios uruguaios, desejosos de entender como sua f delineia a maneira como incidimos no espao pblico. Entrei ento no espinhoso desafio de buscar entender como incidimos na sociedade, os possveis caminhos, mas tambm as penosas dificuldades. Compartilho aqui algumas ideias iniciais, dentro dos limites do espao e escopo de um breve artigo.
Parece que muitas vezes imaginamos que as ideias mudam o mundo. Outras vezes pensamos que os atores principais das mudanas so os indivduos, que, no exerccio de sua autonomia e razo, em especial se so gnios carismticos, produziro grande impacto na sociedade. Esse tipo de idealismo e individualismo algumas vezes aparece na roupagem de um certo tipo de pietismo cristo expressado no conceito de que ao mudar as mentes e os coraes das pessoas teremos uma nova nao e sociedade. Converter o indivduo seria ento suficiente, pois tudo o mais viria como consequncia.
Confesso que minha prpria ao missionria por toda a minha vida tenha sido nutrida desse tipo de expectativa. Ainda iro lderes cristos como os irmos Wesley e tambm Wilberforce, que com suas aes missionrias foram agentes de profundas mudanas em seu tempo. Vejam o caso de Wiliam Wilberforce, que somente depois de 42 anos de lutas no parlamento britnico viu seu projeto de lei que abolia a escravido ser aprovado.
Mas como se do essas mudanas? E seria esse o caso de um heri que agiu sozinho? No, pois houve uma rede de homens de negcios, das igrejas, das artes e da poltica que se juntaram com o propsito explcito de promover reformas sociais. Esse grupo, conhecido mais tarde como Crculo de Clapham (Clapham Sect ou ainda Clapham Saints) foi muito influente na Inglaterra do incio do sculo XIX.
O exemplo do grupo de Clapham refora a ideia de alguns socilogos1 que defendem a tese de que no pela fora de uma ideia ou pela simples converso de coraes e mentes que chegaremos a ver mudanas nas estruturas de uma cultura e sociedade. Que na verdade essas mudanas so mais complexas, difceis ou impossveis de controlar e prever, mas que quando ocorrem frequentemente esto associadas a elites educadas, redes e instituies que se tornam centros de poder e influncia.
Reconheo que tenho dificuldades com essa ideia, a de que as principais mudanas se do normalmente de cima para baixo, ou do centro para fora. Penso em Jesus e seus discpulos, na periferia do mundo da poca; tambm nas mulheres escravas que foram lderes de muitas daquelas primeiras comunidades. Mas provocado por algumas leituras, tambm presto ateno agora no argumento de que Paulo e a maioria dos pais da Igreja eram uma elite educada e altamente qualificada, que a f se expandiu at atingir os centros de poder e que, desses centros de prestgio e influncia, muitas vezes exercendo o poder de maneira ambgua, a f se espalhou e se consolidou em diversas partes do mundo.
Isso me leva a outro ponto relacionado ao tema da incidncia na sociedade. O que fazer com a aspirao de alguns por uma nao crist? Seria possvel ou mesmo desejvel? Sem entrar no mrito da discusso se sequer j tivemos alguma nao crist na histria, sugiro que muitas vezes esse caminho est talhado pela ambio de que certos valores ou princpios sejam impostos pela coero, imposio ou pela lei. perigosa a ideia de que se pode mudar o comportamento das pessoas pela fora de uma poltica de estado. Parece que muitos cristos, seja direita ou esquerda, creem que a principal maneira de incidir na sociedade se d atravs da mobilizao poltica, do referendo, do voto ou da lei.
Ainda que leis ou polticas pblicas mais justas sejam desejveis, o ideal seria a ao de cristos que defendam em todas as reas de ao o bem comum de todos, em especial dos menos favorecidos e sem voz, e no simplesmente a defesa dos seus direitos como cristos. Liberdade religiosa ou de expresso um bem para todos; a defesa da vida digna tambm.
Mas como entrar nesse debate a partir de uma perspectiva da f? Se adequadamente excluo a coero e os interesses sectrios, ento surge o espao para a investigao (no a arrogncia de achar que j se tem a resposta para todos os problemas), o debate respeitoso (no o ataque com nsias de destruir o outro), o dilogo (no a tergiversao a respeito do que cr o outro), a persuaso (com humildade e responsabilidade compartilhando o que se cr), levando a aes baseadas no s em valores abstratos, mas em uma presena crist humilde, fiel e atuante nas diversas esferas da sociedade.
As cosmovises e as matrizes de cada cultura, ainda que dinmicas e sempre em mudana, no se transformam da noite para o dia, nem qualquer grupo deve acreditar ingenuamente que tenha em suas mos as chaves para conduzir essas mudanas. Evangelismo, aes polticas, mobilizaes sociais, todo tipo de produo cultural em vrias esferas da sociedade, sero por si s positivos, mas no necessariamente ou separadamente a panaceia para desafios enfrentados ou os caminhos certos para as mudanas esperadas.
As aes mais significativas sempre sero as menos interessadas no poder e mais interessadas nos beneficirios de um almejado bem comum, menos enfocadas na dominao de uma agenda ou de seus direitos e mais dirigidas aos direitos de todos, em especial dos mais excludos e margem. No final das contas, muda-se uma sociedade (se que chegamos a ver o final de certos processos) menos por estar interessado nessas mudanas como um fim em si mesmo do que por estar sacrificialmente comprometido com o servio, a doao e preservao da vida.

Nota:
1. Como o excelente e, s vezes, polmico livro de James Davison Hunter, To Change the World: The Irony, Tragedy, and Possibility of Christianity in the Late Modern World, Oxford University Press, 2010.

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casado com Ruth e pai de Ana Jlia e Carolina. Integra o corpo pastoral da Igreja Metodista Livre da Sade, em So Paulo (SP), serve globalmente como secretrio adjunto para o engajamento com as Escrituras na IFES (International Fellowship of Evangelical Students) e tambm apoia a equipe da IFES Amrica Latina.
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