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Opinio 3pp3w

Louis Braille e a nitidez do amor cristo ao prximo 5v71r

Por Davi Lago
Assim brilhe a luz de vocs diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocs, que est nos cus
MATEUS 5.16
Louis Braille (1809-1852) perdeu a viso aps um acidente na infncia: aos trs anos de idade ele feriu o olho esquerdo na loja de selas e arreios de seu pai na cidade de Coupvray, distrito de Seine-et-Marne, na Frana. O machucado severo infeccionou e alcanou o outro olho. As privaes ocasionadas pela cegueira no impediram Louis se destacar ainda na infncia: foi um jovem assduo na igreja local e proativo na escola, a ponto de se tornar lder de turma. Com a articulao do padre Jacques Palluy, amigo da famlia Braille e grande incentivador, Louis ganhou financiamento para estudar no Institut Royal des Jeunes Aveugles de Paris (Instituto Real de Jovens Cegos de Paris). Nesta escola, Louis Braille entrou para a histria da civilizao ao elaborar seu mtodo de leitura para cegos.
O mtodo Braille no partiu do nada, mas dos mtodos iniciais de leitura ttil, tambm conhecidos como anagliptografia. As primeiras tentativas foram realizadas pelo fundador do instituto, Valentin Hay: ele percebeu que as folhas impressas na grfica exibiam no verso todas as letras em relevo, porm invertidas. Hay aplicou essa ideia de letras em relevo para alfabetizar alunos cegos atravs do tato. Outro o foi dado pelo militar francs Charles Barbier cujo objetivo era criar um sistema para mensagens noturnas em campos de batalha. Barbier no trabalhou com letras em relevo, apenas com pontos. Neste sistema, havia grupos de doze pontos que formavam uma letra. O problema que os mtodos de Hay e Barbier eram lentos e ineficientes. Foi ento que Louis Braille, ainda muito jovem, entre 15 e 16 anos, testou e apresentou seu prprio sistema de leitura palpvel, reduzindo cada letra para apenas seis pontos (a cdula braille composta de seis pontos dispostos em duas colunas cada coluna com trs pontos; conforme a posio dos pontos marcados forma-se uma letra, nmero ou sinal; em cada cdula so possveis 63 combinaes diferentes). O mtodo funcionou: a velocidade e fluncia da leitura aumentaram consideravelmente. A utilidade prtica do sistema foi logo comprovada e j em 1830 aplicada na escrita escolar especial. O prprio Louis tornou-se professor. O novo mtodo possibilitou o o dos cegos grande parte da educao que antes lhe era invel.
A devoo crist de Louis Braille em toda vida foi marcante. Influenciado pela famosa concertista Maria Theresia von Paradis (cega como ele desde a infncia), Louis estudou msica e tornou-se exmio organista. Ele foi o organista oficial da Igreja Saint-Nicolas-des-Champs de 1834 a 1839, e depois na Igreja Saint-Vincent-de-Paul em 1845. Servir na igreja lhe trazia muita alegria1. Homem de f, Braille trabalhou na divulgao de seu mtodo em outras naes enviando exemplos de leitura com a orao do Pai Nosso. Conforme afirmou seu colega e professor Alexandre Franois-Ren Pignier, Braille incluiu trechos da Orao do Senhor em latim, francs, italiano, espanhol, alemo e ingls [...] enviados a todas as instituies para cegos existentes: Filadlfia, Glasgow, Edimburgo, Bruxelas, Madrid, Budapeste, Copenhague2. Destaca-se a maneira como Braille compreendia sua prpria vida: uma misso divina. De acordo com a obra biogrfica referncia Notice Biographique sur Louis Braille, escrita por seu ex-aluno e amigo, Hippolyte Coltat, Braille afirmou estou persuadido de que minha misso sobre a terra est terminada; ontem saboreei as delcias supremas; Deus se dignou a fazer brilhar diante dos meus olhos os esplendores das eternas esperanas3. Louis Braille morreu aos 43 anos de tuberculose em 6 de janeiro de 1852.
No curso do sculo 19 ocorreram desafios na implementao do braille como a resistncia de alguns educadores e os altos custos para a produo do material adaptado. Contudo, aqueles que resistiram foram completamente vencidos. Pouco a pouco o mtodo conquistou autoridades mundo fora. Uma das primeiras naes a demonstrar interesse foi o Brasil. Conforme a pesquisadora Pamela Lorimer afirmou em sua tese de doutorado sobre a evoluo do mtodo Braille pela Universidade de Birmingham: uma apreciao mais ampla ocorreu em 1854, quando o Imperador do Brasil encomendou uma cartilha portuguesa e pagou por um novo e completo conjunto de tipos para esse fim (uma cpia exibida no museu Coupvray)4. Na Alemanha, do mtodo foi adotado no ensino para cegos em 1879 e assim sucessivamente pelos pases da Europa, Amrica e demais continentes. A Unesco estabeleceu em 1951 o cdigo internacional do braille e fundou o Conselho Mundial Braille padronizando a escrita para cegos mundialmente.
Em 1952, no centenrio da morte de Braille, as autoridades sas exumaram seus ossos e o acolheram no Panthon onde esto sepultados os maiores heris da nao. No mesmo ano, o sagaz poeta da lngua inglesa T. S. Eliot, Nobel de Literatura em 1948, escreveu: talvez a honra mais duradoura para a memria de Louis Braille seja a honra consciente que lhe prestamos, aplicando seu nome ao mtodo que ele inventou e, neste pas, adaptando a pronncia de seu nome a nossa prpria linguagem. Honramos Braille quando falamos em braille. Assim, sua memria tem uma segurana maior que a das memrias de muitos homens mais famosos em seus dias5. Braille considerado hoje um benfeitor da humanidade. Seu nome foi incorporado diversos idiomas e dicionrios incluindo o portugus como a palavra braile. Na computao, a linguagem braile considerada a primeira forma de linguagem binria da era moderna. No direito, em todo o mundo h leis estabelecendo o sistema braile como forma de integrao cidad dos deficientes visuais. No Brasil, por exemplo, obrigatrio linguagem braile em elevadores e caixas de remdio. Desde o Decreto n 5.296 de 2004 o braile ou a ser um direito do cidado.
O alcance inegvel de uma f amorosa
Inquestionavelmente uma f amorosa tem um alcance profundo: no tempo, no espao, nas conscincias. Atitudes baseadas no amor se espalham silenciosamente e tem efeito duradouro. A impressionante trajetria de Braille um exemplo moderno do alcance de uma f amorosa e prtica. despeito de todo sofrimento que enfrentou, Braille manteve uma atitude comiva com as outras pessoas. Quem conviveu com ele testemunhou acerca de sua extrema simplicidade e dedicao em ajudar os outros. Em seus dias ele no aparentava ser um cone da humanidade. Antes de ser levado ao Panthon, ao lado de gente como Ren Descartes e Marie Curie, o corpo de Braille estava em uma sepultura simples, ao lado dos restos de seu pai Simon-Ren e de sua irm Marie-Cline. Com o ar do tempo, contudo, os ses reconheceram os inegveis frutos do trabalho de Braille. Depois dele, milhes de cegos aram a ler com seus dedos.
Poderamos destacar ainda a f do prprio Valentin Hay (1745-1822), o criador da primeira escola para cegos do mundo, onde Braille construiu sua carreira. Hay pertencia a um movimento de teofilantropia6, ao social direcionada pela f, e estruturou sua escola para cegos inspirado no trabalho do abade Charles-Michel de Lpe (1712-1789). Lpe tambm merece destaque por sua f amorosa e seu pioneirismo: ele organizou em 1760 o Institut National de Jeunes Sourds-Muets de Paris (Instituto Nacional de Jovens Surdos-Mudos de Paris), a primeira escola para surdos do mundo. O padre Lpe enfrentou resistncia de lderes da igreja insensveis aos sofrimentos dos surdos. Essas figuras religiosas obscuras no s atrapalharam os esforos do padre, como afirmaram que os surdos no eram dignos como as outras pessoas. De acordo com eles, os surdos eram inferiores por serem incapazes de ouvir as pregaes a justificativa foi uma citao anmala do texto bblico de Romanos 10.17: a f vem pelo ouvir. O problema destes oponentes no era apenas a irracionalidade teolgica, mas hipocrisia e falta de amor. Assim, o abade Lpe refutou sem dificuldade seus opositores e ainda respondeu com Joo 20.31, onde se afirma que o evangelho foi escrito para que vocs creiam que Jesus o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome. Lpe defendeu a igual dignidade dos surdos diante dos outros seres humanos: mesmo que no pudessem escutar, poderiam ler e crer nos evangelhos; ler o evangelho tambm ouvir7. Graas a atividade deste padre os surdos aram a ter estatuto de cidados nas leis sas e os sistemas de linguagem para surdos foram estruturados na Frana. A partir daquela escola os esforos em prol dos surdos se espalharam por todo o mundo alcanando o Brasil e o desenvolvimento da lngua brasileira de sinais (Libras).
Assim como Braille, Hay e Lpe foram decisivos no cuidado com deficientes visuais e auditivos, poderamos citar um exrcito de benfeitores cristos que reconfiguraram as obras de educao e ajuda ao prximo na histria. Poderamos apresentar exemplos atuais como: a mais relevante das organizaes ambientais no-governamentais do mundo, a mais importante organizao independente no combate tortura do mundo, e a maior organizao humanitria do mundo. Todas tm em sua origem fundadores vinculados tradio crist: O Greenpeace foi cofundado pelo casal de cristos quakers Irwing e Dorothy Stowe, a Anistia Internacional foi fundada pelo cristo catlico Peter Benenson, a Cruz Vermelha foi criada pelo cristo protestante Henry Dunant.
Neste tema especfico do auxlio aos cegos e surdos, por exemplo, as convices e prticas crists estabelecem um contraste espantoso com seu entorno histrico. As culturas antigas, incluindo a greco-romana, eram agressivas com bebs cegos. Conforme Leonardo Fortunato Puga afirmou: posturas como infanticdio ou abandono de bebs e crianas cegas eram corriqueiras [...] quando as sociedades se estruturaram de maneira mais complexa, os cegos aram a ser vendidos como escravos, sobretudo mulheres para fins de prostituio; contudo, a grande massa sobrevivia como pedintes8. A f crist alterou este quadro. Existem registros de que cristos criaram asilos para cegos j no sculo 4, sendo que no ano 630 estabeleceram um typholocomium (typholos = cego; komeo = cuidar) em Jerusalm9. Isaas Pessotti, por exemplo, afirmou que foi a influncia direta da f crist que mudou a condio dos deficientes de coisas para pessoas: Graas doutrina crist os deficientes comeam a escapar do abandono [...] Como para a mulher e o escravo, o cristianismo modifica o status do deficiente que, desde os primeiros sculos da propagao do cristianismo na Europa, a de coisa a pessoa10. Enquanto cegos e surdos eram reiteradamente abandonados em diversas culturas, o fato que na tradio crist foram considerados dignos e valorosos como qualquer outra pessoa.
Davi Lago pesquisador do Laboratrio de Poltica, Comportamento e Mdia da Fundao So Paulo (PUC-SP) e capelo da Primeira Igreja Batista de So Paulo.

NOTAS
1. KUGELMASS, Alvin. Louis Braille: Windows for the Blind. New York: Julian Messner, 1951, p.77.
2. PIGNIER, Alexandre Franois-Ren. Essai historique sur lInstitution des Jeunes Aveugles de Paris. Paris: Imprimerie de Madame Veuve Bouchard-Huzard, 1860, p.107.
3. COLTAT, Monsieur Hippolyte. Notice Biographique sur L. Braille in: BRAILLE, Louis. Nouveau procd pour reprsenter par des points la forme mme des lettres les cartes de gographie les figures de gomtrie les caracteres de musique, etc. lusage des aveugles. Dijon: Nielrow Editions, 2016. Edio Kindle, posio 246.
4. LORIMER, Pamela. A critical evaluation of the historical developmente of the tactile modes of reading and analysis and evaluation of researches carried out in endeavours to make the braille code easier to read and to write (Ph.D. thesis). University of Birmingham, 1996.
5. ELIOT, T. S. Some Thoughts on Braille. New Outlook for the Blind, Volume 46, December 1952, pp.287-288.
6. RAVAUD, Jean-Franois. Valentin Hay: french pedagoge in: ALBRECHT, Gary L (org). Encyclopedia of Disability, Vol.1. Thousand Oaks, California: Sage, 2006, p. 819.
7. O captulo III da obra clssica de Ferdinand Berthier sobre a vida do abade pe apresenta os detalhes deste embate vencido em favor dos surdos (Cf. BERTHIER, Ferdinand. Labb de lpe. Paris: Michel Levy Frres Libraires-diteurs, 1852). Verso digital disponvel pelo The Project Gutenberg Ebook em <http://www.gutenberg.org/files/36972/36972-h/36972-h.htm>.
8. PUGA, Leonardo Fortunato. Perspectivas histricas da educao do cego in: Journal of Research in Special Educational Needs, Volume 16, Number s1, 2016, pp.823-826.
9. SCHMIDT, Alvin J. How Christianity Changed the World. Grand Rapids, Mich.: Zodervan, 2001, p.183.
10. PESSOTTI, Isaas. Deficincia mental: da superstio cincia. So Paulo: EDUSP, 1984, p.4-5.

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