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"Eu no consigo respirar": tempos de violncia, descaso e pandemia 3z255l

PorLuiz Fernando dos Santos
"Fiquei muito tempo em silncio, e me contive, calado. Mas agora, como mulher em trabalho de parto, eu grito, gemo e respiro ofegante (Is 42.14).
A frase que d o ttulo a este texto tem indignado e assombrado o planeta nas ltimas semanas. Foram as ltimas palavras do cidado George Floyd, afro-americano, brutalmente assassinado por um policial branco em Minneapolis, nos Estados Unidos da Amrica. Durante os seis minutos em que agonizou conscientemente, essas foram as suas ltimas palavras: Eu no consigo respirar, (nos outros dois minutos de desumana violncia, ele j estava inconsciente). As palavras quase gemidas, quase inexprimveis de Floyd foram amplificadas no mais inimaginvel volume j concebido. Ecoou em alto e bom som de Minneapolis para todos os cantos do planeta e foi emprestada s mais variadas e angustiantes situaes de asfixias existenciais. Extrapolou o movimento vidas pretas importam, legtimo no centro das suas reivindicaes contra o racismo estrutural, cultural e de toda ordem, talvez discutveis em outras bandeiras levantadas, mas legtimo.
O desespero de George Floyd encontra plena consonncia e ressonncia na agonia de milhes de homens e mulheres no planeta e no Brasil mais especialmente, que precisam receber tratamento em uma Unidade de Terapia Intensiva, por conta dessa pandemia, e no conseguem atendimento por falta de leitos, insumos, profissionais etc. Estes, agonizam por dias, contando as dolorosas horas pelas quais vm a vida se esvaindo em respiraes cada vez mais dramticas, mais exasperadas at no terem mais foras para puxar o ar. Esses, seguramente, repetiram essas mesmas ltimas palavras: Eu no consigo respirar. Em sua grande maioria so vtimas do mesmo mal que acometeu o americano Floyd, vtimas da marginalizao institucionalizada, do descaso pblico, da inrcia da elite e no raras vezes, do ensurdecedor silncio de homens bons. So vidas relegadas nos amontoados urbanos desumanos das favelas sem saneamento, sem ateno primria na sade, sem educao, lazer, cultura e ainda tendo que conviver e sobreviver violncia endmica.
Sem diminuir ou esvaziar em nada a fala da vtima de Minneapolis, tambm anda difcil respirar o ar txico da poltica, de maneira acentuada aqui no Brasil. asfixiante a completa incapacidade dos nossos gestores maiores em meio a essa crise sanitria, istrar para o bem pblico, deixando de lado as diferenas ideolgicas (se que elas existem de fato) e os diferentes interesses. Em vez disso, como personagens de cortio ou lavadeiras a beira do rio, de muitos contos, romances e do imaginrio brasileiros, encontram tempo pata trocar farpas, insultos e insinuaes pelas redes sociais. Ficam cata dos deslizes alheios, como hienas esfaimadas, para depois jogarem aos quatro ventos na esperana de obterem alguma vantagem. Enquanto a temperatura da fogueira das vaidades sobe, a cada um minuto (1.440 por dia, nmeros sem muita maquiagem), um brasileiro morre em decorrncia da pandemia de Covid-19 e do letal vrus do descaso das autoridades pblicas.
Tambm anda muito difcil respirar no poludo ambiente evanglico, de maneira especial, na terra de ningum das redes sociais. Um ambiente onde o amor fraternal, o respeito pela integridade moral, o acolhimento das diferenas em Cristo e o direito de discordar em coisas que orbitam em torno da f, simplesmente inexistem. Fico surpreso, inclusive, com a idolatria (verdadeiro culto personalidade e ao personagem) que muitos evanglicos prestam de maneira acrtica, confundindo e misturando plataformas polticas com o Reino de Deus. Na verdade, essa tentao parece nos acompanhar, j prevista em Apocalipse, e nos seguiu ando pelo Constantinianismo, pelo Sacro-imprio romano-germnico, pelas lutas intestinas dos puritanos, pelo movimento missionrio-colonialista e etc. Sempre h quem confunda agendas humanas e interesseiras com a agenda do Reino dos Cus. Mas, tambm me surpreendo com opositores de ocasio, de ltima hora que j vestiram as mais antagnicas cores desse estranho espectro poltico.
Me assusto com os ionalismos irracionais que se deixam levar por discursos inflamados e no atentam muitas vezes para as verdadeiras pautas que esto em jogo. Muitas delas, impossveis e irreconciliveis com o Evangelho. Mas, o mais sufocante o linguajar pesado, ferino, desrespeitoso, jocoso, numa palavra, inapropriado aos santos. E o que falar das manipulaes da grande imprensa, mas tambm das terrveis Fake News? difcil no perder o flego. Quando voc estiver para levantar bandeiras, e engajar preciso, sem engajamento no h testemunho, lembre-se de um outro homem que morreu tambm de asfixia, sem conseguir respirar. O ambiente em que ele viveu era humanamente irrespirvel, opressor, violento, ditatorial, sem liberdades, com pobreza e enfermidades expostas luz do dia. O mal e o cheiro nauseabundos eram inveis. Entretanto, ele sempre falou com amor, ensinou com brandura, discordou com respeito, condenou os erros para corrigir, anunciou a esperana e tocou as vidas, inclusive a de seus algozes, para os abenoar. No fim, j quase sem foras para respirar deu alento e salvao para um odioso ladro e em seu ltimo suspiro, disse, Est Consumado, Pai, tuas mos entrego o meu esprito.
Os discpulos de Cristo sabem valorizar um suspiro, se importam com cada dor, se deixam sensibilizar com cada lgrima, se indignam com cada injustia, sabem quanta exasperao h numa asfixia, mas, sabem tambm que a revolta e a rebeldia e o dio no so o melhor caminho, desde que no tirem os olhos da cruz.

Luiz Fernando dos Santos(1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminrio Presbiteriano do Sul e no Seminrio Teolgico Servo de Cristo.
  • Textos publicados: 105 [ver]

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