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04 de junho de 2012
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Em busca de razes 634f1v

At antes de o site Nossa Brasilidade ser aberto ao pblico e todo o contedo dele comear a ser levado a srio por alguns leitores mais desocupados, nas ruas e nos templos era assim que os cristos e artistas brasileiros pensavam seu ofcio, aqueles que assumiram uma posio de resistncia, principalmente, diante do polmico movimento gospel:
Que beleza! Por que a gente no faz uma arte crist com razes brasileiras? hora de valorizar nossa terra! At quando vamos ficar importando frmulas estticas? Esse imperialismo americano, ingls, australiano, anglo-saxnico - seja qual for - no pode dominar nossa arte. Vamos fazer um novo cntico que se aproprie dos ritmos nacionais! Uma hinologia com a cara do Brasil.
Esse um movimento forte representado por nomes como Gerson Borges, Stnio Marcius (inigualvel) e Gladir Cabral (poeta de grande calibre). A ideia de brasilidade era construda assim: o Brasil est aqui, a msica crist deste lado - importando frmulas do mundo de l, para acinzentar os cultos daqui. Ento vamos fechar o cerco, pegar o contedo evanglico e dar a ele forma e colorido nacional. Isso mesmo: uma msica de adorao com razes brasileiras. Brasil a sncope, o lund, o frevo, o samba, o forr, e claro, a bossa nova! Como meus amigos amam a bossa nova. Como os reformados, no carismticos, amam Joo Gilberto e toda a construo identitria erguida sobre sua batida! O Brasil est ali, e o cristianismo c. Deixa eu pegar o Brasil e erguer uma adorao tupiniquim.
Ei! Sem guitarras, por favor!, gritam os mais puristas, pr-tropicalistas cristos esses que, se estivessem vivos poca, marchariam tambm contra a guitarra eltrica juntos com Gilberto Gil, Edu Lobo, Jair Rodrigues e Elis Regina, em 1967. Acreditem, ainda hoje, neste movimento que pensa a msica de adorao com razes brazucas, tem gente perguntando qual a brasilidade de uma guitarra Fender. No me refiro aos mestres citados acima - dois deles conheo mais de perto e sei que no pensam assim. Esse s um anacrnico parnteses.
Pobres leitores que me aturam, tive a sorte de perceber uma controvrsia nisso tudo: se existe de fato uma msica brasileira de adorao, essa a pentecostal e no existe outra! O que os meus amigos fazem reutilizar estticas j construdas pelo nosso povo sem que isso signifique em novo ritmo, novo gnero. Continua a se pensar em MPB, s que santificada e intelectualizada. O mesmo fazem alguns ramos nacionalistas do gospel (sem a riqueza intelectual dos reformados, dizem os mais crticos). Muda no fim das contas a grife e a potica, mas o projeto o mesmo. Se algum criou uma msica evanglica brasileira, precisamos dizer quem: os pentecostais. Digo outra vez e ainda terei oportunidade para ir mais fundo, mas me interessa agora apenas isso: apontar para uma controvrsia e respeitosamente deixar opinio sobre tal quiproqu.
Aquele entediante debate - gospel, no gospel, secular e sagrado - anda desgastado e cheio de lero-lero. Pastores famosos a princpio extremamente envolvidos com a msica gospel - no aguentam mais os shows com artistas dessa sigla. Renomados senhores da grife, cantores de grandes plateias improvisam entre a solido estrelar e a execuo secreta de fmeas no cio, aumentando a populao de filhos bastardos por onde am maches da adorao. Maracutaia, falcatrua, perseguio, coronelismo religioso, misticismo e barulho, muito barulho abafado pela "fraqueza" da nossa religio: o perdo e a segunda chance. Isso faz dos que transitam neste mercado, homens cticos, embora complacentes, pragmticos e sem poesia; pois j h muito tempo no veem mais a pureza e a simplicidade de uma gente honesta que faz uma arte real. Isso faz de outros grandes adversrios de tudo que se chama gospel, pois no acreditam que possa existir nesse movimento algum que sobreviva, assim como no deve ter em Braslia algum que leve a srio a poltica. No a toa que vemos a arte desses adversrios fincados numa vontade de revidar, de expor a doena do outro, de atacar, de mostrar como se mais santo e mais tolo.
Por isso parei de pensar com essas categorias (gospel, secular ou adorao com razes brasileiras) para, enfim, pagar o preo de ser livre. Mas tem sido prazeroso! Uma aventura na velocidade do vento que Ele mesmo sopra. No sou ingnuo para desdenhar a necessidade dos nomes, dos batismos; toda distino merece uma palavra. bem verdade: a proposta desse ensaio desengonado carece de melhores verbos e adjetivos, mas a sintaxe t a. Estou falando de uma msica brasileira de razes crists. Isso diferente de uma msica crist de razes brasileiras. Estou falando de uma msica de rua, de rdio, de boteco, de palco, de teatro, uma msica de cinema e novela, msica do povo, feita por ele - e por isso brasileira. Uma arte tecida na Esperana. No viver real e dirio de gente que conhece o Deus que intervm, que canta essa vida do jeito que ela : milagre, absurdo, dor e gozo.
Quem vai fazer essa msica? Que brasilidade existe no viver cristo? Que viagem essa? Ainda tocarei mais nesse assunto. Por enquanto, fao apenas uma distino, reconhecendo a nossa raiz.
Crdito da imagem: Paula Mazzini
Crdito da imagem: Paula Mazzini
Marcos Almeida compositor, msico, professor e membro da banda brasileira de rock Palavrantiga. Colunista do portal, Marcos Almeida mantm seu blog pessoal "nossa brasilidade", um livro em construo.
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