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Dilemas, aporias e falsas certezas 6o30u

http://www.freeimages.com/photo/248284Dilemas e aporias de uma liberdade em descontrole: as falsas certezas da vida no mundo democrtico

Quando Nietzsche acenou para o fato escatolgico de maior relevncia da era moderna amorte de Deusintelectuais do mundo inteiro, de formao religiosa, o apelidaram de apstolo do anticristo (Werner Jaeger). Nietzsche foi um crtico veemente dos e contra os defensores da esperana (pensada escatologicamente). Para ele, ela poderia ser facilmente utilizada como maquiagem para esconder as rugas do desencanto do indivduo com a vida presente. Para esse leitor crtico da mensagem paulina, a escatologia futrica (Rudolf Bultmann) aliena o indivduo do seu contexto imediato de vida (o saeculum) e das oportunidades que emergem dele para gratific-lo enquanto habitante desse mundo. De acordo com Nietzsche, o discurso da esperana um modo de mascarar a covardia do indivduo medida que ela o convida a negar a histria (o j) em detrimento da eternidade (o ainda-no).

Nietzsche talvez tenha sido o principal expoente do pensamento filosfico ps-iluminista a falar de uma forma de viver (ethos) sem ansiedade do destino (Paul Tillich). O anseio do futuro ou espera ansiosa (o que no grego paulino chamado de apokaradokia) adoece a relao imediata do indivduo com o presente, e por causa dele ele pode desenvolver falsas certezas que o faro viver desconectado da vida, do mundo e de si mesmo. Se o futuro perdesse sua relevncia como categoria de anlise do potencial transformador que existe no presente da histria de cada indivduo, ento a vida se abriria como uma possibilidade de inesgotvel capacidade criativa. Esse o vetor principal da crtica religio crist que figura no sistema nietzschiano. Por essa razo, talvez Nietzsche tenha sido quem mais influenciou Sigmund Freud no que tange a formao de sua intuio do futuro da cincia num mundo pensado sem a presena das falsas iluses, como as proclamadas pelo sistema religioso. O ser humano no futuro, pensado com otimismo pelo pai da psicanlise, conseguiria se emancipar da culpa ao viver naturalmente num mundo sem a religio.

Sigmund Freud conseguiu, assim, tocar na questo mais controvertida da tradio religiosa no Ocidente. Do conflito dilemtico da relao entre a cincia e a religio resulta uma aporia: o ser humano pode viver de modo natural seguindo um conjunto de regras institudo pela moral (de fundo religiosa)? Naturalmente no, diria Freud. A religio altera a natureza humana, pois a condiciona a uma aceitao de mecnicos adaptativos de conformao cultural ao mesmo tempo em que cria, nos indivduos, disposies que representam a etiqueta moral (Erving Goffman) do ideal civilizatrio de um seguimento sociocultural dominante (o complexo da religio), a qual exerce controle sobre a vontade humana. Religio e cultura so, portanto, entendidas por Freud como dois lados de uma mesma moeda, pois ambas representam um mesmo ideal antinaturalista de vida: o represamento da libido primitiva do ego. Por trs da civilizao da ordem, o eu primitivo se v obrigado a ter que renunciar o seu estado natural. Sob a influncia da moral, o indivduo a a se pensar como quem no consegue viver isento das neurticas pulses contraditrias. A ambivalncia, ento, se torna um conceito caro da teoria freudiana, usado para definir o desequilbrio estruturante de um estado/condio existencial pendular no qual o indivduo tende a se render (sob a influncia de heterocondicionamentos) s demandas morais de uma civilizao que renega as caractersticas naturais de sua herana primitiva, as quais (se consideradas) poderiam garantir a ele a possibilidade de gozar os benefcios destensionalizantes na forma de uma vida naturalmente autntica, sem as pulses antagnicas que acabam por favorecer a formao de uma identidade patodefinida.

A civilizao a doena que inevitavelmente produz clivagens irregenerveis na identidade do ser humano. O desejo represado (neurose) de um eu-natural reflete-se na condio do indivduo compreendido como refm da sublime moral e dos bons costumes. Mas o engodo nasce dessa sutileza. O processo civilizatrio no s esconde seu potencial neurotizante por trs da moral e dos bons costumes, como tambm condena o indivduo a ter que se ver numa permanente arena tensional de pulses contraditrias o adoecendo medida que o coloca como um inimigo de si mesmo, isto , do seu estado de natureza. A crena teolgica em uma distoro essencial (Santo Agostinho) da natureza humana, corrompida pela Queda, tirou, do horizonte antropolgico, a possibilidade de se acreditar na preservao da inocncia de um homem interior naturalmente bom. Mesmo os bons selvagens de Jean-Jacques Rousseau acabaram se mostrando corrompveis diante da oferta tentadora das novas conquistas de poder, trazidas a eles em nome da civilizao moderna. O conflito moral aumenta medida que se pergunta sobre a etiologia do mal radical (Immanuel Kant): Afinal, ele est no ser humano ou na civilizao? O que de pecaminoso existe no estado de natureza do eu-primitivo?
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