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Como transformar a comunidade? j654b

FotComear um texto com uma pergunta como esta como cair numa armadilha. Aqui a armadilha a do pragmatismo em relao s solues que apresentamos aos dilemas de comunidades pobres ou no.
Na minha tentativa de escapar deste ardil, gostaria de apresentar ao leitor alguns aspectos que considero importante para a nossa reflexo.
De que comunidade estamos falando? Na retrica dos dias de hoje, observo a tendncia de posicionar as comunidades em um nvel diferente do nosso. O nvel pode ser superior quando a gente idealiza os pobres e os classifica como coitadinhos bonzinhos ou em um nvel inferior quando a gente acredita que eles no sabem nada, e nem so to espertos assim, e logo dependem da nossa soluo incrvel que ir tir-los desta situao deplorvel em que se encontram, e muitos destes esto assim porque quiseram. Ambas as abordagens sobre as comunidades so equivocadas na perspectiva crist. No h uma diferena de nvel que posiciona as comunidades em uma escala moral. Ns j fizemos isto no ado e nos demos mal, mas parece que esta armadilha sempre nos pega desprevenidos. Parece que nos esforamos em nos distanciar destas comunidades: nosso discurso faz questo de apresentar demarcaes nem que sejam de ordem lingustica a respeito do eles e ns. Entre estes dois pronomes, h um abismo. Todo cristo deveria se posicionar longe da armadilha desta distino entre eles e ns. Na hermenutica do Reino de Deus, no camos nesta armadilha. Todos fazem parte da comunidade. A violao dos direitos de alguns afeta todos. A violao dos diretos deles, contra ns. Um grupo de pessoas que se rene de maneira que chamamos de igreja local, e no se sente afetado pelo que acontece aos demais membros da comunidade, tem srios problemas. Quem se prope a transformar as comunidades, antes de tudo, tem que se ver como gente, ser humano, membro da comunidade humana criada pelo prprio Deus. As agncias crists deveriam ser orientadas humildemente no seu relacionamento com as comunidades, j que tambm so parte dela. As igrejas deveriam estar atentas aos acontecimentos ao seu entorno, j que so parte dele. Quem no entende isto, deve pensar que extraterrestre e est com problemas de ordem mdica, ou j foi pego pela armadilha.
O mito que sugere ao termo comunidade o sentido de ambientes de pobreza extrema material nos impede de empreendermos aes relevantes em qualquer outro contexto que Deus nos insere. Novamente nos vemos na tentao de reduzir ao alcance do nosso potencial transformador. A antiga anlise de Herman Dooyeweerd, e de seu antecessor Abraham Kuyper, cabe bem aqui: as diversas esferas da criao constituem o rico e plural cenrio de atuao redentora de Deus. Toda a criao alvo da ao redentora de Deus. H um mandato de responsabilidade, dirigido aos cristos, que diz respeito ao nosso servio na criao. Uma igreja local deve ser relevante seja na favela ou no palcio, seja no morro ou num condomnio fechado.
A pergunta do ttulo deste texto sugere a noo de uma teleologia. As aes que sero demandadas para que se alcance a transformao so orientadas por agendas institucionais, teolgicas, polticas etc. A adeso a estas agendas pressupe que as pessoas e comunidades assumam os valores que sustentam as propostas apresentadas. H uma vasta literatura que orienta organizaes e agentes do governo em relao a aes de combate a pobreza, sendo que o pressuposto sugerido que ns estaramos alcanando o alvo da transformao, na medida em que os pobres evolussem para a condio de consumidores. A transformao aqui prover as condies necessrias para libertar as pessoas pobres privadas da liberdade do consumo para esta nova situao: a de poderem livremente consumir os bens que a indstria tem a oferecer. nestes termos que celebramos a emergncia da dita nova classe mdia no Brasil, e a libertao da demanda de consumo reprimida por anos de pobreza. O pice da transformao se d quando percebemos que a multido de pobres ascende para o status de uma multido de novos consumidores, livres. Na perspectiva de uma cosmoviso crist, isto tudo reducionista e no mnimo, mancha a imagem de Deus no ser humano. A agenda transformadora crist muito mais do que liberar a demanda reprimida de mercado. Tratase da mobilizao de comunidades para o exerccio da cidadania, do reencontro com as intenes originais de Deus para as mulheres, homens, jovens, crianas, famlias e etc. A teleologia da transformao, na perspectiva crist, no orientada pelas foras do mercado; antes, est submetida vontade original de Deus para a criao, se esfora em compreend-la e principalmente, obedec-la.
Quem transforma?
Por fim, eu me pergunto: quem transforma? H muito tempo camos recorrentemente na tentao de acreditar que ns agncias, ONGs, igrejas, governos possumos os sa-beres necessrios para engendrar a transformao de comunidades. No discurso, estamos dispostos a ouvir e dialogar com as comunidades, pessoas e famlias de nosso entorno, mas nossas prticas ainda reproduzem um padro de relacionamento assimtrico. Desconsideramos os saber local das comunidades, ignoramos as competncias que Deus j tem aportado nas comunidades espalhadas pelo mundo. H uma mirade de dons e talentos que vieram da parte do prprio Deus, que esto neste exato momento em operao nos morros do Rio de Janeiro, nas favelas de Fazenda Rio Grande (PR), talentos que revelam a criatividade entregue por Deus a estas pessoas. As solues relevantes, sustentveis e inovadoras sero articuladas a partir daquilo que Deus j est fazendo nas comunidades. Falta-nos mais humildade, capacidade de escuta, tolerncia com a perspectiva do outro, entendimento de que Deus no est ausente da histria. Ainda somos incompetentes.
A iniciativa como o Seminrio de Desenvolvimento Comunitrio, promovido pela organizao que fao parte, est alinhada com as tentativas de equipar pessoas para empreender aes transformadoras em seus contextos. O CADI prope compartilhar conhecimentos que ofeream condies para descobrirmos com as comunidades alternativas para facilitar processos transformadores. Que o leitor seja encorajado a fazer parte disto tudo. As comunidades pobres precisam de seus dons, e voc precisa aprender com eles.

______________________
Marcel Lins Camargo diretor-presidente do Centro de Assistncia e Desenvolvimen-to Integral (CADI), localizada em Fazenda Rio Grande (PR), organizao crist que executa projetos scio-educativos com crianas e adolescentes tendo em vista o desen-volvimento da comunidade. Em julho o CADI vai realizar o curso de capacitao para pessoas que desejam realizar aes de desenvolvimento comunitrio.

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