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Como lidar com a incerteza – de "saber tudo" para "entender um pouco" h4y6n

Por Alister McGrath
A dcada de 1960 agora parece um sonho distante um momento desbotado na histria cultural imbudo de um otimismo e idealismo generalizados, cuja resilincia intelectual na poca foi dada por uma crena de que as grandes questes da vida poderiam ser resolvidas de forma definitiva e inequvoca pelo Positivismo Lgico direto e sem bobagens de A. J. Ayer, ou as totalizaes da ideologia marxista.
Eu pensava que estava beira de uma nova era de clareza e certeza, mas na verdade, era simplesmente uma poca de novos e breves dogmas da moda que eram to efmeros quanto aqueles que foram substitudos.
Eu ansiava por uma verdade simples naquela poca, resistindo a qualquer reconhecimento de complexidade. Eu estava buscando um relato objetivo e universal do nosso mundo, independente do lugar e do tempo, acreditando que as cincias naturais e a razo humana, individual ou colaborativa, eram capazes de trazer essa verdade racional segura e convincente.
De fato, por um tempo eu acreditei que tinha encontrado, antes de gradualmente perceber, em um processo de desiluso, no apenas que eu tinha falhado em encontrar este Nirvana racional, mas que ele nem mesmo estava l para ser encontrado.
E a filosofia, que, alguns sugerem, oferece respostas completas e confiveis para as grandes perguntas da vida? Apesar dos bem-vindos momentos de transparncia racional, nosso mundo parece frustrantemente resistente ao domnio intelectual total. Embora a filosofia nos oferea uma gama impressionante e envolvente de possibilidades intelectuais, no h evidncias persuasivas de que tenha resolvido decisivamente qualquer uma das grandes questes da vida.
Podemos certamente tomar e defender posies comprometidas sobre essas questes, mas estas devem ser vistas como opinies e julgamentos, e no como conhecimento seguro.
A histria cultural da filosofia revela como o raciocnio humano tem sido moldado por seus contextos histricos e culturais, sugerindo que suas solues podem ser transitrias e locais, em vez de permanentes e universais. At recentemente, a filosofia europeia tem sido fortemente etnocntrica e monopolista, tratando filosofias chinesas e indianas com uma condescendncia arrogante.
Rompendo com a ambio universal da j ada Era da Razo ocidental, agora amplamente itido que precisamos falar de filosofia comparada, reconhecendo como mtodos filosficos e suposies (incluindo as do Iluminismo) so moldados por seus contextos culturais e histricos.
Embora a filosofia nos oferea uma gama impressionante e envolvente de possibilidades intelectuais, no h evidncias persuasivas de que tenha resolvido decisivamente qualquer uma das grandes questes da vida.
Felizmente, muitos filsofos esto agora atentos a essas percepes mutveis da relao entre filosofia e seus contextos culturais instveis e no fixos. Mary Midgley, uma das mais interessantes desse grupo de filsofos historicamente e culturalmente iluminados, claramente apreciava os pontos fortes e os limites do empreendimento filosfico luz de tal ateno cultural e histrica.
Ns filosofamos em meio a um mundo em mudana, e nossas filosofias nunca podem ser consideradas definitivas ou finais. Filosofar, na verdade, no uma questo de resolver um conjunto fixo de quebra-cabeas. Em vez disso, envolve encontrar as muitas maneiras particulares de pensar que sero as mais teis medida que tentamos explorar este mundo em constante mudana. Porque o mundo incluindo a vida humana muda constantemente; pensamentos filosficos nunca so definitivos. Seu objetivo sempre nos ajudar a superar a dificuldade atual.
Dada a vulnerabilidade de nossas respostas vacilantes e frgeis s perguntas ltimas da vida, como lidar com essa incerteza? Afinal, no somos mquinas de calcular lgicas, mas criaturas que perceberam a importncia da intuio e das emoes em nos ajudar a tomar decises sobre nossas identidades, aspiraes e verdadeiro significado.
Os algoritmos mecnicos racionais do Iluminismo to brilhantemente parodiados no Guia do Mochileiro das Galxias, de Douglas Adams podem oferecer apenas respostas lgicas ou matemticas inadequadas (e muitas vezes incompreensveis) para o que so questes fundamentalmente existenciais, mas so muitas vezes colocadas como se fossem questes lgicas ou cientficas.
A f religiosa, vista pelos racionalistas dogmticos como uma violao da razo humana, melhor vista como ilustrando o dilema racional que todos ns enfrentamos na tentativa de entender as coisas. A f uma rejeio da iluso racionalista de que podemos ter conhecimento claro e seguro das respostas s perguntas definitivas sobre nosso significado, valor e propsito.
Talvez fosse possvel acreditar que essas grandes perguntas poderiam ser definitivamente respondidas por um apelo a provas convincentes ou esmagadoras; no entanto, a discusso seguiu em frente, e devemos deixar tais iluses para trs.
Podemos dar respostas que acreditamos ser justificadas e avalizadas, mas no podemos provar que so certas e confiveis, mesmo que acreditemos que so. A f uma disposio, at mesmo uma determinao, de lidar com este mundo apenas meio iluminado, acreditando com nossas mentes e confiando em nossos coraes que podemos encontrar boas respostas para nossas perguntas, enquanto tentadoramente sabemos que no podemos provar que elas so verdadeiras.
A f uma rejeio da iluso racionalista de que podemos ter conhecimento claro e seguro das respostas s perguntas definitivas sobre nosso significado, valor e propsito.
H, de fato, uma nica faculdade humana chamada razo; no entanto, ela d origem a mltiplas racionalidades. H muitas maneiras pelas quais os seres humanos podem ser racionais, uma das quais a abordagem monopolista associada Era da Razo; outra a distinta racionalidade da f crist.
Os primeiros escritores cristos reafirmavam constantemente que sua f era logikos: racional, no sentido de corresponder a uma profunda compreenso das verdades fundamentais sobre nossa situao dentro de uma ordem maior das coisas. Mas essas verdades profundas so melhor entendidas como sabedoria e no como conhecimento, na medida em que nos permitem viver significativamente em um mundo complexo, lidando com o sofrimento humano, vulnerabilidade, trauma e fracasso.
A sabedoria, no entanto, no um conjunto de ideias abstratas, mas algo que melhor compreendido atravs de exemplares seres humanos vivos que so vistos como personificao dessas ideias, e so capazes de express-las na prtica. Aprendemos o que significa ser bom, fiel e carinhoso atravs de encontros com pessoas que exemplificam essas qualidades e evocam tanto irao de nossa parte quanto um desejo de emul-las.
O cristianismo fala da personificao da sabedoria e da bondade em Jesus Cristo, usando a linguagem da encarnao para expressar a crena central de que Cristo se manifesta e corporifica a sabedoria divina, enquanto, no entanto, enfrente rejeio, sofrimento e crucificao.
Cristo exemplifica, encarna e torna possvel a capacidade crist de lidar com a falta de sentido, incoerncia, incerteza e tragdia. Parte do discipulado cristo o desenvolvimento da mente de Cristo (1 Corntios 2:16), um hbito de pensamento e raciocnio que nos permite cultivar resilincia diante dos enigmas e traumas da vida.
O cristianismo no oferece apenas uma nova maneira de contemplar nosso mundo, mas uma capacidade aprimorada de viver dentro dele e de lidar com suas incertezas e complexidades, bem como nossa prpria fragilidade e falhas. Ele nos permite confrontar relatos simplistas e rasos de nossa situao, como o racionalismo superficial do Iluminismo, ou o otimismo fcil de uma ideologia do pensamento positivo, que busca exorcizar qualquer reconhecimento dos aspectos mais sombrios e perturbadores da natureza humana ou da criao.
A realidade complexa e ambivalente; a sabedoria exige que reconheamos isso em vez de for-la a ser uniformemente simples e positiva. A violncia intelectual incapaz de suprimir essa verdade sombria sobre nosso mundo, que o cristianismo afirmou e enfrentou, em vez de implausivelmente nega-la.
A sabedoria uma forma de conhecimento que se abstm de leituras simples e superficiais da realidade, impulsionadas por uma intolerncia incerteza. Ela exige uma profunda imerso nos paradoxos e problemas de viver em um mundo resistente a interpretaes rpidas e fceis.
Os sbios so aqueles que esto dispostos a adaptar seus padres de pensamento e vida a este mundo complexo em vez de tentar forar o mundo a se conformar com suas ideias preconcebidas. A sabedoria exige que respeitemos e abracemos ativamente um profundo mistrio, algo que transcende os limites da compreenso humana.
G. K. Chesterton declarou que, reconhecendo algo como misterioso, todo o resto fica lcido. Como Newton descobriu ao propor a ideia de gravidade, e os cristos ao expressar a noo da Trindade, muitas vezes descobrimos que algo que no entendemos e talvez nem possamos nos permite entender todo o resto. Paradoxalmente, os mistrios tm uma notvel capacidade de iluminar.
Ns, de fato, vemos atravs de um vidro escuro (1 Corntios 13:12), sendo cativos nossa capacidade limitada de contemplar e entender, e fragilidade das verdades em que baseamos nossas vidas. por isso que nos ligamos aos outros por companhia e solidariedade, agarrando-nos a uma viso de realidade e personificao da sabedoria, que por sua vez nos segura, encorajando-nos a sondar e descobrir suas profundezas e riquezas.
De alguma forma, as sombras do cosmos parecem mais suaves e veis quando viajamos em companhia e em esperana, sabendo que algum caminhou por essa escurido antes de ns, abrindo uma trilha que podemos seguir.

Alister McGrath um dos mais influentes pensadores cristos da atualidade. Bioqumico, com ps-doutorado em biofsica molecular e doutorado em teologia, professor de cincia e religio na Universidade de Oxford. autor de vrios livros, entre eles: C. S. Lewis, Richard Dawkins e o Sentido da Vida, Deus e Darwin, A Cincia de Deus, Como Lidar com a Dvida e Teologia Pura e Simples e O Ajuste Fino do Universo. presidente do Centro Oxford para Apologtica Crist.
> Este um trecho editado de Through a Glass Darkly: Journeys through science, faith and doubt a memoir (Ed. Hodder & Stoughton, lanado em 3 de Setembro de 2020, ainda sem traduo em portugus) de Alister McGrath, Professor Andreas Idreos de Cincia e Religio na Universidade de Oxford.

> Reproduzido do site daAssociao Brasileira Cristos na Cincia. Publicado originalmente na Revista Church Times, em 28 de Agosto de 2020. Original aqui.

> Traduo: Tiago Garros

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