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07 de abril de 2021
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Cinco sugestes sobre cuidado pastoral e sade mental na pandemia 1h5f52
Por Phelipe Reis
A pandemia est deixando sequelas na sade mental da populao mundial. Ansiedade, depresso, raiva e problemas de sono so os sintomas psiquitricos mais comuns entre os brasileiros, segundo uma pesquisa feita no Brasil[1]. Diferentemente do que alguns podem pensar, os cristos no esto imunes a esses transtornos. Alis, no so apenas dos transtornos da mente que os cristos no esto blindados. Desemprego, morte, solido, doena, fome, vcios e muitos outros problemas podem bater porta de qualquer um, em qualquer momento.

Diante de tudo o que est ao nosso redor, o que fazer para manter a sade mental? Como pastores e lderes podem ajudar os membros de suas comunidades de f a cuidarem da mente e do corao? Claro que pastores e lderes tm limitaes, haver situaes que precisaro indicar profissionais da rea da psicologia, mas h muito que pode ser feito dentro das possibilidades de cuidado pastoral. Marcos de Arajo diz que Ser pastor, cuidador de almas, uma convocao divina para uma tarefa entre os homens. uma misso sacerdotal, diferente da proftica; pois o profeta confronta as pessoas nos seus erros, enquanto o sacerdote conforta as pessoas nos seus sofrimentos[2].
O assunto vasto e complexo, no pretendemos esgot-lo, mas h alguns caminhos que podem auxiliar pastores e lderes a ajudar aqueles que os procuram pedindo socorro.
1. Reconhecendo a fragilidade humana
A caminhada crist, em direo maturidade, naturalmente a pela cruzamento onde preciso decidir entre reconhecer que somos frgeis, limitados, p, ou confiar cegamente no cientificismo, em ideologias polticas ou qualquer outro sistema ou produto humano. Quando se escolhe a primeira opo, seguimos pela trilha que nos faz entrar em contato com nossas emoes e afetos, indo diariamente ao encontro de Jesus ansiando pelo toque que traz a redeno tanto de nossas emoes quanto de nossa mente.
Reconhecer nossa fragilidade a pelo altar onde abandonamos a f pag, pregada por alguns, de que ser cristo nos imuniza dos males desta vida. Esse tipo de f irresponsvel faz muitos cristos abdicarem de suas faculdades intelectuais, dadas pelo prprio criador, assumindo uma f triunfalista, anticrist, que os leva a atos e comportamentos irresponsveis, podendo comprometer a sade do prprio corpo (templo do Esprito Santo), o bem-estar coletivo e ofender a Deus. Reconhecer a fragilidade humana estender as mos ao outro, acolher e ser acolhido. Neg-la bater a mo no peito e sucumbir solido eminente da auto suficincia.
Karen Bomilcar explica que quando reconhecemos nossas fragilidades e confessamos nossas incapacidades e dependncia, somos fortalecidos no poder de Deus e na identidade de filhos amados, desfrutando de alegria e paz. Ela acrescenta: Confessar nossa fragilidade sair do lugar de vtima e assumir minha responsabilidade []. Deus deseja que sejamos sinceros, transparentes, nomeando a realidade para que, com humildade, possamos reconhecer dentro de nossas circunstncias nossos pensamentos e emoes. Olhando para Ele, conseguimos olhar para ns mesmos com graa e somos fortalecidos para caminhar na direo do crescimento espiritual.[3]
2. istrando as perdas familiares
Uma das maiores dificuldades que enfrentamos como seres humanos lidar com o sofrimento ligado perda. H duas verdades sobre isso: ningum a pela vida sem experimentar perdas e no h tipo de perda que Deus no possa consolar.
Deus pai de misericrdia e consolador. Muitas vezes, no podemos entender a sua vontade, muito menos os seus caminhos. Nem sempre possvel compreender o que Deus faz. Mas podemos ter certeza do carter dele. O apstolo Paulo, homem de dores que sabia sofrer, apedrejado, nufrago, rejeitado pelo seu povo, sacudido pelas intempries da vida, nos assegura que Deus o Pai das misericrdias e Deus de toda consolao.
Sobre este assunto, o terapeuta familiar, Carlos T. Grzybowski, argumenta que o aspecto consolador de Deus to inerente ao seu carter que o Esprito Santo, quando estava para ser derramado sobre os apstolos, foi chamado de Consolador. Ainda que Deus permita muitas situaes incompreensveis nas nossas vidas, Ele no nos deixa ss e desamparados, destaca Grzybowski[4].
Pastores e lderes precisam experimentar e ensinar os membros de suas comunidades a verdade de que a finalidade do consolo de Deus para que consolemos a outros. Grzybowski afirma: Precisamos crer no consolo de Deus em primeira mo. Isto significa crer que posso consolar porque eu fui consolado(a). Os que sofreram e foram consolados, foram tambm iniciados no ministrio da consolao. Podemos nos identificar com o sofrimento do outro, porque sabemos aonde nos di tambm. Ainda que a situao seja diferente, a dor a mesma.
3. O luto e a falta do rito da agem
A Covid-19 j causou a morte de mais de 200 mil pessoas no Brasil. So mais de 200 mil famlias enlutadas, sem falar daquelas que perderam pessoas por outras doenas e situaes diversas. Sem dvida, desde maro de 2020 o luto ou a ser um ageiro constante no vago de nossas vidas. Para agravar o sofrimento de muitos, as condies da pandemia roubam os adeus e as despedidas, impedindo que os enlutados enterrem seus mortos.
A psicloga Fatima Fontes explica que os ritos ajudam os humanos a atravessarem seus ciclos, a supresso impede, dentre outras coisas, a entrada no momento seguinte do ciclo da vida. Essa falta de rito de agem, adoece vidas em toda a sua integralidade: fsica, emocional, social e espiritual, destaca Fontes. Ela sugere que preciso aprender a viver um novo rito, onde o adeus seja dado pela memria, pelo acolhimento dessa impossibilidade do adeus real.
Fontes aponta alguns caminhos para lidar com a falta do rito de agem. Segundo a psicloga, precisamos prantear muito, at que seque o nosso pranto e assim, possamos entrar no ciclo de vida seguinte; precisaremos aprender a ser inaugurais, nesse novo modo de viver a travessia do adeus e da morte. E como tudo o que inaugural, precisaremos de muita autocompaixo e autoperseverana, repetindo ciclos de erros, acertos, desesperos, angstias at que nos sintamos realmente, mais aliviados desse fardo imposto a cada um de ns.[5]
4. Manuteno permanente da esperana
Quando se encontram em situao de confinamento ou restrio de liberdade, as pessoas podem desenvolver padres de violncia e perder seus aspectos mais reflexivos e amigveis uma forma de lutar por mais territrio, mais espao. Privada de liberdade, qualquer pessoa pode se tornar revoltada, ressentida e amarga. Ftima Fontes diz que, em momentos de fragilidade, muitas pessoas:
Se pem a criticar, hostilizar, reclamar e desqualificar tudo e todos; so verdadeiras Delegacias de Polcias, fazendo boletins de ocorrncia, permanentemente. Vigiam e punem, todos os erros, ou o que consideram erros, so muitas vezes sarcsticos, hostis, queixosas e em certos momentos muito, muito bravas com quem os rodeia.
Deixar que essas emoes e atitudes dominem nosso comportamento no combina com aquilo que a Bblia nos ensina. O desafio nos sentirmos livres, apesar de estarmos privados de liberdade, nestes tempos de isolamento social. Para alcanar isso, Ftima Fontes sugere que precisamos convidar o jogo, o ldico, a alegria, as disciplinas espirituais, a msica, a arte, as atividades ligadas ao corpo. Acima de tudo, fazer manuteno permanente da esperana. Do ponto de vista de Fontes, a esperana emoo fundamental e que permite ao homem no ficar deriva, visto que uma ncora que o mantm seguro, apesar das tormentas do viver. A esperana, apesar de conter o medo e a insegurana, no se torna refm deles.[6]
5. Pastoreando com amor e preparando as pessoas para a possibilidade da morte
Hernandes Dias Lopes diz que o pastor deve ser um erudito, conhecedor da Palavra, e que, para isso, precisa alimentar-se dela e estudar at exausto. Como bons mordomos, pastores precisam oferecer ao povo de Deus um cardpio apetitoso e balanceado as insondveis riquezas de Cristo diz, Lopes. E tudo isso precisa ser regado com sabedoria e amor, no pela vaidade de parecer erudito. Hernandes afirma:
Sabedoria usar o conhecimento para os melhores fins. Precisamos tratar as ovelhas de Deus com ternura. Paulo diz que o pastor como um Pai e tambm como uma Me. O pastor chora com os que choram e festeja com os que esto alegres. O pastor trata cada ovelha de acordo com sua necessidade, com seu temperamento, com seu jeito peculiar de ser. Ele dcil com as crianas como Jesus que as pegou no colo. Ele trata os da sua idade como irmos e aos mais velhos como a pais. Uma coisa amar a pregao, outra coisa amar as pessoas para quem pregamos.[7]
A pandemia tem colocado pastores e lderes cara a cara com o luto, com muita frequncia. So momentos difceis e delicados, mas para os quais os pastores precisam se preparar e preparar os membros de suas igrejas. O pastor Luiz Fernando dos Santos, diz que preparar os crentes para a possibilidade da morte, sem a temerem, uma tarefa essencial. O pastor explica que isso inclui ensinar a igreja a glorificar a Deus tambm nesse momento e atravs da dor.[8]
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Publicado originalmente no site daSepal. Reproduzido com permisso.
Notas
[1] https://www.nexojornal.com.br/ensaio/2021/Como-reduzir-os-impactos-psicol%C3%B3gicos-da-pandemia
[2] http://eirene.com.br//pastoral-enfermo-terminal/
[3] /conteudo/saude-emocional-e-maturidade-espiritual-o-que-a-igreja-pode-fazer
[4] http://eirene.com.br//istrando-perdas-familiares/
[5] https://pc.org.br/noticias/covid-19-a-dor-de-nao-poder-dizer-adeus-aos-nossos-mortos.html
[6] https://vyaestelar.com.br/covid-19-como-ser-vetor-de-transmissao-positiva/
[7] https://hernandesdiaslopes.com.br/pastores-segundo-o-coracao-de-deus/
[8] /conteudo/pastoreando-na-pandemia
>> Conhea o livro Sade Emocional e Vida Crist, de Esly Regina Carvalho
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15 dicas para pais e professores de crianas frente pandemia
natural do Amazonas, casado com Luze e pai da Elis e do Joaquim. Graduado em Comunicao Social/Jornalismo pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e mestre em Missiologia no Centro Evanglico de Misses (CEM). missionrio e colaborador do Portal Ultimato.
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