Auschwitz e a violncia dos normais 6i5p42

Eu sou a videira verdadeira, permanecei em mim. Joo 15.1-8

Temos medo da violncia inimputvel? Se no temos, por que estaria ela diluda no alerta permanente sobre os perigos que teremos de enfrentar na prxima esquina, ou no prximo sinal, indivduos armados assaltando e matando por insignificncias? Perigos so derramados desde massacres de crianas em escolas; massacres em templos religiosos, atentados terroristas nas ruas das cidades onde ocorrem maratonas internacionais, ao lado do medo de mendigos agressivos, de torcedores de futebol executando rivais, de delinquentes sexuais solta e de gangues em arrastes nas praias mais famosas do pas?

Na famigerada operao Lava-Jato, as principais empreiteiras do pas podem requerer falncia, acobertadas pela Constituio, se a justia assim determinar como penalidade corrupo de alguns dos seus funcionrios distribuindo propinas milionrias a dirigentes da Petrobrs , e 500 mil postos de trabalho estaro comprometidos com o desemprego. E com esses, cerca de 100 mil famlias, que temem por seu futuro.

O que a justia, do ponto de vista humanstico? No julgamento de Eichmann, carrasco nazista sequestrado e levado para Israel, fazendo a cobertura por um grande jornal, o New Yorker, Hannah Arendt, uma das mais importantes filsofas do sculo 20, observava: o verdadeiro desafio do processo : como julgar um indivduo normal, uma pessoa mdia, que cometeu todos esses crimes, contribuindo no assassinato de milhes de judeus, ciganos, homossexuais, mas que no tem conscincia da natureza criminosa de seus atos?

Eichmann era um homem normal, na medida em que foi apenas um entre milhares de outros a participar da limpeza racial que ocorreu sob domnios ideolgicos nazistas. Auschwitz: to simblica na violncia contra pessoas, raas e povos, mas to real para a humanidade humilhada! Auschwitz: cheia de dor, infmia e vergonha pelo silncio, consentimento e conivncia de sociedades, de homens e mulheres, para com regimes totalitrios.

Com esses exemplos, j nos aproximamos da resposta do cristo, quando perguntado sobre essas coisas. Cuidaremos, assim, da justia e da verdade como pilares sobre os quais construiremos a vida de f. Segundo Gonzlez Ruiz, devemos lembrar-nos de que o Deus dos Cristos justo, no destruindo, mas transformando o homem e as estruturas, nas lutas pela justia. Seria possvel buscar proteo ao medo e violncia existentes sem nimo de vingana, mas com o esprito do perdo, em favor da misericrdia e da compaixo, enquanto enfrentamos os problemas de nossos dias?

Hannah Arendt dizia: Eichmann era simplesmente incapaz de pensar. Ela o avaliou como no momento em que a conscincia cessara de funcionar. Insistia na enormidade dos crimes contra a humanidade, cometidos no cotidiano, evocando sociedades modernas sem conscincia da responsabilidade com doentes, famintos, pobres e miserveis, hoje entre 2 bilhes de habitantes do planeta.

Tudo isso sem falar dos milhes de refugiados, como os que pereceram nos naufrgios recentes no Mediterrneo. E no apenas contra indivduos que cristalizam em si, circunstancialmente, o mal de todos. Do naufrgio entre a Lbia e a Itlia, contrastando com o noticirio exaustivo referente ao piloto suicida que leva consigo 150 ageiros inocentes, o jornal ingls The Sun aponta como resolver a questo de migrantes africanos rabes que perecem no mar: barcos de resgate? Eu usaria canhoneiras para estancar os imigrantes....

Lidamos com o mal, mas tambm somos alvos da compaixo de Deus, quando nos mostra a desarmonia da vida e da impiedade ao redor. Como afirmar a transcendncia do Deus cristo, cheio de ternura pelos temerosos, ou pelas vtimas soterradas sob escombros da humanidade humilhada, perdida em suas incongruncias, mas apontada para a reconstituio e recuperao no evangelho de Jesus Cristo? Outro alemo extraordinrio, Lutero, poderia dizer, citando as Escrituras: O justo viver pela f. Certamente, f na justia de Deus: Eu sou a videira; vs, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse d muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Joo 15.4).

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Foto: Evan Schneider/ UN (18/11/2013) / Fotos Pblicas