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05 de agosto de 2013
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A paz do contentamento 65656g

Somos incapazes de lidar com o sucesso e o fracasso, com as conquistas e derrotas. No compreendemos o significado da espera, o valor da frustrao. Temos grande dificuldade de nos ajustar s mudanas, principalmente quando elas nos colocam, mesmo que temporariamente, em situaes difceis.
A carta que Paulo escreve aos cristos de Filipos apresenta um dos testemunhos mais eloquentes sobre paz do contentamento. Sua experincia em Filipos no foi nada agradvel. Apesar da converso de Ldia e a libertao de uma jovem que era abusada comercialmente por homens inescrupulosos, Paulo foi preso e aoitado. Algum tempo depois, preso em Roma, ele escreve esta carta de gratido. No entanto, o esprito de Paulo no encontrava-se preso. Muitas vezes, de dentro de uma priso que descobrimos nossa verdadeira liberdade.
Paulo era um homem livre. No apenas livre, ele era um homem contente, realizado e em paz. A declarao que demonstra a liberdade que ele gozava de uma grandeza sem precedentes: Digo isto, no por causa da pobreza, porque aprendi a viver contente em toda e qualquer situao. Tanto sei estar humilhado como tambm ser honrado; de tudo e em todas as circunstncias, j tenho experincia, tanto de fartura como de fome; assim de abundncia como de escassez (Fp 4.11 e 12). Viver contente em qualquer situao uma realidade possvel.
interessante notar que vrias palavras tomam outro significado quando inclumos Deus nelas. A palavra que Paulo usa para contentamento autarkeia, da mesma raiz da palavra autarquia, que significa suficincia prpria, autossatisfao. Um amigo meu da Marinha disse que quando uma esquadra sai para uma misso, eles chamam de autarquia eles tm tudo o que necessitam para aquela misso. Para Paulo, a autossuficincia, ou autossatisfao, no diz respeito a algum estado de independncia, mas uma conscincia de que Deus sempre prov o necessrio. Ele tem o que precisa, nem mais, nem menos.
Para Paulo, o contentamento (autarkeia) era esta capacidade dada por Deus de ter uma cosmoviso que inclua Deus e seus caminhos misteriosos; uma flexibilidade que o tornava mais aberto para aceitar novas dimenses da realidade. Este estado constante de contentamento veio atravs de um longo processo de aprendizado. Ele mesmo diz que aprendeu a viver contente em toda e qualquer situao. Como? Parece-me que duas disciplinas espirituais foram fundamentais neste longo caminho de aprendizado: orao e meditao.
A ansiedade sempre foi um grande obstculo ao contentamento. Muitos encontram-se presos nas memrias do ado e nas incertezas do futuro. Enquanto nos debatemos com o ado e o futuro, o presente dominado pela ansiedade. Como Paulo lida com isto? Ele ora. No andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porm, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas peties, pela orao e pela splica, com aes de graas. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardar o vosso corao e a vossa mente em Cristo Jesus (Fp 4.6 e 7). Em suas oraes, Paulo suplica e agradece. A preposio com (splica com aes de graas) une estes dois aspectos da orao.
Somos levados a ser gratos por aquilo que julgamos que bom e suplicar por aquilo que julgamos no ser bom. Suplicamos por uma coisa e agradecemos por outra. Paulo no separa. Este um princpio do contentamento: entrega confiante e gratido constante. O contentamento nasce da certeza de que Deus sempre ouve e responde nossas splicas. Teremos sempre o suficiente. Paulo estava privado de liberdade, mas tinha ampla suficincia em tudo. Suas experincias com a humilhao e pobreza no limitaram sua gratido nem sua conscincia de que Deus sempre prov tudo o que necessrio.
O resultado do longo exerccio espiritual da splica com gratido fez com que Paulo experimentasse uma paz divina que maior do que a lgica humana. Uma paz interior que envolve corao e mente em Cristo. Suas emoes, sentimentos, valores e conceitos estavam seguros em Cristo.
A prtica da meditao foi outro recurso espiritual na formao de um esprito contente em Paulo. Finalmente, irmos, tudo o que verdadeiro, tudo o que respeitvel, tudo o que justo, tudo o que puro, tudo o que amvel, tudo o que de boa fama, se alguma virtude h e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento. O que tambm aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz ser convosco (Fp 4.8 e 9). Paulo procurava ocupar sua mente com aquilo que verdadeiro, justo, amvel.
Uma das causas do descontentamento vem das mentiras que nossa mente abraa. Estamos cercados por elas. Esto presentes nos programas e propagandas na TV, nos debates polticos, nos outdoors. A mente de Paulo no se ocupava com estas coisas. O contentamento fruto de um longo processo no qual nossas mentes so envolvidas num outro cenrio de verdade, justia e graa.
Alm de meditar nas gloriosas e libertadoras verdades de Deus, ele tambm incentivava seus leitores a meditar e observar a vida dos santos. Convidava seus leitores a observarem suas palavras e seu comportamento. Em nossa cultura somos levados todos os dias a ouvir e aprender com celebridades fteis, polticos inescrupulosos, religiosos vazios e vaidosos. Temos uma lista enorme de mulheres e homens que nos deixaram exemplos e palavras de grande inspirao e valor.
Este o testemunho eloquente de Paulo: aprendi a viver contente em toda e qualquer situao. Noutras palavras: aprendi a encontrar, dentro de mim, uma satisfao intensa e real no meio de qualquer situao. No era a riqueza ou a pobreza, nem a honra ou a humilhao que iriam determinar o estado do seu esprito, mas a conscincia da suficincia da graa de Deus nele.
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Artigo publicado originalmente em 29 de setembro de 2011.
Foto: Yasmin Pinheiro.
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Pastor da Igreja Presbiteriana do Planalto e coordenador do Centro Cristo de Estudos, em Braslia (DF). colunista da revista Ultimato e autor de A Espiritualidade, o Evangelho e a Igreja,Pensamentos Transformados, Emoes Redimidas eO Caminho do Corao.
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