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21 de agosto de 2014
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As cracolndias, os pobres e a humanidade de Deus 504d5r

O trip pentecostal cura, exorcismo, prosperidade, ruiria se houvesse qualquer cuidado quanto a aspectos da doena e da morte que ronda a todos. Drogadismo, alcoolismo, jogo patolgico; cncer, AIDS, pneumonias, alergias, viroses, hipertenso, compem o imenso repertrio das doenas a que estamos sujeitos, antes da morte biolgica, que, inadequadamente, recebem julgamento moral, na sociedade e nas igrejas. Mesmo no sendo pobre, miservel, excluda, a pessoa enferma dos dias atuais, tem que enfrentar uma fila imensa na porta dos laboratrios e clnicas especializadas. Deve estar pronta para consumir remdios caros, submeter-se a aparelhos de raios-x, endoscopia, colonoscopia, transplantes, quimioterapias, cirurgias, antes do fim fisiolgico irreversvel. Os modelos bsicos de vida moral no so suficientes para fazer-nos esquecer dos desfavorecidos, desprotegidos quanto a polticas pblicas para a sade.
Pobres, gente comum na maioria, que habita as periferias das metrpoles, sem os carssimos planos de sade, sem previdncia, no compem os grupos privilegiados pela sade melhor assistida, nem daqueles que dispem das tecnologias de ponta no tratamento da sade. A maioria desprotegida, sem vez e sem voz, no se insurge contra os privilegiados, propriamente. No saneamento bsico, habitao, vacinao frequente e persistente para o combate s endemias, higiene pblica, o a diagnsticos de doenas tratveis, alcoolismo, diabetes, entre as muitas enfermidades elencadas nas urbes do nosso tempo, reclama-se igualdade nos tratamentos. Bem-postos sempre merecem a preferncia nas polticas pblicas. Nosso tempo, refletindo a falta de cuidado com o pobre, com a criana, o jovem, o idoso desprotegidos poltica e juridicamente, tambm demonstra falta de indignao e reivindicao do cuidado obrigatrio para a sociedade por inteiro. Em igualdade. Sem excluso. A pobreza extrema, contudo, o carnego social em qualquer das cidades de nosso pas.
Temos uma anlise a fazer entre as pretenses de pessoas e grupos obsessivos, sedentos de poder dentro ou fora da igreja , e o contraste entre as propostas para o seguimento do caminho de Jesus, como ele ensinou a respeito dos direitos s bem-aventuranas, sem excluso. Isto fica patente neste episdio do evangelho de Mateus (Mateus 16.13-20). Por volta da metade do caminho, coincidindo exatamente com a metade do trabalho de formao dos discpulos que esto sendo preparados para o anncio do Reino de Deus, na metade geogrfica do caminho de Jerusalm. Jesus interroga seus seguidores sobre o que assimilaram at ali. Momento de perplexidade e desateno.
As respostas no surpreendem: uma parte identifica-o com os profetas; outra o reconhece como Messias e Filho de Deus, nas palavras de Pedro. Mas um problema de fundo subsiste: tanto a multido quanto os discpulos querem subjugar a Jesus impondo-lhe definies do que ele deve ser, ou sugerindo a maneira que dever ser a do Messias de Deus. Modelos que contrariam a vontade de Deus, enquanto demonstram inconsequncia sobre o que lhes foi ensinado. A comunidade no entendeu nada sobre a proposta de Jesus.
Ele, na verdade, est a servio das mais importantes e profundas causas humanas, que colocam em primeiro lugar a causa do pobre e seus direitos, como disse Karl Barth. A humanidade de Deus, encarnando-se entre os mais pobres da sociedade do seu tempo, escandaliza o aspirante de um representante de Deus que percorre os caminhos da misria humana. A religio de Jesus justia para com o pobre e oprimido (...pois, misericrdia quero!). Jesus tornou claro que a paz social resulta da observncia do direito do pobre, do oprimido e do excludo. Suas atitudes ticas apontam o homem e a mulher sem dignidade, desgraados e desgarrados da f e da esperana. Povo bblico, conceitualmente ou no, completamente mergulhado na desigualdade, nas omisses dos poderes polticos, no abandono das multides submersas na misria. Diferentemente do que a igreja inicial sugere, Jesus aponta o cuidado com o pobre, o anawin; o esmagado, oprimido, excludo, em toda parte neste mundo.
No meu caminho, quando me dirigia ao barbeiro que cuida dos meus ralos cabelos brancos, j assumidos nos meus 74 anos recentes, vi a catadora de lixo, alcolica, talvez uma "nia", morta, atrapalhando o trnsito, como dizia Chico Buarque (Morreu na contramo, atrapalhando o trfego). Mas, caminhar preciso, diz o poeta. Thiago de Mello, amigo de Pablo Neruda, escrevia no exlio: caminante al caminar se hace el camino. Paulinho da Viola, magistral, tambm canta: no sou eu quem me navega, quem me navega o mar. Sejam quais forem os caminhos e as rotas de navegao, o destino ser a justia.
As dificuldades, como obstculos, podem induzir insegurana, ao desalento e ao medo do fracasso, na denncia e insurgncia contra as potestades deste mundo em seu nojo contra a pobreza e o pobre. Podem tambm induzir-nos a acreditar no silncio de Deus, e numa divindade pag satisfeita com a adorao interesseira, na religiosidade aptica, omissa, dominante nos nossos dias. Deus, contudo, sabe das responsabilidades no assumidas por ns, principalmente na igreja plural, quanto vida daquela mulher morta na calada ao lado de sacos de lixo e restos da droga. Sem falar dos milhes de miserveis que so encontrados nas ruas mais sujas, entre as imundcies de nossas cidades.
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pastor emrito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como Pedagogia da Ganncia" (2013) e "O Drago que Habita em Ns (2010).
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