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20 de fevereiro de 2013
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Por uma igreja mundana 6q6m5k

Confesso que eu sonho com o dia em que a Igreja Evanglica Brasileira ser uma igreja mundana. No vejo o momento em que esse dia chegue. Evidentemente que no estou ansioso por ver uma Igreja secularizada e mundana no sentido de ser uma comunidade dessacralizada, imoral e apstata. No estou falando sobre a presena do mundo, como sistema de valores e de vida antagnicos ao projeto do Reino de Deus na Igreja. Mas falo de uma Igreja presente, atuante e transformadora do mundo e suas complexas realidades.
A tradio protestante tem trs maneiras bsicas de entender a misso e a presena da igreja na histria. A primeira delas, claro, a Luterana. Para as igrejas oriundas da Reforma de Martinho Lutero, os reinos da graa e da espada, isto , os domnios da Igreja e do Estado so radicalmente separados. Caminham juntos, lado a lado, mas esto separados como duas paralelas rumo ao infinito. Caminham para a mesma direo, esto debaixo do mesmo senhorio, o de Cristo, mas jamais se tocam. a to propalada e confundida separao entre Igreja e Estado. Neste contexto a Igreja no abre mo de sua misso proftica de denunciar a injustia e a iniquidade, mas, pouco faz para inserir-se no processo de transformao da realidade.
A outra tradio protestante a anabatista. Este grupo via no s a separao, mas, sobretudo o isolamento da Igreja em questes de poltica, economia, cultura e etc. Formaram verdadeiros guetos cristos completamente alheios aos dramas e s demandas do mundo. No s a alienao, mas tambm houve dentro dos anabatistas movimentos de resistncia e no cooperao ou conformismo com o status quo, e como projeto alternativo ao mundo, apresentavam a prpria comunidade de f como o arqutipo de justia e equidade.
A terceira tradio a Reformada ou Calvinista. Nesta concepo bblica da f crist, a Graa deve misturar-se Natureza para transform-la a partir de dentro. No uma Graa ao lado da Natureza para cooperar com ela, como no caso dos luteranos, nem uma Graa sobre a Natureza como os anabatistas, indiferentes aos rumos da vida, mas uma Graa interpenetrada Natureza para elev-la, purific-la, socorr-la, e dar novo dinamismo. Nesta concepo a Igreja no assume as funes prprias do Estado e nem se deixa dominar por ele, todavia, a comunidade de f no se v alheia das vicissitudes da vida social, poltica e econmica. Sua misso no se reduz transmisso da f e ao discurso religioso. Antes, luz das Escrituras, treina os seus filhos para assumirem sua responsabilidade social no mundo. No espera que o Estado faa todas as coisas pura e simplesmente. No espera que surja uma conscincia social naturalmente entre os homens de boa vontade constrangidos pela graa comum.
Neste contexto a Igreja pr-ativa. Incita seus filhos a se inserirem com o testemunho e o fermento do evangelho nas estruturas e fruns do mundo onde as coisas acontecem, a fim de exercerem com plenitude sua condio de embaixadores do Reino, mordomos da criao e despenseiros da graa. Ali, se misturam aos outros homens para ilumin-los pelo testemunho do Evangelho vivendo uma tica de solidariedade, uma moral de princpios e atitudes que visem a edificao e a construo de uma sociedade mais justa, mais humanizada e mais solidria.
Neste sentido uma igreja mundana uma igreja misturada no mundo onde esto os grandes interesses de Deus, pois l que se acham no s os perdidos que precisam ouvir a mensagem do Evangelho, mas tambm onde o inimigo atua com eficincia engendrando o veneno da corrupo poltica, o clientelismo, as polticas pblicas que atentam contra a sacralidade da vida e a santidade da famlia, a manuteno da pobreza endmica que s faz a manuteno perversa de currais eleitorais e a criao e a divulgao da arte e da cultura que disseminam a degradao humana e a desintegrao da verdade, do bom e do belo.
A vocao da Igreja celeste, escatolgica, a glria. Sua misso, porm, o mundo concreto dos homens e mulheres, em meio aos seus dramas e conquistas, exercendo o ministrio da reconciliao entre as luzes e as sombras, as dores e esperanas do sculo 21.
Leia mais
Cinco lies de Lausanne 3 (revista Ultimato)
A Igreja, o pas e o mundo (Robinson Cavalcanti)
A misso crist no mundo moderno (John Stott)
Luiz Fernando dos Santos(1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminrio Presbiteriano do Sul e no Seminrio Teolgico Servo de Cristo.
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