O futuro era melhor antigamente 1x3a56

Hoje o Dia do Livro. E, no sem alguma ironia, lembro-me do Tmulo ao Soldado Desconhecido. Ironia que nada tem a ver com a honra devida aos annimos que caram em guerras mundo afora, os quais no Brasil tm seu reconhecimento no Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.

O livro, qualquer livro, publica-se. No annimo nem muito menos desconhecido. Mas todos os dias so construdos novos tmulos em sua homenagem. Por isso, uso emprestado no ttulo desta pequena ode ao livro a frase do humorista blgaro Karl Valentin. Fao apenas um acrscimo: O futuro [do livro] era melhor antigamente.

Poupo o leitor das bobagens que se dizem do futuro do livro. Alis, tudo j foi dito; mas no por todo mundo. Devo tambm a Valentin esse achado e, por isso, arrisco-me em algumas ilaes. Espanta-me o ambiente escatolgico dos pregoeiros das novas tecnologias. Peo perdo aos mais delicados, mas no resisto: j se aram mais de trs dias da morte de Steve Jobs...

Aviso aos apressados: adoro a tecnologia. Da penicilina aos tablets, embora no tenha qualquer rio cuja definio aquilo que no fundamental que comece com a letra i. Mas, confesso, gostaria de t-los. Bem, isso pouco importa e volto ao que nos interessa hoje: o valor, a dignidade do livro. Um livro, qualquer livro, no tem data de validade e a tecnologia apenas um detalhe. O que de fato importa para o [futuro do] livro o poder econmico, o monoplio, a possibilidade de privatizao dos seus benefcios [pblicos]. No h almoo grtis.

Silncio. Queremos celebrar vida longa ao livro. Salomo no entendia de plataforma ou es e ainda assim cravou: No h limite para fazer livros (Ec 12.12). E por falar em e, nos ltimos trinta anos consulto um mesmo livro (impresso), de um conhecido pensador protestante, para novas anotaes ou citaes caseiras. Como editor, no fao as contas de quantas vezes perdemos arquivos de livros inteiros e seus es durveis.

Se voc l, bem-vindo ao futuro [do livro].