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Dona Aparecida, 22 anos depois da deciso “Eu vou frequentar esta igreja!” z563c

Foi num domingo de 1990, quando ela veio espontaneamente nossa 4 Igreja Presbiteriana. Recebera um impresso das mos da irm Izabel, que cultivava o ministrio de visitar hospitais e distribuir literatura. Ao ver o endereo no final do pequeno folheto, Dona Aparecida tomou a deciso consigo: Eu vou frequentar esta Igreja!

Obtendo licena para ar o final de semana com parentes, no mais retornou a clnica. Veio, sim, Igreja, com a firme convico de que seria curada e que, a partir da, reestruturaria sua vida.

As pessoas ficaram assustadas ao ouvir sua histria e logo recorreram a mim, sugerindo uma avaliao do seu estado de sade. De fato, os relatos eram preocupantes: oito anos de internao ininterrupta, motivada por grave iniciativa contra a prpria vida. Durante a longa hospitalizao, mais uma autoagresso violenta acontecera; tudo a indicar risco acentuado.
O estado psquico naquele momento, porm, era estvel. Combinamos, ento, que teramos um seguimento criterioso, com a ateno constante de todos, consultas peridicas e uso regular de medicao psiquitrica. Ela estava disposta, desde que no retornasse ao hospital.

Naquela poca eu estava muito envolvido na reformulao do modelo de assistncia em sade mental. Participava da Comisso Interinstitucional de Sade Mental, representando a Universidade. Pretendia-se promover mudanas no sistema at ento vigente, centrado no atendimento hospitalar. A nfase era que as pessoas podem permanecer integradas a comunidade, desde que tenham uma rede de e social, alm de acompanhamento e tratamento adequados.

Meu papel em tais iniciativas era tcnico e profissional; mas a motivao ntima baseava-se no Evangelho de Jesus Cristo, que aponta para a dignidade da pessoa humana, mesmo estando doente mental. Respeito e igualdade de oportunidades tambm so premissas crists que nos moviam. A crena de que as Igrejas constituem-se, alm de tudo que representam, em excelentes comunidades teraputicas motivou-me ainda mais na ateno a D. Aparecida.
Igualmente desafiadora foi a solicitao que ela nos trouxe logo depois. Como me, desejava recuperar a tutela dos trs filhos: a mais velha, ento com 12, Luciana com 11 e o caula com 9 anos. Desde sua internao, no curso da grave depresso emocional que lhe acometeu aps o ltimo parto, eles ficaram ao lu. aram por diversas instituies, pelas casas de diferentes parentes e conhecidos, por vezes juntos e outras no. Sua inteno era reuni-los num lar, sob seus cuidados.

O pai j falecera quatro anos antes. Na verdade, ele nunca pode oferecer a ateno que todos mereciam. Alm de estar sempre viajando, como caminhoneiro que era, excedia-se tambm na bebida, mostrando-se incapaz para as obrigaes requeridas.

Pelas mesmas razes, o prprio casamento j fora alvo de reservas. Ainda com seus 17 anos, D. Aparecida encantou-se com o jovem que era disputado no Bairro de So Mateus. A famlia no teve meios de dissuadi-la. Decidida a deixar os estudos, recebeu palavras de advertncia da jovem professora Maria Mathilde, que a acompanhava na Escola Estadual Fernando Lobo. Tudo em vo: o arroubo do corao foi mais forte.

As dificuldades no tardaram, pois o esposo nunca abriu mo da vida bomia. Sucedendo-se os trs filhos, todo o nus dos cuidados recaiu sobre a jovem me. Assim, estando sempre s diante dos embaraos do cotidiano, sem os recursos necessrios, no foi difcil que ela adoecesse. Da para frente, D. Aparecida ficou a merc da assistncia psiquitrica oferecida na rede pblica de sade: internaes prolongadas, sem respaldo de uma rede de ambulatrios organizada e eficiente. Em consequncia, a famlia dissolveu-se, com prejuzos sensveis para todos.

J se aram 22 anos desde aquela manh de domingo. D. Aparecida tornou-se um dos membros mais presentes e dedicados da nossa igreja. Ela participa com entusiasmo das reunies gerais, dos grupos de orao, da sociedade de mulheres... Sua simpatia e seu sorriso sereno contagiam a todos, fazendo-a bem conhecida e estimada. Mesmo agora que reside mais distante, seu lugar no templo est sempre ocupado.

A famlia recomps-se progressivamente, ando pelas dificuldades que seriam de se esperar. A herana do distrbio do humor foi acrescida dos traumas, pelas vicissitudes que a vida imps a cada um. Ao se reunirem, enfrentaram o estranhamento mtuo, os estigmas acumulados, as desconfianas dos circunstantes, as limitaes dos recursos. Tudo favoreceu a que os filhos assem por crises e descaminhos peculiares. As dificuldades, porm, tm sido vencidas com a dedicao e as oraes da me zelosa, contando sempre com o apoio dos irmos da igreja.

Hoje a filha mais velha uma senhora madura, esposa dedicada, me de dois filhos. O caula busca seu caminho, lutando consigo mesmo, debatendo-se com as ofertas tentadoras que o rodeiam e desafiando os embaraos para sua estabilidade.

Luciana deu ao filho o sugestivo nome de Isaque, aquele do personagem bblico destacado como filho da promessa; e est sempre ao lado da me. Os trs so presena constante nas reunies da nossa comunidade. Agora, para alegria de todos ns, tornou-se tambm membro da Igreja. Aps muitas idas e vindas, cumpriu o perodo de preparao e fez sua Profisso de F. Com seus 33 anos de idade, ela no evita a comparao: Estou me entregando a Jesus com a idade que Ele tinha quando se entregou na cruz por mim!

Somos testemunhas dos milagres que Deus vem operando. Nada foi obtido por mgica ou efeito espetacular. Ao contrrio, os anos tm sido de desafios e lutas, durante os quais muitas pessoas voluntariamente se envolveram. Em tudo temos a satisfao de perceber a mo de Deus agindo na vida desta famlia e, atravs dela, na vida de todos ns. Damos muitas graas ao Senhor, de quem provm todo o bem.

Leia mais sobre transtornos mentais na prxima edio da revista Ultimato.


Uriel Heckert, doutor em psiquiatria pela Universidade de So Paulo, professor aposentado da Universidade Federal de Juiz de Fora e um dos fundadores do Corpo de Psiclogos e Psiquiatras Cristos.
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