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16 de abril de 2021
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As 8 marcas do discipulado cristo, segundo John Stott 59q4a
Resenha
Por Gladston Cunha
Por Gladston Cunha
Livro: O Discpulo Radical
John Stott
Editora Ultimato, 2011

John R. W. Stott (1921-2011) algum que dispensa apresentaes no crculo cristo mundial, especialmente no contexto evanglico. Falecido em 27 de julho de 2011, Stott foi ministro anglicano, servindo na All Souls Church, em Langham Place, Londres, desde 1945, ano de sua ordenao, at 1975, quando se tornou reitor emrito dessa igreja. Foi um dos principais lderes do Movimento de Lausanne e fundador da Langham Partnership International (1974) e do London Institute for Contemporary Christianity (1982). O reconhecimento do impacto de sua obra e ministrio, o colocou entre as 100 pessoas mais influentes do mundo, em 2005, segundo a revista Times.
O prefcio do livro a explicao do prprio Stott para a escolha do ttulo de seu livro. Nele, os leitores so relembrados que os primeiros seguidores de Cristo eram chamados discpulos e que o termo em si mais significativo que o termo cristo, pois o primeiro traz consigo a ideia da existncia de um relacionamento entre aluno e professor (p. 10). Stott ento argumenta que o discipulado cristo possui um carter radical, que exige de cada discpulo um retorno s suas razes ou, em outras palavras, aos compromissos fundamentais com o Mestre. Logo, o objetivo de Stott conduzir os cristos a uma reflexo sobre a necessidade de submeter-se radicalmente autoridade de Cristo e para isso ele aborda oito caractersticas do discipulado cristo que considera frequentemente negligenciadas em nossos dias (p. 11).
Primeiramente, ele trata do inconformismo. Para Stott a igreja tem uma dupla responsabilidade em relao ao mundo ao seu redor (p. 13). Tal responsabilidade de servir e testemunhar de Cristo e ao mesmo tempo no contaminar-se com o mundo. Portanto, os discpulos de Jesus so chamados a desenvolver uma contracultura crist (p. 14). E, a partir desta contracultura, resistir s tendncias contemporneas que so os grandes desafios para a radicalidade do discipulado cristo: o pluralismo, o materialismo, o relativismo tico e o narcisismo (p. 14-20). Os discpulos so desafiados por Stott a no se dobrarem diante das rajadas da opinio pblica (p. 20).
No captulo seguinte, Stott fala sobre a necessidade de o discpulo de Cristo tornar-se semelhante ao seu Mestre, pois semelhana com Cristo a vontade de Deus para o povo de Deus (p. 23). Ento, ele desenvolve toda uma reflexo que evoca as bases bblicas para a sua afirmao (p. 24-26), aponta os principais exemplos de Cristo que os discpulos devem seguir (p. 26-29) e apresenta trs consequncias prticas acerca da semelhana com Cristo (p. 29-31). Stott explica que o enchimento com o Esprito Santo a forma pela qual Deus faz os cristos se tornarem como Cristo (p. 31).
A terceira caracterstica do discipulado cristo abordada por Stott a maturidade. Ele argumenta que o cristianismo contemporneo experimentou um crescimento sem profundidade e que a superficialidade do discipulado uma realidade universal (p. 33). Stott se prope a tratar da questo da maturidade a partir de trs questes bsicas: o que maturidade crist (p. 35-36), como os cristos se tornam maduros (p. 36-39) e para quem esse chamado maturidade direcionado (p. 36-41). Ele encerra esse captulo com uma breve splica, pedindo de Deus uma viso completa e clara de Jesus Cristo (p. 41).
O quarto captulo revela uma preocupao extremamente contempornea de Stott: o cuidado com o meio ambiente (v. 43). Ele argumenta que o homem foi criado para um relacionamento saudvel com a criao de Deus, mas que tal situao tornou-se problemtica com a queda. Por isso, ele insiste que o plano da redeno inclui a criao cada (p. 43,44). O captulo aponta o relacionamento de cooperao com Deus como o correto posicionamento dos discpulos diante da questo ecolgica, desviando-se dos extremos possveis (p. 45,46). A correta compreenso da crise ecolgica atual (p. 47-50) deveria fazer com que os discpulos de Jesus assumissem uma postura responsvel de conservao e utilizao consciente dos recursos naturais (p. 46,51).
O quinto captulo, particularmente, considero uma aplicao prtica do anterior, pois a simplicidade de vida implica no uso correto dos bens e do dinheiro, e consequentemente tem implicaes para o consumo. Stott usa neste captulo o compromisso evanglico com um estilo de vida simples (p. 56-70), resultado da Consulta Internacional sobre Estilo de Vida Simples, promovida por uma parceria entre a Comisso de Lausanne para a Evangelizao Mundial e a Aliana Evanglica Mundial (p. 57). O interesse de Stott que os discpulos reflitam sobre sua responsabilidade com os seus atos de consumo e suas implicaes sociais e mundiais.
O sexto captulo uma reflexo apropriada sobre quem os discpulos so luz das Escrituras. Para Stott, a compreenso correta de quem se implica numa viso equilibrada de si mesmo. Neste captulo somos guiados por Stott atravs de 1 Pedro 2.1-17 para lembrarmos que somos: bebs (p. 73-75), pedras (p. 75-77), sacerdotes (p. 77-79), povo de Deus (p. 79-80), estrangeiros (p. 81) e servos (p. 81-82). Diante dessa perspectiva, os leitores so chamados a refletir sobre o chamado de Deus: para o discipulado individual e para a comunho corporativa (p. 83), para a adorao e para o trabalho (p. 84), para a peregrinao e para a cidadania (p. 84).
No penltimo captulo, Stott aborda a caracterstica da dependncia. O tema abordado pelo autor a partir de experincias pessoais, pontuando aspectos da dependncia que devem ser aprendidos e observados pelos discpulos de Jesus. O objetivo desse captulo mostrar que a dependncia um sinal de maturidade crist (p. 91). A concluso do captulo o reconhecimento de que o discpulo no perde sua dignidade ao depender de outras pessoas e evoca o exemplo do Deus encarnado como modelo para a nossa atitude de vida (p. 94).
Finalmente, Stott fala sobre a morte. Ele reconhece que a vida por meio da morte um dos mais profundos paradoxos da f e da vida crist (p. 95). Por isso, ele convoca os discpulos radicais a terem uma viso correta acerca da morte como a entrada para a vida (p. 96). Stott lembra que a Bblia trata os cristos como ressurretos dentre os mortos (p. 96); logo, o paradoxo vida e morte produz implicaes revolucionrias em seis situaes da vida crist: na salvao (p. 97-98), no discipulado (p. 98-100), na misso (p. 100-104), na perseguio (p. 104-106), no martrio (p. 106-107) e na mortalidade (p. 107-111). Stott encerra esse captulo lembrando que os cristos so como aqueles que esto vivos de entre os mortos (p. 112).
Stott conclui seu trabalho reconhecendo que no foi exaustivo e que existem outras caractersticas que precisam de uma reflexo madura dos discpulos. Ele encerra, dizendo: O fundamental em todo o discipulado a deciso de no somente tratar Jesus com ttulos honrosos, mas seguir seu ensino e obedecer aos seus mandamentos (p. 113).

E, por fim, Stott foge da frmula usada por autores da rea de vida crist e discipulado, que apresentam este tema numa perspectiva intimista, meramente contemplativa e dissociada de prticas mais concretas. A obra convida ao retorno a uma piedade ativa e proativa. O discpulo radical chamado para o servio a Deus, s pessoas e ao mundo, numa vida de imitao de Cristo, de maneira madura e equilibrada.
Gladston Cunha ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil e pastoreia a Primeira Igreja Presbiteriana de Cachoeiro de Itapemirim (ES). Doutor em Ministrio (D.Min) pelo Reformed Theological Seminary (Jackson-EUA) e Centro de Ps-Graduao Andrew Jumper (SP). Mestre em Teologia (Th.M) com aplicao em Aconselhamento pelo Centro de Ps-Graduao Andrew Jumper (SP). Ps-Graduado em Docncia do Ensino Superior pela Faculdade de Tecnologia Cachoeiro de Itapemirim (ES) e Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP) e pelo Seminrio Presbiteriano Rev. Denoel Nicodemos Eller (BH-MG).
>> Conhea os livros de John Stott no catlogo da Editora Ultimato
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