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Opinio 3pp3w

Ainda h protestantes? m6312

Derval Dasilio

Necessitamos do protestantismo bem identificado. Nem todos evanglicos so "protestantes" no rigor do termo histrico (especialmente hoje, na oposio aberta da maioria evanglica), embora dediquem doses maiores de "dio religioso" ao catolicismo romano. Evanglicos, em muitos casos, abrigam tendncias bem variadas. Essas tendncias vm acompanhadas de doutrinas to dispersas quanto a forma de organizar a igreja local ( possvel tanto pragmatismo?).

Por tantas divergncias e tendncias, algumas das doutrinas bsicas da Reforma Protestante se diluram, quando no se fragmentaram irreparavelmente. Como um vaso quebrado em mil cacos, divergncias aprofundaram-se na luta pela supremacia doutrinal. Teses da Reforma (sola gratia, sola fide, sola scriptura) no am de lembranas hoje. Vende-se a graa despudoradamente; crena religiosa f. A hermenutica fundamentalista diz que a escritura formal (Bblia impressa) mais importante que Jesus. Protestantes no protestam mais; corrompe-se o princpio.

O corporativismo evanglico funciona como mordaa, nem de longe lembra a unidade na Reforma (sculo 16). Mas, se todo mundo evanglico, ningum evanglico (Longuini Neto). Enquanto isso, evanglicos requentam heresias: pelagianismo (salvao com obras, santidade com propsito, bajulao de Deus para alcanar graa); gnosticismo (devemos pensar que o mundo real totalmente transcendente este mundo); e o docetismo (o corpo est perdido, a aparncia do mal pior do que o prprio mal).

Nenhum reformador fundou sua denominao. Na igreja do Ocidente, catholikos total, abrangente, universal. Grupos confessionais se acreditavam reformando a Igreja Romana e no a Ortodoxa, jamais separados da mesma. Essa era a igreja que lhes restara do cisma de 1054. O princpio igreja reformada sempre se reformando vigia desde sculos. No foi inventado por Lutero ou Calvino. Reformava-se a Igreja dentro da igreja institucional. Nenhum deles falou da criao de outras igrejas (contradizendo o equvoco, os reformadores no se afastam da igreja apostlica, igreja dos pais, igreja de Deus). Pouco mais de um sculo depois, a Reforma era trada pelo denominacionalismo e se declarou separada da igreja histrica. Sem pudor algum, reformava-se a Reforma, dividindo a igreja mais uma vez. Rejeitando os pais apostlicos, rejeita-se tambm os termos do primeiro Credo cristo (200 d.C.)?

Algumas das ideias mestras da Reforma no so mais observadas, como o sacerdcio geral de todos os crentes. Negado como tal, apresenta a rejeio da unidade de todos os discpulos, reclamada por Jesus (Jo 17): "Pai, oro para que sejam um, assim como eu e tu somos um". possvel reunir evanglicos conservadores, progressistas, culturalistas, pentecostalistas e ecumnicos sob o mesmo teto? Lutero, Melanchton, Zwinglio, Calvino, Bucer, John Knox, Bullinger e outros dirigiam a Reforma na Europa Continental e na Bretanha no sentido de uma popularizao da f original da igreja apostlica. Eram unnimes: a "ecumene" intocvel.

Resta dizer que a comunidade protestante se compreendia dentro da Igreja (catholikos), universal, no protestantismo emergente e desassociava-se do catolicismo no sculo seguinte. Mas a democracia do las (povo) de Deus, ao que parece, ainda est por vir. Se existe, em muitas comunidades reformadas, est em retrocesso. O povo s diz amm. Quando o Novo Testamento (1Pe 2.9-10; Ap 5.9-10; 20.6) refere-se substituio da elite sacerdotal, para a diaconia integral (eclesistica e social) e a intercesso, autoriza-se todo cristo e toda crist a colocarem-se como sacerdotes e sacerdotisas do reino de Deus dentro da igreja em favor do mundo. Prerrogativas daqueles que representam ministerialmente a vontade de Deus na terra. Homens e mulheres cristos so o povo sacerdotal do reinado de Deus. Com a Bblia, Lutero afirma que todo o povo da igreja sacerdotal. Calvino diz o que interpretado teologicamente (Ef 4.9-16): toda a Igreja ministerial. E Karl Barth: mas ...a igreja humana e pecadora. Como ficamos, no atual protestantismo?


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pastor emrito da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor de livros como Pedagogia da Ganncia" (2013) e "O Drago que Habita em Ns (2010).
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