A importncia dos colportores na evangelizao do Brasil 2d4x1y

Por Rute Salviano Almeida

No livro Histria da Evangelizao no Brasil, Elben Csar discorre sobre a evangelizao desde os primrdios, com os missionrios catlicos, at chegada das denominaes evanglicas tradicionais. um rico e completo panorama.

Muitas vezes, o relato da histria se inicia com os missionrios pregadores e plantadores de igrejas e so esquecidos seus importantes precursores: os colportores, que foram responsveis pela distribuio de livros e Bblias para o povo.

O trabalho maravilhoso desses valorosos homens de Deus lembra um trecho da poesia de Castro Alves, O Livro e a Amrica:

Oh bendito o que semeia, livros, livros a mo cheia
E manda o povo pensar!
O livro, caindo nalma
germe que faz a palma,
chuva que faz o mar!
Castro Alves (1870)

Se um livro pode causar uma revoluo, h de se considerar o impacto da distribuio da Bblia Sagrada. E, o pastor Elben no olvidou os colportores, destacando que:

O missionrio metodista americano Daniel Parish Kidder (1815-1891) foi o primeiro correspondente da Sociedade Bblica Americana a se fixar no Brasil. Com a idade de 22 anos, j casado, ele percorreu o pas de norte a sul. Kidder era destemido e criativo. Em uma de suas viagens a So Paulo, props Assembleia Legislativa o uso da Bblia nas escolas primrias de toda a provncia e se comprometeu a doar doze exemplares para cada escola, caso a proposta fosse aprovada. Ele fazia de tudo para tornar a Bblia conhecida [1].

Kidder viajou extensivamente pelo Brasil e os relatos de suas viagens constam do seu livro Reminiscncias de viagens e permanncias no Brasil. Como representante da Sociedade Bblica Americana distribuiu largamente as Escrituras: em navios, escolas, vilarejos, enfim, em lugares que somente exploradores audazes teriam ido. Ele pregava em navios de guerra norte-americanos, estabelecia depsitos de Bblias nas cidades costeiras e se preparava para realizar culto em portugus no Rio de Janeiro [2].

Vale a pena destacar tambm sua esposa, Cynthia Kidder, que enfrentou a solido por muitas vezes enquanto seu esposo viajava. Sobre ela foi escrito:

Ah! Cynthia, esposa e companheira de missionrio, mezinha que ficavas s nesta terra estranha enquanto o teu marido viajava longe, meses a frio, distribuindo a Palavra de Deus e anunciando as boas novas! Quantos receios e quantas saudades no ters sentido! Contudo, fervorosamente crist, como teu marido descreveu-te, no hesitaste em aceitar o peso da solido, do medo e da incompreenso de tua misso! [3]

Quando o missionrio voltava de uma longa viagem, feliz pela sementeira lanada, ansioso pela oportunidade de pregar em portugus e pelo reencontro com esposa e filhinhos, encontrou sua mulher ando mal e piorando dia a dia com a cruel molstia, como ele a chamou.

Cynthia Kidder faleceu de febre amarela, em 16 de abril de 1840, com apenas vinte e dois anos de idade. Ela deixou dois filhos pequenos e foi considerada a primeira mrtir do metodismo brasileiro e a primeira missionria na Amrica do Sul a falecer em seu campo de trabalho.

A repercusso de sua morte foi grande e resultou no despertamento de muitas vocaes. Vale a pena destacar esse fato, pois: "As esposas, muitas das quais fizeram sacrifcios de propores hericas, foram to importantes para a difuso do evangelho quanto seus maridos." [4]

Notas
[1] CSAR, Elben M. Lenz. Histria da evangelizao do Brasil. Dos jesutas aos neopentecostais. Ultimato: Viosa, 2018, p. 69.
[2] ALMEIDA, Rute Salviano. Vozes femininas no incio do protestantismo brasileiro. So Paulo: Hagnos, 2014, p. 335.
[3] LONG, Eula Kennedy. Do meu velho ba metodista, 1968, p. 35.
[4] McIntire Robert L. Portrait of half a century, 7/54-55, citado por MATOS, Alderi de Souza. Para memria sua: a participao da mulher nos primrdios do presbiterianismo no Brasil, p. 103.

>>> Conhea a srie Ultimato 50 Anos <<<

Leia mais
De olho (e ouvido em p) em Jesus
O fazer que vem do nosso (in) consciente
Para quem quer aprender a orar como gente